Santa Catarina perde pouco mais de 3 de cada 10 litros de água que produz para serem distribuídos por sistemas de abastecimento (33,95%). O percentual é de um estudo do Instituto Trata Brasil, que acompanha indicadores de saneamento básico no país.
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O desperdício se deve a perdas físicas, ocorridas por vazamentos em tubulações e reservatórios, por exemplo, mas também comerciais.
Neste segundo caso, tratam-se das perdas consideradas aparentes, como as que ocorrem por erros na medição ou por fraudes no uso da água, o que ainda impede as empresas de faturarem o que foi de fato consumido.
“Tais desperdícios trazem impactos negativos ao meio ambiente, à receita e aos custos de produção das empresas, onerando o sistema como um todo, e, em última instância, afetando a todos os usuários”, escreve o Trata Brasil.
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O índice de perdas na distribuição, que compara o volume de água que entra no sistema ao que é consumido, é calculado a partir de dados de 2020 do Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento (SNIS), que reúne informações declaradas pelas próprias empresas de abastecimento.
O estudo também traz outro índice, de perdas no faturamento, que no Estado fica em 31,6%. Ou seja, as empresas de abastecimento não conseguem cobrar também por cerca de 3 de cada 10 litros de água que produzem.
Esse segundo índice desconsidera em seu cálculo o que o estudo chama de volume de serviço, uma quantia que deveria representar a água utilizada por cada empresa em atividades operacionais. Há, no entanto, um entendimento variado entre as próprias prestadoras sobre o que seja esse volume.
Ele deveria aparecer como algo irrisório no cálculo, mas acaba causando distorções em comparações. Por conta disso, o Trata Brasil elabora também um índice de perdas no faturamento total, que põe esse volume de serviço na conta.
Nos três casos, são considerados exemplos de excelência índices em até 25% de perdas, uma vez que, conforme destaca o estudo, elas são inevitáveis até certo ponto.
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Entre os Estados do país, só o Tocantins alcança essa marca, no caso do índice de perdas por faturamento, com a marca de 21,89%. Ele se encontra, no entanto, na região com piores resultados gerais, a Norte, com 56,5% de desperdício.
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Já entre as 100 maiores cidades brasileiras, também avaliadas, Blumenau é a única representante de Santa Catarina com desempenho elogiável, com 12,37% de perda no faturamento. No desperdício do faturamento total, o valor é de 20,38%.
Florianópolis e Joinville também são avaliadas, mas não têm resultados expostos na pesquisa por não estarem no ranking das 20 melhores nem no grupo das 10 piores.
O Brasil todo, por sua vez, tem perda no faturamento total de 40,9%. Na distribuição, 40,1% da água que se produz é perdida. Só a água desperdiçada por perdas físicas, com vazamentos, já seria suficiente para abastecer 66 milhões de brasileiros em um ano.
“Esta quantidade não somente equivale a pouco mais de 30% da população do país em 2020, como também corresponde a quase o dobro do número de habitantes sem acesso ao abastecimento de água nesse ano, cuja grandeza situa-se em torno de 33 milhões”, alerta o estudo.
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O país tem a meta de atingir um índice de perdas de 31% até 2033, segundo prevê o Plano Nacional de Saneamento Básico (Plansab) e relembra a Trata Brasil, mas regrediu ao menos em relação ao 2019, quando tinha 39,2% de perdas na distribuição da água.
Entre os países desenvolvidos, os Estados Unidos se destacam, com perda de 13,5% do faturamento total. Já na América Latina, o melhor resultado é da Bolívia, com 27%.