A menos de dois meses para o fim do ano, Santa Catarina registra queda de 15,8% no número de homicídios, na comparação com o mesmo período do ano passado. Entre 1º de janeiro e 11 de novembro são 108 ocorrências a menos, segundo Boletim Semanal de Indicadores da Secretaria de Segurança Pública do Estado (SSP). Caíram de 682 crimes em 2018, para 574 neste ano.
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Nos quase 11 meses que se passaram, os homicídios ocorreram em 129 dos 295 municípios catarinenses. No total, 55% das cidades estão sem registro de homicídio: são 166 municípios sem ocorrência.
Na liderança do ranking de casos estão Joinville com 56, Florianópolis com 49 ocorrências, Chapecó com 32 e Blumenau, com 27. Com mais de seis e menos de 10 registros aparecem 12 cidades em SC. Com um único homicídio está a maior fatia de cidades: são 55 municípios.
Presidente do Colegiado Superior de Segurança Pública do Estado e comandante geral da Polícia Militar, o coronel Carlos Alberto de Araújo Gomes Júnior atribui a motivação dos crimes a três grandes grupos: a primeira ao tráfico de drogas e ao crime organizado, a segunda à violência doméstica e a terceira à violência interpessoal, que são as brigas entre vizinhos, no trânsito ou em festas:
— Cada um dos homicídios possui suas características regionalizadas diferentes. E, se considerarmos que muitos deles [homicídios], são crimes fora da curva – que ocorrem por um motivo específico -, então o número de cidades com registro ocorrência seria ainda menor — pondera.
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Para o coronel, nas cidades de médio e grande porte, os homicídios estão ligados, principalmente, ao crime organizado. Já nas cidades de médio a pequeno porte estão os crimes ligados à violência interpessoal. A violência doméstica é o único delito “mais distribuído”, segundo Araújo Gomes, e o mais difícil de atacar.
— Nas pequenas cidades o número geralmente é menor. Mesmo que ocorra, ocorre com menor frequência. Porque a polícia é simbólica, é uma autoridade e trabalha resolvendo muitos conflitos de briga, desentendimento, que levariam aos homicídios — explica.
Já em relação ao crime organizado, o coronel atribuiu a redução não só dos homicídios, mas dos roubos que tiveram morte como resultado – 38 no ano passado para 26 este ano -, à atuação direta da polícia.
— Quem comete roubo não veio do furto. Veio do tráfico, da organização criminosa. E controlar os roubos, significa controlar crimes mais graves, como os latrocínios — conclui.
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Especialista avalia os números
Acompanhando as questões ligadas à segurança pública desde 2010, quando integrou a Comissão de Segurança Pública e Violência da OAB catarinense, o professor de direito penal, Juliano Keller do Valle, atribui os resultados ao planejamento.
— A segurança pública, em geral, não tinha planejamento, nem sequência de políticas públicas de segurança, que passasse de governo para governo. Havia sempre uma tendência, entre uma reeleição ou troca de cúpula de segurança, de se trocar toda filosofia de trabalho — lembra.
Para o professor, essa ideia mudou durante as últimas gestões, motivo pelo qual, cada vez mais, os números aparecem com redução:
— Esse resultado se deve às questões de estratégia, questões de inteligência e investimento em tecnologia. À exata percepção das cidades de maior incidência da atuação de facções criminosas. Estamos ainda plantando, mas já estamos colhendo frutos em decorrência dessa sequência de redução de ocorrências de crimes praticados — avaliou.
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