Santa Catarina tem mais de 615 mil pessoas que vivem com menos de R$ 450 por mês. As informações são de um estimativa feita pelo Núcleo de Estudo de Economia Catarinense (Necat) da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). O levantamento concluiu também que 137 mil catarinenses estão na linha de extrema probreza, ou seja, têm renda per capita de até R$ 155. As informações são do G1 SC.
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Para o Natal, Luciele de Jesus dos Santos, desempregada, deseja comprar um pedaço de carne. Ela e seus dois filhos moram na casa da mãe, na comunidade Mestre Moa, em Palhoça, na Grande Florianópolis. A família é uma das seis que vivem com R$ 166 por pessoa no local.
— Se a minha mãe ou eu conseguir comprar uma carne, vai ser uma alegria, é difícil a gente ver um pedaço de carne. Vai ser tipo um peru para a gente — afirma Luciele de Jesus dos Santos.
Conforme a última pesquisa do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), o valor da cesta básica em Florianópolis — a mais alta do país — é de R$ 710,53. O valor é equivalente à renda mensal de uma família de quatro pessoas.
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— Antigamente com R$ 100 a gente trazia um carrinho cheio. Hoje em dia vai com R$ 200 ou R$ 300 e só traz três sacolas. Um saco de arroz, feijão e sem ovo, sem carne e sem nada — lamenta Rogéria Silva, moradora da mesma comunidade que Luciele.
Natural da Paraíba, Rogéria veio para SC depois de sofrer violência doméstica. Na vinda, ela deixou uma das filhas para trás, por não ter dinheiro para trazer todos. Para ela, o Estado era a esperança de refúgio e qualidade de vida.
— Ou tu come ou tu paga, que tu vai fazer? Vai comer, tu pensa nos filhos — disse.

A pobreza é dividida em duas categorias, segundo o Banco Mundial: na linha da pobreza geral está a pessoa que recebe até R$ 450 mensal. Já a extrema pobreza ocorre quando alguém recebe até R$ 150 por mês.
O que faz a pobreza aumentar em SC
De acordo com o professor de economia e coordenador no Necat, Lauro Mattei, três fatores contribuem para o aumento de pessoas na linha da pobreza em Santa Catarina. O primeiro é o alto número de desemprego na região, em seguida, a falta de um auxilio emergencial perene e, por último, a disparada da inflação, que dificultou a condição de vida das pessoas.
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Segundo o especialista, uma família de quatro pessoas precisaria ter a renda mensal de cerca de R$ 6 mil para ter acesso a direitos básicos, como educação, saúde, moradia e alimentação.
A família de Luciele nunca teve acesso ao montante. Eles são ajudados por vizinhos.
— Eles ajudam, aí com o dinheiro eu consigo comprar um calçado, um chinelinho, porque ver eles com aquele chinelo rasgado não dá — afirma Luciele.
Nota do editor: a matéria dizia anteriormente que SC teria 752 mil pessoas vivendo com menos de R$ 500 por mês e 615 mil em extrema pobreza. Na verdade, são 615 mil situação de pobreza e 137 mil em extrema pobreza. A informação foi corrigida.
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