No dia em que Santa Catarina completa um ano desde a primeira morte por covid-19, o Estado supera a marca expressiva de 10 mil óbitos causados pelo coronavírus. Foram confirmadas nesta quinta-feira, 25, 188 novas vidas perdidas (veja a relação detalhada dos pacientes adiante), chegando ao acumulado de 10.108. E a marca veio a galope. Em apenas 90 dias o Estado duplicou o número de vítimas. Na mesma semana, o Brasil superou a marca de 300 mil mortos.
Continua depois da publicidade
> Painel do Coronavírus: veja em mapa e dados por cidade como está a situação da pandemia
> Acompanhe dados da vacinação em cada município de SC no Monitor da Vacina
Em 12 meses, o que mudou é que a pandemia se tornou mais intensa, novas variantes (e mais contagiosas) entraram em cena, os hospitais lotaram. O que não mudou: o discurso negacionista e descaso de algumas autoridades nos três níveis de governo Brasil adentro.
Por aqui, a pandemia começou com um intervalo de 125 dias entre a primeira morte e a milésima, mas chegou ao ponto de saltar de 9 mil a 10 mil em apenas 8 dias neste mês (veja no gráfico abaixo o tempo que levou para completar mais mil mortes).
Continua depois da publicidade
Com unidades de terapia intensiva lotadas desde meados de fevereiro, e filas de espera por leitos vagos com mais de 300 pessoas, o ritmo de mortes diárias se acelerou sem precedentes desde que o Estado alcançou a marca de 7 mil vidas perdidas, em 21 de fevereiro.
Agora em março já são pelo menos 2.582 pacientes que não conseguiram vencer a luta contra o vírus, média de 1 morte a cada 14 minutos. E não é possível dizer quando o Estado atingirá o pico mais alto dessa curva, tampouco pode se prever quando a situação dará sinais de melhora.

Clique e veja dados no Painel do Coronavirus
Número mais expressivo de mortes num único boletim
A reportagem do Diário Catarinense identificou que um óbito de uma adolescente de 16 anos, ocorrido na terça-feira, em Chapecó, foi removido da base da Secretaria de Estado da Saúde como morte causada por covid-19. Com isso, são 188 as novas mortes confirmadas nesta quinta-feira.
Há dois casos ocorridos no ano passado, um de abril e outro de julho. Outro óbito é de janeiro deste ano e dois são de fevereiro. Os demais 183 ocorreram entre 3 de março e esta quinta-feira.
Continua depois da publicidade
São pacientes que tinham entre 28 e 99 anos, sendo 51 pessoas com até 59 anos. Há 47 moradores da Grande Florianópolis, 38 do Sul, 36 do Vale, 31 do Oeste, 28 do Norte e 8 da Serra.
Novas mortes confirmadas
Grande Florianópolis
16/03: Masculino, 60, Antônio Carlos
17/03: Feminino, 33, Biguaçu
22/02: Masculino, 71, Florianópolis
06/03: Feminino, 76, Florianópolis
11/03: Masculino, 58, Florianópolis
17/03: Feminino, 68, Florianópolis
17/03: Feminino, 87, Florianópolis
18/03: Feminino, 72, Florianópolis
18/03: Masculino, 75, Florianópolis
18/03: Feminino, 84, Florianópolis
19/03: Masculino, 91, Florianópolis
20/03: Masculino, 70, Florianópolis
20/03: Feminino, 73, Florianópolis
22/03: Masculino, 50, Florianópolis
22/03: Feminino, 83, Florianópolis
22/03: Masculino, 90, Florianópolis
22/03: Feminino, 93, Florianópolis
23/03: Feminino, 62, Florianópolis
23/03: Masculino, 78, Florianópolis
23/03: Feminino, 84, Florianópolis
23/03: Feminino, 85, Florianópolis
23/03: Masculino, 89, Florianópolis
23/03: Feminino, 95, Florianópolis
24/03: Masculino, 39, Florianópolis
24/03: Masculino, 60, Florianópolis
24/03: Masculino, 69, Florianópolis
