Santa Catarina terá nas eleições de 2022 uma maior concentração de empresários entre as candidaturas. A ocupação já era a mais comum entre os candidatos em pleitos anteriores, mas cresceu ainda mais em números na corrida eleitoral deste ano.
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Serão 179 empresários na disputa no Estado, o equivalente a 18,5% dos postulantes a um cargo eletivo — uma maior parte deles, de 108 concorrentes, tentará uma vaga na Assembleia Legislativa de Santa Catarina (Alesc). Em 2018, o empresariado catarinense tinha 97 representantes no páreo (12,3% das candidaturas).
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Os motivos para o boom
A participação de empresários nas eleições é um fenômeno que tem se intensificado ao menos desde 2016, segundo o cientista político Eduardo Guerini. Naquele ano, ocorreu o primeiro pleito já com a proibição do financiamento de campanhas por empresas.
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O pesquisador diz que, até então, o empresariado preferia apoiar seus interesses em políticos tradicionais de maior visibilidade e representatividade junto à opinião pública. A partir dali, no entanto, empresários passaram a se lançar em nome de suas próprias pautas e impulsionados pelo o que Guerini chama de onda da nova política.
O caldo que colocou empresários diretamente na disputa por cargos eletivos também teve outros ingredientes, ainda segundo o cientista político: os escândalos de corrupção com caixa 2 em campanhas de políticos tradicionais; a maior capacidade de mobilização que as redes sociais deram ao empresariado; e a relação essencial entre poder econômico e político, que privilegia quem consegue bancar uma campanha.
— Há um marco político-ideológico que faz com que esses empresários passem a atuar diretamente em parlamentos e governos. São empresários que têm interesses nas suas pautas, de uma agenda de reformas liberais e de não intervenção do Estado — afirma Guerini, que é também professor da Univali.
Aumento geral
Outras ocupações também terão maior quantidade de concorrentes nestas eleições. No entanto, parte delas não cresceu em termos proporcionais, como é o caso dos empresários, mas apenas em números absolutos, o que pode ser reflexo do aumento geral do volume de candidaturas deste ano, com 966 participantes, um recorde.
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Profissionais da educação, por exemplo, como professores e pedagogos, estarão em 70 concorrentes. Em 2018, esse número absoluto era menor, de 63 pessoas. Contudo, na disputa anterior, esse grupo representava 8% de um total de 788 candidaturas, enquanto corresponde agora a 7,2% do candidatos.
Alta de policiais
Advogados e policiais tiveram crescimento na lista de Santa Catarina em 2022 nos dois critérios, com 93 (9,6% do total) e 18 candidaturas (1,9%), respectivamente — há quatro anos, essas ocupações tiveram 71 (9%) e 13 nomes cada (1,6%).
No caso dos policiais, Guerini diz que são candidaturas que ganharam força a partir de 2018, ano em que foi eleito o presidente Jair Bolsonaro (PL).
Ele afirma que a ascensão desse grupo foi puxada pelo apelo da segurança pública no país associado a uma agenda conservadora de costumes, que também envolve um saudosismo da ditadura militar e a defesa de políticas armamentistas, por exemplo.
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Segundo o pesquisador, também pesou a onda da nova política, que dissociava os militares de escândalos de corrupção. Guerini afirma que, uma vez eleitos, policiais também passaram a atuar por interesses próprios, assim como o empresariado, e não necessariamente em acordo com a expectativa dos eleitores.
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