A percepção de que Santa Catarina está lotada de turistas não se reproduz apenas nas filas dos congestionamentos no trânsito. Os proprietários de 82% dos bares e restaurantes do Litoral catarinense classificaram o movimento do período de festas como bom (46%) e excelente (36%). A avaliação, no entanto, é pior do que a registrada na temporada 2014/2015, quanto 90% avaliavam o movimento como bom ou excelente.
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— Como a gente faz um comparativo, a gente não pode ver apenas os números deste ano. Ela foi boa, mas não foi melhor do que o ano passado — conta Fábio Queiroz, presidente da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel) em Santa Catarina.
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A proporção de empresários que consideraram o movimento “muito melhor” foi de 8%. Os que consideraram “melhor” são maioria, 36%. Mas 29% perceberam um movimento “igual” e 20% como “pior”. A pesquisa leva em conta os dias do período entre 21 de dezembro de 2015 e 3 de janeiro de 2016 realizada pela Abrasel, que coletou informações de 100 estabelecimentos de todo o litoral catarinense.
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Em relação à origem dos turistas, o Estado que mais chamou a atenção dos proprietário de bares e restaurantes pelo número de visitantes foi São Paulo (35% perceberam maior fluxo dessa origem), Paraná (27%) e Rio Grande do Sul (26%).
— Foi bem bom até agora. Bastante turista. Tivemos muita gente de São Paulo, Curitiba e Santos — conta Jorge Luis dos Santos, chefe dos garçons do Portela Restaurante em São Francisco do Sul.
Ele trabalha há 15 anos no local e destaca que a temporada está sendo a melhor dos últimos anos. Mas já viu outros momentos de mais movimento nesse período de mais de uma década em que está no restaurante.
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Em Florianópolis, o nível de satisfação com o período de festas foi um dos mais altos entre os municípios pesquisados. As avaliações de ótimo e bom superaram 90%, enquanto nenhum considerou ruim. Mesmo assim, a Capital registrou 98% de satisfação na temporada passada.
— O que a gente percebe é que vieram bastante argentinos. Agora os brasileiros sumiram todos — conta Daniel da Silva, 36 anos, sócio proprietário do restaurante Paixão de Verão, na praia dos Ingleses.
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No caso dele, que administra o restaurante fundado há 30 anos por seus sogros, quem deve garantir uma boa temporada são o estrangeiros. Ele percebeu que os brasileiros vieram em bom número, mas só para esse período do recesso.
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— O período de de dezembro foi igual, mas janeiro nesse início ficou mais intenso. O problema é que terminou meio rápido — conta Daniel.
Na avaliação do movimento para toda a temporada em relação ao ano passado, a pesquisa constatou que 51% dos empresário entrevistados afirmaram esperar que seja melhor do que a anterior no acumulado de todos os meses do verão. Ali nos Ingleses, a expectativa do empresário é que os estrangeiros sustentem os bons números dessa temporada.
Queda no poder aquisitivo
Outro destaque da pesquisa envolve a percepção de quanto variou o poder aquisitivo dos clientes. Para 52% dos empresários entrevistados, a capacidade de compra ficou igual em relação à temporada anterior. Mas na variação para alto ou baixo, ganhou a crise: 35% perceberam os gastos ficarem menores e apenas 13% tiveram clientes menos preocupados com os preços.
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— Os pratos mais caros estão saindo bem pouco. O pessoal está preferindo os mais baratos, a pescada ou algumas opções de carne mais em conta — afirma Santos, do Portela Restaurante.
De acordo com o presidente da Abrasel, era perceptível um aumento do poder de compra até 2014, quando houve uma leve queda. Nesse ano, os impactos da crise aparecem de forma mais aparente na renda dos clientes.
Mas nem todos os lugares seguiram a mesma lógica mostrada como tendência na pesquisa. O TAJ, de Balneário Camboriú. Nesse período, eles viram o movimento da casa aumentar 50%.
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— O número é menor do que o da outra temporada, mas o ticket médio foi maior do que o ano passado — explica Karina Rodrigues, do administrativo do bar de comida asiática.
Entre os problemas do início da temporada, a alta dos custos foi detectado significativamente – enquanto nesta pesquisa foi apontado por 26% dos proprietários, no ano passado foi citado por somente 7% deles.
A grande reclamação da elevação dos custos acabou mascarando outros problemas, como o trânsito. No ano passado 43% disseram ser a principal dificuldade, enquanto em 2016 o gargalo foi apontado somente por 20%. Os investimentos do estado para evitar imbróglios com a falta de água e energia elétrica foram sentidos pelos consultados.
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— Ao contrário do trânsito, que está ainda mais caótico diante do grande número de turistas, água e luz tiveram pouca expressão nesta pesquisa — explica o presidente da Abrasel em Santa Catarina.
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