Santa Catarina tem 11 rodovias com pontos críticos como buracos e quedas de barreira sobre a pista. A conclusão é do levantamento Radar CNT do Transporte — Pontos Críticos 2023, da Confederação Nacional do Transporte (CNT).

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As rodovias de SC tiveram 34 pontos críticos mapeados pelo levantamento, mais do que o dobro do que os 18 locais de atenção registrados na edição anterior, de 2022. O resultado retoma o patamar do Estado no levantamento de dois anos atrás, em 2021.

Apesar disso, o número representa pouco mais de 1% de todas as 2,6 mil situações problemáticas encontradas em rodovias de todo o país. Nacionalmente, a quantidade de pontos críticos ficou estável, repetindo praticamente o mesmo resultado do estudo de 2022 — foram apenas 38 pontos críticos a mais em todo o país no último ano.

As ocorrências de buraco grande (13), em que o tamanho é igual ou maior que um pneu de veículo de passeio, e de erosão na pista (11) respondem pela maioria dos pontos críticos encontrados nas rodovias de SC. Na comparação com a malha viária analisada em todos os Estados no levantamento da CNT, o Estado teve a 10ª menor densidade de pontos críticos por quilômetro avaliado, com quase um ponto crítico a cada 100 quilômetros. O caso mais problemático foi o do Acre, com média de 28 pontos críticos a cada trecho de 100 quilômetros.

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A SC-350, entre Alfredo Wagner, na Grande Florianópolis, e Porto União, no Norte de SC, passando também pelo Vale do Itajaí, aparece como a rodovia catarinense com maior número de pontos críticos, com 11 registros. Desse número, 10 são buracos considerados grandes e um caso é de erosão na pista. Em 10 deles a sinalização é considerada inexistente segundo o levantamento da CNT, e em um ocorre sinalização deficiente. Em nenhum dos locais foram avistadas obras em andamento para correção dos buracos.

A BR-280, que liga de São Francisco do Sul a Porto União, é a segunda rodovia do Estado e a primeira via sob gestão federal com mais registros apontados — são sete pontos críticos, todos de erosão na pista.

Em números absolutos, SC teve o 13º melhor resultado em quantidade de pontos críticos identificados. Minas Gerais, com 403, e Acre, com 385, tiveram as situações mais comprometidas segundo o levantamento. O destaque positivo é o Distrito Federal, que não teve pontos críticos, e a Paraíba, com apenas um registro.

Ano teve estabilização de pontos críticos no país

A CNT estima que sejam necessários R$ 4,88 bilhões de investimentos para resolver os problemas nas rodovias apontados no levantamento de 2023. Mais da metade seria para correção de quedas de barreiras e adequação ou reconstrução de pontes estreitas.

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Apesar disso, o relatório final da entidade aponta que o ano de 2023 foi marcado por uma retomada de crescimento dos investimentos públicos em construção, manutenção e recuperação de rodovias no país. Prova disso seria o valor de R$ 15 bilhões aprovados no orçamento para investimentos no sistema rodoviário, R$ 11,4 bilhões a mais do que o ano anterior. A entidade acende um alerta porque o valor aprovado para investimentos de 2024 é 4,5% menor do que o presente no orçamento do ano passado.

“Com a redução do orçamento da União em infraestrutura de transporte previsto para o próximo ano (2024), caberá ao poder público aprofundar as relações de colaboração com a iniciativa privada, contemplando concessões e parcerias público-privadas17, com o objetivo de ampliar os investimentos na malha rodoviária”, pontua a entidade, em um trecho do relatório sobre o estudo.

Chuvas agravam pontos críticos de rodovias em SC

O presidente da Federação das Empresas de Transporte de Carga e Logística no Estado de Santa Catarina (Fetrancesc), Dagnor Schneider, cita que o agravamento de pontos críticos em rodovias pode ser explicado por questões como o aumento das chuvas nos últimos anos, em especial em 2023.

— A gente tem tido um aumento das chuvas e deslizamentos mais recorrentes, então isso aliado a um passivo que temos em termos de manutenção nos últimos 10 anos, a cada ano com menos investimento em manutenção e recuperação da malha rodoviária, fez com que chegássemos a um cenário crítico — avalia o dirigente, que cita o fato de o Estado ter a menor malha per capita pavimentada do país e aparecer em rankings de piores rodovias.

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Na avaliação de Schneider, o Estado corre risco de ter limitação no crescimento econômico pela falta de infraestrutura adequada. Ele reconhece ações definidas por ele como “robustas” que vêm sendo feitas atualmente ao citar o programa Estrada Boa, lançado ano passado pelo governo de SC, mas alerta que as ações ainda estão aquém do que o Estado precisa.

— Há também uma limitação em termos de empresas para poderem executar as obras demandadas. Então, agora é [ter] um pouco de paciência e continuar cobrando ações estratégicas do governo federal e estadual para que tenhamos os avanços que o Estado precisa, inclusive na questão das concessões rodoviárias, que são inevitáveis — avalia, citando o exemplo do Paraná, que concedeu mais de 3 mil quilômetros de rodovias nos últimos anos.

Estado destaca programa para revitalização de rodovias

A Secretaria de Estado da Infraestrutura de SC destacou à reportagem o lançamento do programa Estrada Boa, que visa restaurar e revitalizar a condição de rodovias catarinenses, e informou que encerrou o ano passado com 28 rodovias em obras. Entre elas, está uma operação tapa-buracos na SC-350, que aparece no estudo da CNT como a com mais pontos críticos. Outras obras são um elevado no Distrito Industrial de Joinville, e a elevação da pista no cruzamento da SC-477 com a BR-470, em Indaial, local que costumava sofrer com alagamentos em períodos de chuva.

No total, o novo pacote estadual contemplará trabalhos em 60 vias estaduais, em 25% do total da malha viária estadual (1,5 mil quilômetros de extensão), com investimento de R$ 2,1 bilhões.

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Dnit defende ações de manutenção

O Dnit respondeu à reportagem informando que monitora mensalmente a situação das rodovias e que “o cenário da malha rodoviária catarinense vem melhorando mês a mês”. Segundo o órgão, em dezembro do último ano 45% das estradas sob gestão do órgão federal eram classificadas como boa no Índice de Condição da Manutenção (ICM), métrica adotada pelo governo federal para manutenção de rodovias.

“Em dezembro de 2023, o DNIT superou a marca de 99% da malha rodoviária de Santa Catarina coberta por contratos de manutenção/conservação. E para este ano o Departamento planeja dar continuidade às ações consideradas estruturantes para o desenvolvimento da infraestrutura de transportes do estado. Entre elas, alcançar 100% da cobertura contratual e, desta forma, garantir a execução dos serviços de manutenção/conservação necessários para elevar o percentual do ICM na faixa Bom”, escreveu o órgão, em nota.

Rodovias com mais pontos críticos em SC

  • SC-350: 11 (10 casos de buracos grandes, uma erosão na pista) – 10 com sinalização inexistente e 1 deficiente, todos sem obras
  • BR-280: 7 (Todos erosão na pista)
  • BR-470: 4 (3 casos erosão na pista, 1 queda de barreira)
  • SC-305: 3 (2 casos de buracos grandes, uma queda de barreira)
  • SC-157: 2 (Todos queda de barreira)
  • SC-477: 2 (1 queda de barreira, 1 categoria “outro”)
  • BR-163: 1 (1 queda de barreira)
  • BR-285: 1 (1 categoria “outro”)
  • SC-135: 1 (1 queda de barreira)
  • SC-480: 1 (1 buraco grande)
  • SC-486: 1 (1 queda de barreira)

Fonte: Radar CNT do Transporte – Pontos Críticos 2023

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