Santa Catarina tem novamente motivos para comemorar com a divulgação do Atlas da Violência 2016 na manhã desta terça-feira, no Rio de Janeiro. A publicação a partir do sistema de informação sobre mortalidade do Ministério da Saúde a coloca mais uma vez com a menor taxa de homicídios por 100 mil habitantes entre os demais estados brasileiros.
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O trabalho traz informações até o ano de 2014 e foi feito pelo Instituto de Pesquisa Econômica e Aplicada (Ipea), vinculado ao Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão do governo federal, em parceria com o Fórum Brasileiro de Segurança Pública.
Pelo estudo, SC teve em 2014 a taxa de 12,7 homicídios por 100 mil habitantes, a mais baixa do Brasil, seguida de São Paulo com 13,4 homicídios por 100 mil habitantes. Embora seja o cenário menos problemático proporcionalmente, nota-se um crescimento da taxa catarinense de 2014 em comparação a de 2013, que foi de 11,6 homicídios por 100 mil habitantes.
Outro aspecto em comparação com os demais estados é que SC alcançou a menor taxa nas mortes por jovens na faixa etária de 15-29 anos com 21,4 homicídios por 100 mil jovens — em 2013 a taxa catarinense nesse item também foi menor, de 20,6 homicídios por 100 mil jovens.
Em relação a homicídios, atualmente a grande preocupação policial em SC está voltada para Joinville, onde já foram contabilizadas 32 mortes este ano. Os números de assassinatos no ano passado foram recordes e a crise motivou a instalação de uma força-tarefa entre as polícias.
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Letalidade policial
A leitura de SC em relação ao restante do país tem sido destacada nos últimos anos pelo governo do Estado e a Secretaria de Segurança Pública (SSP) diante do contexto nacional, assim como acontece também com as divulgações do Anuário Brasileiro de Segurança Pública.
Mas um ponto que chama a atenção é a letalidade policial. Em 2014, SC foi o quarto Estado com maior número de mortes por letalidade policial e o primeiro do Sul — apresentou 42 mortes, sendo o quarto Estado entre as unidades da federação com o número mais alto, atrás do Rio de Janeiro (245), São Paulo (234) e Bahia (97). A SSP ainda não se manifestou sobre as conclusões do Atlas da Violência.
“Preocupação deve ser furtos e roubos”, diz delegado
Com mais de 40 anos de profissão, o delegado aposentado da Polícia Federal (PF) Ildo Rosa destaca o estudo como importante medidor da violência e de referências internacionais, que pode servir para o Estado como espécie de cartão de visita no turismo, por exemplo.
Ildo diz ser preocupante a avaliação da letalidade policial em SC, que deve servir para mudança de cultura no treinamento dos policiais. Ele defende a inserção de políticas de direitos humanos para evitar a quantidade de confrontos armados e baixar o índice de mortes.
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— Nós que moramos aqui queremos sensação de segurança e ela está associada aos pequenos furtos e roubos, que atingem mais as pessoas e onde há dados preocupantes que vêm crescendo. É preciso um trabalho forte para reduzir esses índices e isso se dá principalmente com a investigação policial dos crimes — ressalta.