24/03: Feminino, 80, Florianópolis
19/03: Masculino, 35, Palhoça
23/03: Feminino, 60, Palhoça
23/03: Masculino, 81, Palhoça
24/03: Masculino, 38, Palhoça
24/03: Feminino, 68, Palhoça
25/03: Masculino, 88, Palhoça
16/03: Masculino, 64, Paulo Lopes
21/03: Feminino, 66, Santo Amaro da Imperatriz
23/03: Feminino, 55, São João Batista
24/03: Masculino, 68, São João Batista
10/03: Masculino, 88, São José
19/03: Feminino, 73, São José
21/03: Feminino, 66, São José
21/03: Masculino, 85, São José
22/03: Feminino, 39, São José
22/03: Masculino, 49, São José
24/03: Masculino, 41, São José
24/03: Feminino, 73, São José
23/03: Feminino, 28, Tijucas
23/03: Masculino, 80, Tijucas
Sul
24/03: Masculino, 69, Araranguá
24/03: Feminino, 72, Araranguá
21/03: Masculino, 63, Balneário Arroio do Silva
25/03: Masculino, 76, Balneário Arroio do Silva
24/03: Feminino, 83, Balneário Gaivota
22/03: Masculino, 31, Braço do Norte
23/03: Feminino, 86, Braço do Norte
24/03: Feminino, 72, Capivari de Baixo
19/03: Feminino, 63, Criciúma
20/03: Feminino, 79, Criciúma
21/03: Masculino, 54, Criciúma
22/03: Masculino, 82, Criciúma
24/03: Feminino, 77, Criciúma
24/03: Masculino, 66, Garopaba
24/03: Masculino, 75, Garopaba
24/03: Masculino, 63, Içara
24/03: Masculino, 76, Içara
23/03: Feminino, 65, Imaruí
23/03: Masculino, 59, Imbituba
23/03: Masculino, 67, Jaguaruna
23/03: Feminino, 59, Laguna
23/03: Masculino, 67, Laguna
23/03: Feminino, 79, Laguna
22/03: Feminino, 46, Lauro Müller
24/03: Masculino, 72, Lauro Müller
23/03: Masculino, 84, Pescaria Brava
23/03: Masculino, 86, Pescaria Brava
24/03: Feminino, 68, Santa Rosa do Sul
24/03: Masculino, 47, São Martinho
20/03: Feminino, 64, Siderópolis
22/03: Feminino, 78, Sombrio
24/03: Masculino, 43, Sombrio
24/03: Feminino, 84, Treviso
23/03: Masculino, 71, Tubarão
23/03: Masculino, 72, Tubarão
23/03: Masculino, 81, Tubarão
24/03: Masculino, 51, Tubarão
24/03: Masculino, 72, Tubarão
Vale do Itajaí
18/03: Feminino, 77, Balneário Camboriú
22/03: Masculino, 82, Balneário Camboriú
22/03: Masculino, 87, Balneário Camboriú
23/03: Feminino, 90, Balneário Camboriú
24/03: Feminino, 64, Balneário Camboriú
24/03: Masculino, 69, Balneário Camboriú
25/07: Masculino, 70, Benedito Novo
23/03: Feminino, 40, Blumenau
24/03: Feminino, 66, Blumenau
24/03: Masculino, 70, Blumenau
24/03: Feminino, 84, Blumenau
24/03: Feminino, 39, Brusque
24/03: Feminino, 59, Brusque
24/03: Masculino, 70, Brusque
25/03: Feminino, 64, Brusque
15/03: Feminino, 43, Camboriú
20/03: Masculino, 72, Camboriú
22/03: Feminino, 78, Camboriú
04/04: Feminino, 53, Itajaí
22/03: Feminino, 80, Itajaí
20/03: Masculino, 70, Itapema
20/03: Masculino, 72, Itapema
23/03: Masculino, 52, Itapema
23/03: Feminino, 59, Itapema
24/03: Feminino, 84, Itapema
24/03: Masculino, 71, Ituporanga
24/03: Feminino, 76, Ituporanga
20/03: Feminino, 51, Navegantes
21/03: Masculino, 87, Navegantes
22/03: Masculino, 48, Penha
22/03: Masculino, 64, Penha
24/03: Masculino, 57, Penha
25/03: Feminino, 66, Petrolândia
25/03: Feminino, 78, Petrolândia
24/03: Feminino, 86, Timbó
24/03: Masculino, 79, Vidal Ramos
Oeste
24/03: Masculino, 68, Água Doce
24/03: Masculino, 36, Caçador
24/03: Feminino, 70, Capinzal
18/03: Masculino, 44, Chapecó
23/03: Feminino, 57, Chapecó
23/03: Masculino, 61, Chapecó
24/03: Masculino, 48, Chapecó
24/03: Masculino, 68, Chapecó
24/03: Feminino, 69, Chapecó
24/03: Masculino, 82, Chapecó
25/03: Feminino, 75, Chapecó
24/03: Masculino, 75, Concórdia
