A emissão bruta de gases de efeito estufa (GEE) por Santa Catarina atingiu, em 2022, o menor patamar em 10 anos. O Estado emitiu cerca de 47,2 milhões de toneladas de dióxido de carbono equivalente (MtCO2e), um ano depois de bater o segundo pior volume da década (50 MtCO2e). O índice foi puxado pela queda das emissões por mudanças do uso da terra, ou seja, pela menor devastação de biomas.

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O panorama é estimado pelo Sistema de Estimativas de Emissões e Remoções de Gases de Efeito Estufa (Seeg), do Observatório do Clima, que recém-divulgou uma nova pesquisa de dados sobre emissões.

Em comparação com outros estados, Santa Catarina foi o 16º com mais emissões, sendo responsável por 2,04% do volume emitido pelo Brasil. A média de emissões brutas por pessoa foi a mesma estimada para todo o planeta, de 6,2 toneladas per capita, abaixo de outros 14 estados brasileiros.

O Seeg também estima as remoções de gases de efeito estufa, o que ocorre com a manutenção de florestas secundárias e áreas de proteção ambiental de pé. Santa Catarina capturou cerca de 4,2 MtCO2e no ano passado, apenas o 19º melhor estado neste quesito. Quando subtraídas as remoções das emissões brutas, chega-se ao cálculo de emissão líquida: de 43 MtCO2e (na 15º posição do país).

A estimativa que o Seeg utiliza como métrica é o CO2e, que estabelece uma equivalência entre todos os gases de efeito estufa e o dióxido de carbono (CO2), baseado no potencial de aquecimento global de cada um. O superaquecimento do planeta estimulado por esses gases é a causa das mudanças climáticas, afirmam os especialistas.

Combustíveis fósseis e gado concentram emissões em SC

As emissões de GEE em Santa Catarina no ano passado estiveram concentradas entre os setores de energia (19,1 MtCO2e) e agropecuária (16MtCO2e).

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No primeiro caso, pesam as emissões dos transportes (11,5 MtCO2e), dependentes de veículos movidos a combustíveis fósseis, como gasolina e diesel, e da geração de eletricidade (3,3 MtCO2e), o que é puxado pela produção de energia elétrica a partir da queima de carvão mineral — a previsão atual é de que ele seja desativado até 2040.

Já no caso do setor agropecuário, a maior parte das emissões vem da fermentação entérica (7,9 MtCO2e), um processo digestivo natural de animais ruminantes, como gado e ovelhas, que libera na atmosfera o metano, um dos gases de efeito estufa, a partir do arroto e da flatulência dos rebanhos.

As emissões totais de Santa Catarina ainda envolvem outros três setores: mudanças de uso da terra e floresta (8 MtCO2e), o que ocorre por meio de desmatamento; resíduos (3,3 MtCO2e), pela má gestão de lixo e falta de tratamento de esgoto; e processos industriais (0,7 MtCO2e), com produtos minerais.

Brasil tem queda, mas pode melhorar se conter desmatamento

As emissões totais brutas de GEE do Brasil também caíram em 2022 em relação ao ano anterior, indo de 2,5 bilhões de toneladas de dióxido de carbono equivalente (GtCO2e) para 2,3 GtCO2e. O Observatório do Clima, à frente do Seeg, atribui isso, sobretudo, à queda do desmatamento na Amazônia, uma vez que quase metade das emissões brasileiras (1,1 GtCO2e) vem de mudanças do uso da terra.

“Mesmo com a redução, a emissão no ano passado foi a terceira maior desde 2005, ficando abaixo apenas de 2019 e 2021”, escreve a organização em relatório.

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Os estados brasileiros que puxaram as emissões foram Mato Grosso e Pará, em que se somam a devastação da floresta amazônica e o avanço da atividade pecuária. No primeiro deles, onde as emissões brutas foram mais de oito vezes maiores que as de Santa Catarina (401,9 MtCO2e), o volume por habitante foi de 106 toneladas de CO2e, ou seja, mais de 17 vezes do que a média mundial.

O Observatório do Clima calcula que, se cumprida a promessa governo brasileiro de zerar o desmatamento em todos os biomas brasileiros, o país atingiria com folga, em 2030, a meta de redução de gases de efeito estufa assumida junto ao Acordo de Paris, de 2015, a partir da Contribuição Nacionalmente Determinada (NDC, na sigla em inglês).

“[…] as emissões para aquele ano seriam de 685 MtCO2 e, quase metade do previsto na NDC (1,2 GtCO2
e). Isso mostra que há espaço para aumento da ambição climática do país nos sete anos críticos para o atingimento do objetivo de estabilizar o aquecimento global em 1,5ºC”, aponta a instituição.

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