Santa Catarina perdeu 32.260 vagas de emprego em 2016, segundo pior resultado em 14 anos, superado apenas pelo saldo negativo de 2015, de 58.599. O resultado do ano passado, portanto, embora ruim, mostra certa perda de fôlego da crise, cenário também percebido em nível nacional. No país, o saldo foi de menos 1.321.994, 14% menor que em 2015, quando o Brasil perdeu 1.534.989 postos de trabalho.
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Os dados são do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), divulgados nesta sexta-feira pelo Ministério do Trabalho. São levados em conta apenas empregos com carteira assinada,
Na comparação entre os estoque de emprego de 2015 e 2016, Santa Catarina teve o quarto melhor resultado das 27 unidades da federação, com queda de 1,63%. Roraima foi o único Estado que registrou aumento no estoque e saldo positivo de vagas em 2016.
Em dezembro, mês que historicamente apresenta saldo negativo, a perda em Santa Catarina foi de 26.329 vagas, melhor resultado para o período desde 2011.
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— A economia brasileira sofre uma de suas maiores crises e todos fomos afetados. Mas estamos entre os Estados que menos sofreram – afirma a coordenadora do Observatório de Conjuntura Econômico da ESAG/UDESC, professora Marianne Stampe.
De janeiro a dezembro, a administração pública foi o único de oito setores com saldo positivo no Estado (490). Dos demais segmentos, o que mais sofreu em 2016 foi a indústria, com perda de 14.185 postos, resultado muito afetado por dezembro (-15 mil vagas), que surpreendeu inclusive o presidente da Federação das Indústrias do Estado de Santa Catarina (Fiesc), Glauco José Côrte:
— Esperávamos perda, mas não com essa magnitude, até porque tivemos saldo positivo em novembro. Entretanto, o resultado foi melhor que em 2015, quando perdemos 18.298 em dezembro e 36.489 no ano. Acredito que começaremos a melhorar, devagar, na metade do ano – diz Côrte.
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A segunda maior perda foi da construção civil, que viu desaparecerem 8.368 vagas em 2016. O presidente do Sindicato patronal da categoria em Florianópolis (Sinduscon), Hélio Bairros, acredita que a retomada do segmento deve começar a ocorrer apenas em 2018.
— Se acabarmos este ano com juros (Taxa Selic) entre 9% e 10%, que é o calcanhar de Aquiles da construção, ainda assim nossa retomada só começará no segundo semestre de 2018. O nosso setor é o primeiro a sofrer o impacto da crise, já viemos sofrendo desde 2013. E para retomar é muito devagar porque primeiro é preciso comprar um terreno, depois, trabalhar o terreno, ter projeto, licenças, então tudo demora muito no nosso segmento – explica Bairros.
De acordo com a professora da UDESC, para 2017 pode-se esperar estabilidade em relação ao desemprego, com pequena melhora para o segundo semestre.
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— Apesar de aprovada a PEC dos gastos e de estar sendo discutida uma reforma previdenciária, elas têm que ser postas em prática, e isso é em longo prazo. A recente queda mais forte da taxa de juros deve ajudar na recuperação, mas também não tem efeito imediato – afirma Stampe.