24/03: Feminino, 87, Concórdia
24/03: Masculino, 85, Guaraciaba
20/03: Masculino, 82, Ibicaré
25/03: Masculino, 81, Ibicaré
24/03: Masculino, 50, Iporã do Oeste
24/03: Masculino, 83, Jaborá
24/03: Masculino, 60, Joaçaba
22/03: Masculino, 84, Lacerdópolis
11/03: Masculino, 90, Modelo
22/03: Masculino, 35, Palmitos
25/03: Masculino, 52, São Miguel da Boa Vista
23/03: Masculino, 90, São Miguel do Oeste
02/03: Masculino, 87, Saudades
24/03: Feminino, 74, Tangará
06/01: Masculino, 85, Videira
24/03: Masculino, 58, Videira
24/03: Masculino, 63, Xanxerê
23/03: Masculino, 47, Xaxim
24/03: Masculino, 46, Xaxim
Norte
23/03: Masculino, 68, Campo Alegre
24/03: Masculino, 46, Corupá
23/03: Masculino, 49, Garuva
22/03: Masculino, 43, Guaramirim
24/03: Feminino, 77, Guaramirim
22/03: Masculino, 42, Jaraguá do Sul
23/03: Masculino, 35, Jaraguá do Sul
23/03: Masculino, 77, Jaraguá do Sul
23/03: Masculino, 92, Jaraguá do Sul
24/03: Feminino, 48, Jaraguá do Sul
24/03: Masculino, 60, Jaraguá do Sul
24/03: Masculino, 76, Jaraguá do Sul
10/02: Masculino, 77, Joinville
19/03: Feminino, 53, Joinville
19/03: Masculino, 64, Joinville
20/03: Masculino, 65, Joinville
20/03: Masculino, 74, Joinville
21/03: Masculino, 35, Joinville
22/03: Masculino, 90, Joinville
23/03: Masculino, 38, Joinville
23/03: Masculino, 79, Joinville
23/03: Masculino, 80, Joinville
24/03: Feminino, 63, Joinville
24/03: Masculino, 68, Joinville
24/03: Feminino, 69, Joinville
24/03: Masculino, 73, Joinville
24/03: Masculino, 66, Porto União
24/03: Masculino, 74, Schroeder
Serra
25/03: Feminino, 64, Campos Novos
25/03: Masculino, 70, Celso Ramos
22/03: Masculino, 99, Lages
24/03: Masculino, 58, Lages
24/03: Feminino, 52, São Joaquim
24/03: Masculino, 60, São Joaquim
24/03: Masculino, 68, São Joaquim
23/03: Feminino, 52, São José do Cerrito
Total de casos ativos tem ficado acima de 30 mil desde 24 de fevereiro
O total de casos ativos em Santa Catarina ainda é muito alto, tem ficado acima de 30 mil diariamente desde 24 de fevereiro. Nesta quinta-feira são 32.379 pessoas nessa condição. E parte desses pacientes podem precisar dos hospitais daqui a duas ou três semanas, caso os sintomas se agravem.
Como os hospitais já estão lotados – a média de ocupação dos leitos adultos nas últimas duas semanas é de 98% em todo o Estado –, o risco de não ser possível salvar vidas ainda é bastante alto.
Continua depois da publicidade
Desde que ocorreu a primeira morte no Estado, de um homem de 86 anos, morador de Bombinhas, em 25 de março de 2020, o coronavírus tem provocado internação e mortes de um perfil mais abrangente, com os mais jovens sofrendo também as consequências.
Especialista cita fatores para este momento
Vários fatores explicam essa aceleração. Entre eles, segundo o epidemiologista da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), Fabrício Menegon, estão o surgimento de novas variantes mais contagiosas e agressivas, a circulação descontrolada da população e a falta de controle da pandemia pelos governos – federal, estadual e municipal -, responsáveis pela gestão da crise causada pela doença.
– Não é só a balada clandestina que mudou o cenário epidemiológico. A culpa não está só nas aglomerações. O Estado perdeu o controle da pandemia, não tem mais condições (de controlar) ou não quer mais ter. Mas a responsabilidade é da gestão pública. São os governos que detêm o poder de direito para fazer as medidas e as barreiras de contenção – enfatiza o especialista.
