O pior trecho de rodovia federal do país fica em Santa Catarina, segundo aponta ranking recém-lançado pela Confederação Nacional do Transporte (CNT). Tratam-se dos 53 quilômetros da BR-163 que ligam São Miguel do Oeste a Dionísio Cerqueira, municípios no Extremo-Oeste do Estado.

Continua depois da publicidade

Receba as principais notícias de Santa Catarina pelo WhatsApp

No estudo anterior da CNT, referente ao ano de 2021, o mesmo trajeto havia sido considerado o pior trecho pavimentado do país, levando também em conta as rodovias sob jurisdição estadual. Foi o último de 505 trechos comparados.

Desta vez, o pedaço catarinense da BR-163 foi o 494º colocado de 510 trechos, à frente apenas dos que integram rodovias estaduais espalhadas pelo país — o pior de todos é um da AM-010, no Amazonas.

A BR-163 em SC

O trecho catarinense da BR-163 é fundamental para o agronegócio na região, por servir ao transporte de cargas e insumos. Ele serve também para escoar produtos entre Santa Catarina e países vizinhos, já que se estende em paralelo à fronteira com a Argentina e dá acesso à aduana em Dionísio Cerqueira.

Continua depois da publicidade

O estado geral dele foi considerado péssimo pela CNT, que percorreu 110.333 quilômetros de rodovias no país para elaborar o estudo — só em Santa Catarina, foram 3.510.

A avaliação geral feita pela entidade leva em conta a média das notas atribuídas a três conjuntos de características de cada rodovia: pavimentação, sinalização e geometria da via.

No primeiro e neste último grupo, a BR-163 no Estado foi considerada péssima; no outro, tem condição ruim. A CNT ainda tem em sua escala de avaliação os estados regular, bom e ótimo.

SC registra mais de 200 acidentes por buracos nas rodovias federais em menos de cinco anos

O trecho catarinense da BR-163 tem gestão federal e manutenção sob responsabilidade do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT), autarquia ligada ao Ministério da Infraestrutura.

Continua depois da publicidade

Ao Diário Catarinense, ao ser questionado se corrobora a avaliação da CNT e o que tem feito em termos de investimentos no trecho catarinense da BR-163, o DNIT afirmou monitorar mensalmente as condições da malha rodoviária sob sua jurisdição e trabalhar a partir do orçamento disponível, que ponderou considerar restrito, para garantir o melhor nível de serviço.

“Prova disso é que no último ano, 99,97% do orçamento foi efetivamente empenhado, o que demonstra de forma cabal o compromisso com a boa gestão e com o bom uso dos recursos públicos”, escreveu (leia mais abaixo a íntegra do que diz o DNIT).

O trecho passa hoje por obras, mas viabilizadas por verbas do Estado. Do fim de 2021 até aqui, já foram aplicados R$ 70,7 milhões nele. O valor é pago diretamente às empreiteiras que atuam no local conforme são entregues os serviços, mas a gestão das obras fica a cargo do DNIT.

Ao menos até o fim de outubro, já havia sido entregue na altura de São José do Cedro um trecho recuperado e com pavimento em concreto rígido. A pesquisa da CNT circulou pela pista em julho.

Continua depois da publicidade

A Secretaria de Estado da Infraestrutura e Mobilidade de Santa Catarina (SIE-SC) acrescentou, também à reportagem, que os recursos catarinenses têm viabilizado também outras obras federais.

“Outros trechos federais citados [na pesquisa da CNT] como regulares ou até mesmo ruins estão recebendo aporte, como a BR-470, no Vale, BR-280, no Norte, e BR-285, no Extremo Sul”, afirmou.

A pior estadual e os melhores trechos

Já o melhor trecho de rodovia federal em Santa Catarina é o da BR-101, que vai de Garuva, no Norte do Estado, a Passo de Torres, no Sul, se estendendo por 473 quilômetros.

Continua depois da publicidade

Ele é todo concessionado, dividido entre as operadoras CCR Via Costeira e a Arteris Litoral Sul. No ranking geral do país, ele ficou na 22ª posição, tendo estado geral considerado bom.

Entre as rodovias estaduais, o pior trecho de Santa Catarina envolve os 131 quilômetros da SC-350 que ligam Água Doce a Santa Cecília, no Meio-Oeste. Ele tem estado geral ruim e foi o 467º colocado no Brasil.

Já o melhor está na SC-157, com 95 quilômetros e indo de São Lourenço do Oeste a Chapecó, no Oeste. O estado geral dele, no entanto, foi considerado apenas regular. Ficou na 253ª posição.

A SIE-SC afirmou, ainda em nota ao Diário Catarinense, que os trechos estaduais avaliados em condições ruins ou apenas regulares pela CNT passam hoje por obras.

Continua depois da publicidade

“A SC-163, no Extremo Oeste, por exemplo, depois de décadas de abandono, está passando por recomposição funcional – o que provavelmente contribuiu para que neste momento seja considerada regular. A SC-283, no Oeste, está em obras em alguns trechos e outros estão com licitação encaminhadas. No Meio Oeste, a SC-350 passa por obras de recomposição funcional”, comunicou.

Como é feito o ranking

Para construir o ranking, a CNT dividiu o volume de vias visitadas em trechos, levando em conta a rodovia em que cada um está, o tipo de gestão ao qual está submetido — se é pública ou por concessionária —, além de sua jurisdição e o Estado em que está inserido.

Assim, um trecho da BR-163 em Santa Catarina pode ser comparado, por exemplo, com outro da mesma rodovia federal em um Estado vizinho ou sob tipo de gestão diferente. Cada um deles também precisa, a critério da pesquisa, ter pelo menos 50 quilômetros cada.

Leia a íntegra do que diz o DNIT

“O DNIT monitora mensalmente a malha rodoviária sob sua jurisdição e trabalha para garantir o melhor nível de serviço, a partir do orçamento disponível. E mesmo diante de um quadro de severa restrição orçamentária, o Departamento tem atuado para dar continuidade às ações previstas no Plano Nacional de Logística.

Continua depois da publicidade

A partir de um planejamento integrado e da valorização da gestão técnica foi possível assegurar a manutenção da malha rodoviária e entregar obras aguardadas há décadas.

Prova disso é que no último ano, 99,97% do orçamento foi efetivamente empenhado, o que demonstra de forma cabal o compromisso com a boa gestão e com o bom uso dos recursos públicos.

Atingimos o patamar de 96% da malha rodoviária federal coberta por contratos de manutenção e concluímos 4 mil quilômetros de revitalização, pavimentação e duplicação de rodovias no país.

O DNIT possui sua metodologia de avaliação das condições da manutenção do pavimento e da conservação das rodovias federais em todo o país. O Índice de Condição da Manutenção (ICM) tem o objetivo de manter uma radiografia atualizada das condições da malha federal sob jurisdição do DNIT. O monitoramento do ICM busca ainda utilizar as informações apuradas na tomada de decisões sobre investimentos.

Continua depois da publicidade

Todas as informações sobre o ICM, você encontra em gov.br/dnit.”

Leia a íntegra do que diz a SIE-SC

A Secretaria de Estado da Infraestrutura e Mobilidade de Santa Catarina destaca que o estudo realizado pela CNT comprova a assertividade das ações do Governo do Estado em relação à infraestrutura viária. A pesquisa analisou prioritariamente rodovias federais, que muito embora sejam de responsabilidade da União, estão recebendo aportes catarinenses.

A considerada pior rodovia do país, a BR-163, no Extremo Oeste, está com obras em ritmo, graças a recursos do Estado. Até o momento já foram repassados R$ 70 milhões para o andamento dos trabalhos no referido trecho. Outros trechos federais citadas como regulares ou até mesmo ruins estão recebendo aporte, como a BR-470, no Vale, BR-280, no Norte, e BR-285, no Extremo Sul.

Com relação às rodovias estaduais, nem todas foram analisadas pela pesquisa e por isso o estudo não pode ser considerado um diagnóstico da malha catarinense. Coincidentemente, as vias apontadas como regulares ou ruins estão em obras ou com edital de licitação lançado para tanto.

A SC-163, no Extremo Oeste, por exemplo, depois de décadas de abandono, está passando por recomposição funcional – o que provavelmente contribuiu para que neste momento seja considerada regular. A SC-283, no Oeste, está em obras em alguns trechos e outros estão com licitação encaminhadas. No Meio Oeste, a SC-350 passa por obras de recomposição funcional.

Continua depois da publicidade

Finalmente, a SIE reforça que a atual gestão investiu R$ 500 milhões em manutenção e conserva rodoviária desde 2019. A Secretaria reforça o compromisso com a mobilidade e segurança viária de Santa Catarina.

Leia mais

SC tem 68,2% das rodovias pavimentadas com algum tipo de problema, aponta pesquisa

SC tem ao menos 10 rodovias com situações críticas no Oeste, diz estudo da Fiesc

Bloqueios foram financiados por pelo menos 12 empresários e agentes públicos, diz MPSC