Santa Catarina foi o Estado que mais abriu vagas de emprego formal para estrangeiros no segundo trimestre deste ano. Foram 590 admissões a mais do que demissões entre abril e junho, conforme os últimos dados do Ministério do Trabalho e Emprego para esse recorte.

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O número representa um pouco mais de um quarto dos postos criados no país (2.018) no período. Paraná, com saldo positivo de 383, São Paulo (381) e Rio Grande do Sul (312) aparecem em seguida no ranking que cruza informações da emissão de Carteira de Trabalho e Previdência Social (CTPS) com as do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged). Na outra ponta, está Rio de Janeiro, que fechou 150 vagas, e Bahia (-39).

Na comparação com o segundo trimestre do ano passado, porém, o indicador caiu 52% em Santa Catarina. No período, o Estado abriu 1.098 novas vagas para imigrantes. Já de janeiro a março deste ano, foram criados 528 postos.

Para o presidente da Câmara de Relações Trabalhistas da Federação das Indústrias de SC, Durval Marcatto, o resultado do levantamento é reflexo do cenário econômico do Estado, que também apresenta números positivos na contratação geral de empregados – no acumulado do ano, são 28,9 mil vagas geradas.

Ele explica que o cenário era melhor em 2014, quando houve o boom da entrada de imigrantes pela fronteira somado à escassez de mão de obra em muitas cidades. No ano passado, apesar do bom resultado no segundo trimestre, SC perdeu 2.181 vagas para estrangeiros do total de 10.849 encerradas no país. Com a economia reagindo neste ano, aponta Marcatto, os números voltaram a crescer.

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– Hoje eles (imigrantes) estão se ambientando com o Estado, procurando se qualificar mais, o que é positivo – acrescenta.

Em 2015, foram 2.650 estrangeiros contratados no Estado, seguido de Paraná (1.982) e Rio Grande do Sul (1.703).

O levantamento do Ministério do Trabalho mostra ainda as principais nacionalidades de trabalhadores estrangeiros no país. No ano passado, haitianos foram os mais contratados (18.742). Porém, o grupo também foi o mais demitido (26.466), com 7.724 vagas encerradas. Argentinos e senegaleses aparecem em seguida com 4.063 admissões e 4.626 demissões, totalizando 563 postos fechados.

No mesmo ano, os imigrantes com ensino superior completo sentiram menos a retração do emprego. Do total de 10,8 mil vagas encerradas no país, 45 são desse grupo. Os estrangeiros com fundamental incompleto foram o que mais perderam vagas (-3.373).

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Cooperativa retoma contratações

Somente a Cooperativa Central Aurora Alimentos, com sede no Oeste do Estado, tem hoje 1,48 mil funcionários de outros países, a maioria haitiano. Segundo o vice-presidente da companhia, Neivor Canton, a contratação de estrangeiros ganhou força em 2014. No início, houve uma parceria entre o Ministério do Trabalho e a companhia para acelerar o processo e dar conta da demanda.

Em 2016, explica, a situação não foi tão positiva quanto a dos dois anos anteriores e o número de empregados se manteve. Mas neste ano, entre junho e setembro, foram 215 imigrantes admitidos só na cooperativa.

– Há um bom número de funcionários com curso superior. Já temos haitianos que ocupam funções importantes, como supervisores e encarregados – acrescenta.

O trabalho formal não foi difícil para Barnabás Jonas Jonathas, 28 anos, haitiano que está em Santa Catarina há quatro anos. Depois de trabalhar seis meses no setor de serviços gerais de uma empresa da Capital, conseguiu uma vaga na área de programação de software em janeiro de 2015. Antes de vir ao Brasil, ele cursava engenharia de computação na República Dominicana, curso que não conseguiu concluir.

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