Além disso, o epidemiologista também critica a adoção de “protocolos sem eficácia” pelos governos, que usaram a distribuição de remédios comprovadamente ineficazes no tratamento da doença, como o “kit Covid”, como medida de combate à pandemia:
Continua depois da publicidade
– Esse cenário é fruto de um conjunto de estratégias que não levam em consideração os critérios mínimos de vigilância sanitária, como essas, baseadas em remédios que sobrecarregam o sistema hepático e renal, causando efeitos colaterais que depois precisam ser tratados no sistema de saúde.
Vídeo: animação mostra a evolução de 1 ano de mortes por covid-19 nos municípios de SC
Alta disseminação aumenta chance de novas variantes
Desde o início da pandemia, o Estado não tem conseguido atingir um nível diário de isolamento social acima de 50%. Isso só foi possível entre março e abril do ano passado, quando o governo estadual publicou decretos restringindo a circulação de pessoas e atividades não essenciais. Especialistas consultados pela reportagem são unânimes em afirmar que é preciso medidas de contenção do fluxo de pessoas para reduzir o número de casos ativos e gradativamente desafogar o sistema de saúde, que entrou em colapso no fim de fevereiro.
Ainda em maio, Julio Croda, infectologista, pesquisador da Fiocruz e ex-diretor de Imunizações do Ministério da Saúde, afirmou à reportagem que as autoridades deveriam aplicar medidas mais restritivas sempre quando o índice de ocupação das UTIs superasse 70%. No entanto, ao ultrapassar 80%, medidas ainda mais rígidas são recomendadas, porque para alcançar a lotação máxima é questão de poucos dias.
Governo de Santa Catarina estuda criação de auxílio emergencial
Santa Catarina atingiu 95% da ocupação de leitos adultos do SUS em 25 de fevereiro e as medidas tomadas pelo Estado (como restrições aos fins de semana) não surtiram efeito, pois os casos ativos continuaram num patamar alto e a fila de espera por leitos de UTI se mantém.
Continua depois da publicidade
Crítico das medidas tomadas até agora pela maioria dos gestores públicos, o professor do Departamento de Saúde Pública da UFSC, Fabrício Menegon, afirma que os discursos dos governos vão na contramão do enfrentamento da pandemia, que deveria atuar, também, para o fortalecimento de uma consciência coletiva:
– Se os governos continuarem com discurso equivocado e dissonante de que a responsabilidade é de cada um, o cenário não vai mudar. O que barra o avanço do vírus é fortalecer o uso de máscaras, a higienização das mãos e o distanciamento.
Além disso, a vacinação, que é a maior perspectiva para evitar a doença, completou 2 meses na semana passada, mas apenas cerca de 500 mil pessoas tomaram pelo menos uma das duas doses necessárias para imunizar a população contra o coronavírus. Elas representam menos de 20% dos 2,8 milhões de integrantes dos grupos prioritários a receber as doses.
Secretário da Saúde é vacinado contra Covid-19 e vira alvo de investigação em Monte Castelo
Segundo o Estado, nesse caso é a inconstância do envio de doses por parte do Ministério da Saúde que tem dificultado acelerar a vacinação. Enquanto em campanhas regulares os municípios catarinenses conseguem aplicar 20 mil a 25 mil doses diárias, estão conseguindo apenas a média de 8 mil.
Continua depois da publicidade
A demora pela vacinação não só preocupa pela aceleração do contágio e pelo aumento de mortes, consequência da contaminação, mas também porque favorece o surgimento de novas variantes em um contexto de descontrole da transmissão, como o de Santa Catarina, segundo explicou o presidente da Sociedade Catarinense de Infectologia, Fábio Gaudenzi, em entrevista ao Diário Catarinense no início deste mês:
– Seria um ano de boas notícias. Da vacinação em todos os países. Mas, ao mesmo tempo, tivemos um segundo semestre de 2020 com pandemia em descontrole, o que facilitou o surgimento de novas variantes, que são favorecidas por conta dessa replicação descontrolada do vírus. Quanto mais solto o vírus estiver, mais casos graves e óbitos vão existir, porque não temos tratamento eficaz para evitar. O objetivo é não adoecer.
Os dados completos por cidade estão disponíveis no Painel do Coronavírus.
Assista abaixo à animação que mostra a evolução de mortes por covid-19 em 12 meses nos municípios de SC desde o início da pandemia: