Uma cirurgia para correção de estenose traqueal congênita, também conhecida como anel traqueal completo, foi realizada pela primeira vez em Santa Catarina, pelo Sistema Único de Saúde (SUS). O procedimento inédito, chamado traqueoplastia por deslizamento, foi realizado em um bebê de três meses, no Hospital Infantil Joana de Gusmão (HIJG), na última sexta-feira (14).

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— Uma equipe multidisciplinar nas especialidades de cirurgia pediátrica, otorrinopediatria, cirurgia cardíaca, além da nossa anestesia e da nossa enfermagem do centro cirúrgico, participou do procedimento. É muito gratificante poder oferecer este serviço tão complexo para os pacientes do SUS, principalmente às nossas crianças — destaca a diretora do HIJG, Tatiana Titericz.

Sintomas e diagnóstico

A condição rara acomete um a cada 65 mil nascidos e é uma malformação da cartilagem da traqueia, o que causa um estreitamento das vias aéreas. Os sintomas da doença incluem falta de ar e ruídos durante a respiração. Em alguns casos, há a necessidade de intubação.

O diagnóstico foi feito por meio de uma endoscopia da traqueia e uma tomografia de tórax, que possibilitou averiguar a extensão da alteração, segundo o cirurgião pediátrico Dr. Felippe Flausino.

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— Esses exames possibilitaram à equipe médica planejar a melhor técnica para corrigir a condição. A estenose traqueal congênita é uma malformação rara que necessita de tratamento cirúrgico. A traqueoplastia em deslizamento é importante nestes casos pois permite aumentar o calibre desta traqueia em quase 4 vezes, permitindo uma respiração e ventilação pulmonar mais adequada — explica o médico.

Foram produzidos modelos anatômicos criados com impressão 3D para reconstruir a área afetada do paciente.

As impressões 3D permitiram à equipe médica avaliar as alternativas disponíveis (Foto: Secretaria de Saúde de SC, Divulgação)

— Foi possível realizar uma reconstrução em 3D que permitiu à equipe médica avaliar no pré-operatório as estruturas envolvidas e sua relação com órgãos próximos, podendo programar as melhores alternativas disponíveis — acrescenta o médico. 

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O procedimento foi realizado em um bebê de três meses com 5,4 kg e durou em torno de cinco horas. O paciente está internado na UTI Pediátrica, onde recebe cuidados intensivos e apresenta boa recuperação.

A equipe multidisciplinar que fez parte do procedimento foram os cirurgiões pediatras Felippe Flausino e Ana Laura Luzardi; a otorrino pediatra Janaina Jacques, os cirurgiões cardíacos Luis Henrique Portugal e Gabriel Longo, o anestesiologista Marcelo Souza Cruz, além da equipe de enfermagem com dois instrumentadores, dois circulantes e um perfusionista.

*Sob supervisão de Luana Amorim

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