Um novo relatório da União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN, na sigla em inglês) mostra que 16 espécies de aves costeiras migratórias foram reclassificadas para categorias de ameaça mais elevada na Lista Vermelha da organização. Destas, 10 tem Santa Catarina em suas rotas de migração.

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A recategorização de ameaça foi divulgada durante a Conferência da ONU sobre Biodiversidade (COP16), que ocorreu entre 21 outubro e 1º de novembro em Cali, na Colômbia. Segundo o levantamento, as principais ameaças às espécies são a perda de habitat, mudanças nas condições climáticas e impactos humanos, como poluição e urbanização costeira desordenada.

A reclassificação inclui 16 espécies, sendo que 11 visitam o Brasil. Além das 10 espécies que passam por Santa Catarina, três são residentes daqui: o maçarico-de-sobre-branco, o maçarico-de-perna-amarela e o maçarico-grande-de perna-amarela.

Veja as espécies ameaçadas em SC

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SC na rota de migração das espécies

As aves costeiras migratórias, conhecidas também como limícolas, percorrem longas distâncias em rotas já conhecidas, que conectam os locais de reprodução no Hemisfério Norte às áreas de descanso e alimentação no Hemisfério Sul. No Brasil, as aves limícolas são presentes especialmente em regiões litorâneas.

Santa Catarina é uma importante rota para essas espécies como local de parada, alimentação e descanso.

— As áreas de descanso e alimentação são essenciais para a sobrevivência dessas aves, pois elas precisam de um refúgio seguro onde possam se alimentar e recuperar energias para a continuação de suas jornadas — diz Andrei Roos, analista ambiental do Centro Nacional de Pesquisa e Conservação de Aves Silvestres (Cemave), do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio).

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Zonas úmidas costeiras são cruciais, como a Reserva Extrativista Marinha do Pirajubaé, o Parque Natural Municipal (PNM) Lagoa do Jacaré das Dunas do Santinho e Estação Ecológica de Carijós, que ficam na Capital, e a Área de Proteção Ambiental (APA) da Baleia Franca, que abrange municípios da Grande Florianópolis e do Sul de Santa Catarina.

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— As áreas de manguezais e banhados são protegidas legalmente no Brasil e são fundamentais para a conservação destas espécies, para descanso e alimentação ao longo das migrações — destaca Fabrício Almeida, presidente do Instituto Aprender Ecologia, responsável pelo levantamento das aves ameaçadas em Santa Catarina.

Segundo o presidente do instituto, há um Plano Nacional para a Conservação das Aves Limícolas Migratórias em desenvolvimento no Brasil, que envolve instituições governamentais e não governamentais. A intenção é executar ações que reduzam os impactos sobre as aves migratórias e os seus habitats.

— O monitoramento das aves vem sendo feito com pesquisa, com auxílio de marcadores, como anilhas e geolocalizadores, e principalmente com censos periódicos para acompanhar a chegada e partida. Estas contagens tem sido feitas em grande parte por observadores e amantes das aves, no processo conhecido como ciência cidadã. Para 2025, está prevista a ampliação das atividades em Florianópolis, com apoio do ICMBio e do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação — diz ele.

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