Santa Catarina é o quinto estado que mais gera energia solar no país. O Estado subiu duas posições nos dois últimos anos e chegou a uma potência instalada de 1397,8 megawatts. O crescimento é atribuído a razões como o crescimento de cooperativas que atuam na geração da energia renovável.
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Os dados atualizados foram divulgados este mês pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) em parceria com a Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (Absolar). Os números se referem à geração distribuída — energia gerada no local de consumo ou em áreas próximas. Os quatro estados à frente de Santa Catarina na geração de energia solar são São Paulo, Minas Gerais, Rio Grande do Sul e Paraná.
O engenheiro Mauro Passos, presidente do Instituto Ideal, organização de Florianópolis que atua na promoção de energias renováveis, confirma que o Estado tem apresentado melhora na geração de energia solar. Ele credita o cenário a fatores como o barateamento dos equipamentos de energia solar, cuja produção ganhou escala nos últimos anos, e também aos constantes reajustes da energia elétrica, que estariam estimulando um número maior de pessoas a investir na energia solar.
No entanto, um fator é citado como determinante para esse desempenho: o surgimento de cooperativas com foco na geração de energia solar em SC. O modelo consiste na instalação de placas fotovoltaicas em propriedades rurais, que garantem quantidades maiores de geração de energia do que apenas as instalações nos telhados de residências.
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O formato de cooperativas tem variações, mas em geral permite que o próprio dono das terras ou investidores locais aportem recursos para se tornarem sócios dos parques de geração de energia solar. A venda da energia gerada é feita na própria região. O Oeste de SC tem sido a região com maior presença desses empreendimentos.
— É um modelo de negócio novo, que não havia há dois, três anos, e com modificações (após o Marco Legal da Geração de Energia). O Estado tem tradição de cooperativismo, e acabou abraçando essa ideia com bastante intensidade — afirma.
Ele considera que a geração de energia solar por meio das cooperativas é promissora em Santa Catarina porque o Estado tem áreas disponíveis e possui populações urbanas relativamente perto da área rural, o que facilitaria o consumo próximo à área de geração. No entanto, SC também deve ter concorrência nos estados vizinhos.
— Outros estados também vão crescer. O Paraná também tem tradição de cooperativas e deve alavancar novos investimentos nesta área. É um processo que está saindo da parte urbana e indo para a parte do agronegócio, para a rentabilidade no campo. Então, acho que estados que têm essa característica de forte produção rural e cooperativismo naturalmente vão ganhar pontos no ranking — avalia.
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Estímulo para cooperativas de energia solar

Um exemplo de cooperativa criada para apostar na energia solar é a Cooper Solar, de Flor do Sertão, no Extremo Oeste de SC. A usina de geração de energia do empreendimento foi inaugurada no último sábado (24) e aguarda últimos ajustes e uma vistoria para começar a oferecer a energia.
O presidente Jovir Zanuzzo explica que a cooperativa consiste na venda de cotas correspondentes ao consumo de energia mensal vendidas a famílias da região. Segundo ele, o investimento é menor do que instalar as placas individualmente em residências, além de oferecer outros benefícios, como a segurança da execução correta da instalação e a mobilidade, já que o cooperado pode ter acesso a sua cota mensal de energia mesmo que mude de residência.
A cooperativa tem 800 placas instaladas em 5 mil metros quadrados, que atendem 90 famílias e mais uma associação que faz manejo de águas para produtores rurais da cidade.
— Acredito que o modelo vai crescer e, inclusive, impulsionar a migração da população para a energia solar — avalia Jovir.
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Modelo atrativo também para investidores

O crescimento na geração de energia solar em SC por meio de cooperativas tem sido alavancado também por investidores dispostos a apostar na nova fonte de energia. Há quatro anos, o empresário Andronei Macari, da Macari Energia, de São Miguel do Oeste, passou a investir na construção de usinas de energia solar. A energia gerada nessas estruturas é negociada com cooperativas focadas na matriz fotovoltaica, que por sua vez repassam a energia a cooperados, a preços reduzidos.
Macari afirma que o retorno atrativo, acima de 1% ao mês, foi o que chamou a atenção para o negócio. Desde 2019, já foram 320 mil metros quadrados de área destinada às usinas de energia solar focadas em venda para cooperativas.
— Para o consumidor final, não há negócio melhor, porque a energia é uma conta que ele terá que pagar de qualquer maneira, e que depois de descontado o investimento, vira lucro. Para o investidor da usina, que se associa em um empreendimento para vender energia, o retorno financeiro, em geral acima de 1%, é o que o faz colocar dinheiro no projeto — explica.
Segunda maior fonte de energia elétrica
A energia solar fotovoltaica já é a segunda fonte mais utilizada da matriz elétrica no Brasil, com participação de 14,3% no total gerado. Nos últimos anos, esta modalidade ultrapassou as usinas eólicas no ranking da matriz elétrica brasileira. A energia hídrica ainda responde pela maioria, com pouco mais de 50%.
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