Santa Catarina tem 4.447 pessoas quilombolas vivendo em 28 dos 295 municípios, aponta Censo divulgado nesta quinta-feira (27). É como se Lindóia do Sul, no Oeste, tivesse toda a população (4.500) formada por descendentes de negros escravizados. O número equivale a 0,06% da população catarinense.

Continua depois da publicidade

Receba notícias de Santa Catarina pelo WhatsApp

O Censo levou em consideração as pessoas que se autoidentificam como quilombolas. Essa é a primeira vez que esse grupo, integrante dos povos e comunidades tradicionais reconhecidos pela Constituição de 1988. As diferenças podem estar justamente na metodologia presencial e não mais com estimativas.

A pesquisa também mostra que 86,96% dos quilombolas que moram em Santa Catarina não estão em territórios oficialmente delimitados para essa população. O município catarinense com mais quilombolas é Capivari de Baixo, no Sul do estado, com 654 pessoas, o que representa 2,73% da população da cidade.

A população quilombola do país é de 1.327.802 pessoas, ou 0,65% do total de habitantes. Foram identificados 473.970 domicílios onde residia pelo menos uma pessoa quilombola, espalhados por 1.696 municípios brasileiros.

Continua depois da publicidade

Quilombolas Vidal Martins seguem à espera da titulação

Em Florianópolis, os quilombolas Vidal Martins seguem em luta pela titulação do território já reconhecido. É uma das comunidades do país mais dentro do perímetro urbano. A área se localiza no bairro do Rio Vermelho. Em junho de 2022, o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) reconheceu os quase 1 mil hectares de terra como território quilombola.

Com 70 anos, Odílio Martins, um dos moradores mais antigos da comunidade, recebeu a visita dos recenseadores do IBGE. Para ele, que conta ter morado no quilombo desde menino, a identificação é importante e deve ajudar na luta pela posse definitiva que dura mais de uma década. Para Martins, agora o governo e sociedade sabem quem são e onde estão os quilombolas. A expectativa é de que isso se converta em políticas públicas voltadas a essa população. Para ele, a questão da titulação traria mais tranquilidade e ajudaria a preservar melhor o território:

— Todo mundo cuida melhor da sua casa quando tem tudo certinho, documentos em mão e não convive com ameaça de perder tudo, não é mesmo.

Martins tem razão. Entre outras coisas, a titulação das terras possibilita que a comunidade acesse políticas que proporcionem uma melhor qualidade de vida aos moradores, como a bolsa permanência destinada aos universitários quilombolas e financiamentos bancários para atividades agrícolas.

Continua depois da publicidade

Confira abaixo todos os 28 municípios de SC com quilombolas

Capivari de Baixo – 654
Araquari – 480
Florianópolis – 433
Pescaria Brava – 419
Campos Novos – 397
Joinville – 317
Santo Amaro da Imperatriz – 251
Garopaba – 245
Praia Grande – 244
Abdon Batista – 154
Paulo Lopes – 131
Araranguá – 130
Cerro Negro – 120
José Boiteux – 102
Imbituba – 88
Porto Belo – 59
São José – 43
Balneário Camboriú – 40
Palhoça – 38
São Francisco do Sul – 24
Águas Mornas – 22
Fraiburgo – 19
Santa Rosa do Sul – 17
Ituporanga – 10
Balneário Barra do Sul – 5
Palmitos – 3
Criciúma – 1
Gravatal – 1