Os índices da educação em Santa Catarina melhoraram no último ano e o Estado mantém a segunda menor taxa de analfabetismo do país. Os dados constam na nova edição da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua) do IBGE, com foco em educação, divulgada nesta quarta-feira (15).

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Conforme a pesquisa, a taxa de analfabetismo de pessoas com 15 anos de idade ou mais em SC é de 2,3%. O resultado só é pior que o do Rio de Janeiro, onde a taxa está em 2,1%. Em nível nacional, a taxa brasileira é de 6,6%, embora venha caindo nos últimos anos. Os números tem como base as estatísticas de 2019.

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O IBGE faz o levantamento anualmente desde 2016, e a cada nova edição o resultado de Santa Catarina em relação ao analfabetismo melhora. Estava em 2,8% da população em 2016, e caiu para 2,6% em 2017 e 2,5% em 2018. A pior taxa do Brasil é a de Alagoas, com 17,1%.

No Brasil o IBGE mostra que o analfabetismo é maior entre os homens do que entre as melhores, mas em SC os números se invertem. A taxa para as mulheres é de 2,5%, contra 2,2% dos homens. Entre as pessoas analfabetas em Santa Catarina, 62,5% tem mais de 60 anos de idade, e a população preta ou parda tem índice de analfabetismo 2,5 vezes maior que o das pessoas brancas.

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O número cada vez menor de pessoas analfabetas em SC tem relação com outro dado trazido pela pesquisa: o número de pessoas na escola. No ensino infantil, o Estado possui a maior taxa de escolarização do Brasil entre crianças de 0 a 3 anos (51,8%) e a sexta maior na faixa etária dos 4 aos 5 anos (95,5%).

No ensino fundamental as taxas de SC também estão entre as melhores do Brasil: 99,7% das crianças entre 6 e 14 anos estão na escola e 93,7% dos adolescentes entre 15 e 17.

Conforme o IBGE, o Estado tem também o menor percentual do Brasil de pessoas entre 15 e 29 anos desocupadas e que não frequentam a escola: 12,4%. Isso quer dizer que do 1,52 milhão de catarinenses entre essa faixa de idade, 194 mil não trabalhavam ou estudavam no ano passado. O percentual é quase a metade do registrado em nível nacional.

– A pesquisa mostra que Santa Catarina vem melhorando os índices em todas as faixas etárias, resultado do trabalho que vem sendo feito no âmbito da Educação estadual. A boa educação é a base para que tenhamos um Estado competitivo, com cada vez melhor qualidade de vida, onde todos se sintam bem e que atraia investimentos. É com base nesse trabalho que seguimos firmes no propósito de promover uma educação pública de qualidade – comentou o secretário de Estado da Educação, Natalino Uggioni.

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Diferença racial e de gênero

Ao calcular a chamada “taxa ajustada de frequência”, o IBGE ressaltou uma diferença na escolarização de homens e mulheres e brancos e pretos em Santa Catarina. O cálculo mostra se as pessoas estão cursando o nível de ensino adequado para a sua idade. Entre as crianças de 11 e 14 anos, por exemplo, a taxa de SC é a segunda melhor do Brasil (perdendo apenas para MG). Isso quer dizer que 95,5% dos estudantes nessa faixa etária estavam cursando as séries adequadas para a idade e não estavam atrasados nos estudos.

As taxas de SC seguem números elevados para todas as idades, mas possuem grandes diferenças racias e de gênero. Para os jovens de 18 a 24 anos, a taxa ajustada de frequência da população branca é mais que o dobro da preta ou parda. Ou seja: quase 40% dos brancos nessa faixa etária estavam cursando o nível adequado – ensino superior -, contra 17,7% dos pretos ou pardos. Na mesma faixa etária, o número de mulheres na etapa adequada do ensino é bem maior que o dos homens: 40,2% contra 27,7%.

Mais da metade dos brasileiros acima dos 25 anos não tem o ensino médio completo

Em nível nacional, a pesquisa do IBGE mostra um abismo na educação. Apesar da proporção de pessoas de 25 anos ou mais com ensino médio completo ter crescido no país, passando de 45,0% em 2016 para 47,4% em 2018 e 48,8% em 2019, mais da metade (51,2% ou 69,5 milhões) dos adultos não concluíram essa etapa educacional.

No Nordeste, três em cada cinco adultos (60,1%) não completaram o ensino médio. Entre as pessoas de cor branca, 57,0% tinham concluído esse nível no país, enquanto essa proporção foi de 41,8% entre pretos ou pardos.

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O IBGE trouxe também, pela primeira vez, números sobre o abandono escolar no Brasil. Conforme a pesquisa, Das 50 milhões de pessoas de 14 a 29 anos do país, 20,2% (ou 10,1 milhões) não completaram alguma das etapas da educação básica. Os resultados mostraram ainda que a passagem do ensino fundamental para o médio acentua o abandono escolar, uma vez que aos 15 anos o percentual de jovens quase dobra em relação à faixa etária anterior, passando de 8,1%, aos 14 anos, para 14,1%, aos 15 anos.

Entre os principais motivos para a evasão escolar, os mais apontados foram a necessidade de trabalhar (39,1%) e a falta de interesse (29,2%). Entre as mulheres, destaca-se ainda gravidez (23,8%) e afazeres domésticos (11,5%).