Santa Catarina teve o maior número de moradias danificadas ou destruídas em desastres naturais no país nos últimos 10 anos. A informação é de um levantamento divulgado na semana passada pela Confederação Nacional dos Municípios (CNM). A entidade analisou dados de calamidades ocorridas entre 2013 e 2022.

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Nesse período, SC teve 485 mil unidades habitacionais destruídas ou danificadas por situações como tempestades, inundações, enxurradas ou alagamentos. Em todo o país, esse número foi de 2,2 milhões de moradias afetadas. Na prática, é como se uma a cada cinco residências atingidas por desastres ficasse em SC.

Do número de total de residências atingidas no país, 107,4 mil foram totalmente destruídas.
O levantamento mostra também que SC teve o sexto maior número de pessoas desabrigadas ou desalojadas por desastres naturais nos últimos 10 anos. No total, o Estado teve 347 mil pessoas forçadas a deixar suas casas temporariamente ou definitivamente em razão de chuvas, alagamentos ou deslizamentos. O dado catarinense ficou atrás apenas de Amazonas (725,6 mil), Bahia (456,2 mil), Minas Gerais (394 mil), Rio Grande do Sul (391,7 mil) e Pará (358,9 mil).

O estudo da CNM apontou que em todo o país, mais de 4,2 milhões de pessoas ficaram desabrigadas ou desalojadas em episódios de desastres naturais entre 2013 e 2022. Essa população era residente de 2,6 mil municípios brasileiros, 47% do total de cidades do país.

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Outro dado apontado pelo levantamento é de que 93% dos municípios do país foram atingidos por algum desastre natural que levou ao registro de emergência ou estado de calamidade pública nos últimos 10 anos.

— O prejuízo em todo o país de danos em habitação, nesse período de 10 anos, ultrapassa R$ 26 bilhões. E os municípios estão praticamente sozinhos, na ponta, para socorrer a população. Não há apoio para prevenção nem investimentos — argumentou o presidente da CNM, Paulo Ziulkoski, em material da entidade para divulgação do estudo.

Segundo a CNM, a diferença no valor dos prejuízos pode ser explicada por um conjunto de fatores: custos relacionados à reconstrução, preços de terreno e do imóvel. No caso do Nordeste, que teve as maiores perdas financeiras, uma explicação é que os desastres provocados por chuvas atingiram principalmente municípios litorâneos turísticos.

Investimento habitacional

O estudo da CNM também defende que os impactos sociais e econômicos poderiam ter sido menores se tivessem sido criadas políticas de gestão urbana, habitação e prevenção do risco de desastres. O órgão diz que o investimento federal nesses últimos dez anos foi muito baixo na área de proteção e defesa civil. E que houve queda brusca de novos contratos habitacionais por meio de programas como o Minha Casa, Minha Vida.

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Contratos de moradias em municípios que estão no cadastro nacional de risco tiveram queda desde 2015 e foram praticamente zerados a partir de 2019. Nesse ano, houve apenas um registro. Para efeitos de comparação, foram 884 em 2010.

Os registros de desastres e danos, segundo a CNM, são enviados pelos municípios desde 2012 por meio do Sistema Integrado de Informações sobre Desastres (S2ID). A plataforma permite que sejam solicitados recursos do governo federal.

Unidades habitacionais danificadas e destruídas de 2013 a 2022

  • SC: 485.748
  • RS: 430.737
  • MG: 212.420
  • AM: 159.218
  • PR: 146.616
  • RJ: 135.280
  • PA: 120.213
  • SP: 98.997
  • PE: 95.636
  • BA: 80.157
  • AC: 68.709
  • AL: 60.094
  • ES: 52.096
  • PI: 47.551
  • MA: 29.534
  • AP: 16.635
  • MS: 11.569
  • CE: 9.395
  • PB: 7.620
  • RN: 5.971
  • GO: 5.732
  • RO: 5.173
  • MT: 4.579
  • SE: 1.747
  • DF: 1.385
  • TO: 284
  • RR: 220
  • Total: 2.293.316

* Com informações de Agência Brasil

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