Santa Catarina fechou o ano com crescimento no número de doadores de órgãos. Em 2017, foram registrados 282 doadores de múltiplos órgãos, o que corresponde a 40,28 doadores por milhão de população no ano – número recorde na história do Estado. No país, o indicador ainda não foi divulgado, mas até setembro era de 16,6. Ou seja, SC teria uma taxa cerca de três vezes maior do que a média brasileira.
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Para o coordenador da Central Estadual de Transplantes de Santa Catarina (SC Transplantes) do governo do Estado, Joel de Andrade, esse alto índice está relacionado com a maior detecção de morte encefálica e maior efetivação dessas mortes em transplantes, chegando a um percentual de 49,6%. Outro fator é que tem diminuído o número de famílias que se negam a fazer a doação. Hoje, esse percentual de negativa é de 33%. Para Andrade, há uma maior sensibilização da população, até porque o Estado lidera há praticamente 13 anos ininterruptos o ranking de doação de órgãos no país.
Apesar do aumento no número de doadores, o número de transplantes caiu em relação a 2016, de 1286 para 1217, afinal um mesmo paciente pode doar múltiplos órgãos e tecidos. Andrade acredita que a queda está relacionada à diminuição na fila de espera para doação de córneas e a casos em que o órgão doado é levado para atender pacientes em outros Estados.
Outro ponto é a fila de espera por transplantes, que terminou o ano de 2017 com 559 – número acima de dezembro de 2016, quando eram 535. O coordenador defende que o número se mantém praticamente estável e que há equilíbrio entre demanda e doações:
— Nós já tivemos 1,5 mil pacientes na lista de espera. Nossa lista tem encolhido e agora é estacionária, o que é muito raro.
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Juarez Alves Nunes é vice-presidente da Associação dos Pacientes Renais de Santa Catarina (Apar) e passou por um transplante de rim há 21 anos. Para ele, é fundamental fazer ainda mais campanhas sobre a importância da doação:
— Aumentaram os doadores, mas não aumentaram os transplantes, e isso é uma preocupação. Você tem logística, tem tudo, mas precisa ter a doação.
Nunes defende que famílias conversem sobre o tema em casa, o que facilita a decisão na hora da abordagem da equipe de transplantes.
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