Após nova avaliação, a Diretoria de Vigilância Epidemiológica de Santa Catarina (Dive) removeu 442.255 pessoas dos grupos prioritários para receber a vacina contra a Covid-19. A medida ocorreu após atualização das estimativas do grupo de pessoas com comorbidades e o de gestantes e puérperas. A população total com prioridade para receber o imunizante, que antes era de 2,9 milhões, passou agora para 2.526.860.

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A atualização foi feita porque a Dive identificou que a estimativa anterior, que integrava o Plano Estadual de Imunização, estava superestimada para a população com comorbidades. Segundo a Dive, os cálculos haviam sido feitos pelo Ministério da Saúde. A nova estimativa da Dive se baseou na população atendida pela campanha de vacinação da gripe. Com isso, o grupo de pessoas com comorbidades saiu de 664.772 para 295.285.

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Além disso, o grupo prioritário de gestantes e puérperas também passou por revisão: antes abrangia 85.608 mulheres, e agora são 12.841. Ficaram apenas mulheres com comorbidades. Com isso, 72.767 gestantes e puérperas sem alguma doença crônica associada estão temporariamente fora da população prioritária, segundo a Dive, até que haja nova orientação do Ministério da Saúde.

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A Vigilância em Saúde estadual decidiu fazer essa atualização porque percebeu que o percentual de pessoas com comorbidades vacinadas com primeira dose ainda estava muito baixo, mesmo duas semanas após o início do atendimento a esse grupo. A taxa girava em torno de 30%. Com a redução desse público-alvo para cerca de 308 mil pessoas, a cobertura vacinal com a primeira dose subiu para 73,4%.

Veja na tabela abaixo o andamento da vacinação para cada grupo prioritário:

Ainda assim, restam cerca de 72,2 mil pessoas no grupo de comorbidades a serem vacinadas com a primeira dose e 9,4 mil gestantes e puérperas com doenças crônicas. O número de pessoas que ainda não se vacinaram preocupa o Estado.

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– Não há explicação, uma questão lógica sobre a baixa procura das pessoas com comorbidades, que não seja um simples receio de que a vacina possa fazer mal, o que não é verdade. A vacina é segura e eficaz. Ou mesmo pode haver uma dificuldade de acesso. Por isso, orientamos os municípios a ampliarem o número de postos, buscarem as pessoas nas casas, nos registros, fazerem publicidade para que as pessoas saibam qual a condição crônica que dá o direito de tomar a vacina, assim como orientando a equipe de vacinação para aceitar a documentação – afirma o superintendente de Vigilância em Saúde de SC, Eduardo Macário.

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Não se vacinar é também expor os demais ao risco de infecção, alerta Aguinaldo Pinto, professor do Departamento de Microbiologia, Imunologia e Parasitologia da UFSC:

A vacinação é uma prática coletiva. Quando a pessoa se vacina, ela se protege e protege os outros também. Se a cobertura for pequena, não tá protegida. Aguinaldo Pinto, professor do Departamento de Microbiologia, Imunologia e Parasitologia da UFSC

Com revisão, vacinação da população prioritária pode terminar um mês mais cedo

Com a redução da população prioritária em SC para cerca de 2,5 milhões, a vacinação de todos os grupos com as duas doses tende a terminar pelo menos um mês mais cedo.

Segundo estimativa do Monitor da Vacina, do NSC Total, se o Estado mantiver o atual ritmo, de 22 mil doses aplicadas diariamente, a população prioritária deve ser vacinada com duas doses até 4 de outubro. Antes, quando a soma desse público era de 2,9 milhões, a previsão era de 6 de novembro.

Até o momento, a orientação do Ministério da Saúde era de que apenas quando o público prioritário tivesse doses garantidas o restante da população começaria a ser atendido pela campanha de imunização. Mas na tarde desta quinta-feira, o governador Carlos Moisés confirmou que paralelamente também será vacinado o público em geral, respeitando as faixas etárias. Segundo Moisés, isso ocorrerá conforme a disponibilidade de doses e ainda haverá definição do cronograma com os municípios.

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Dados ainda podem passar por revisão de municípios e Estado

A estimativa do grupo com comorbidades ainda pode passar por novas revisões, caso as prefeituras identifiquem discrepâncias.

– Solicitamos que todos os municípios esgotem as tentativas e as buscas de pessoas que fazem parte dos 23 grupos de comorbidades, para que a gente possa ter uma garantia de que a população foi superestimada – explica Macário.

Entre os 23 tipos de comorbidades consideradas no Plano Estadual de Vacinação estão doenças como diabetes, pulmonares, hipertensão, cardiovasculares, renais, anemia, obesidade mórbida, síndrome de Down e imunossuprimidos – no qual entram pessoas transplantadas.

Não é a primeira vez que a Dive faz uma revisão no total de integrantes do grupo com comorbidades. Em fevereiro, o órgão removeu 728,5 mil pessoas dessa conta, sob a justificativa de que a redução ocorreu porque a atualização naquela ocasião trazia números feitos com base em uma estimativa populacional do Ministério da Saúde, que seria mais precisa, segundo Macário. Na primeira versão do Plano Estadual de Vacinação, apresentada em dezembro, sem projeções passadas pelo governo federal, o Estado teria incluído uma margem adicional de 30% para possíveis divergências.

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Prefeitura de Florianópolis afirma ter identificado discrepância na contagem de grupo prioritário

A prefeitura de Florianópolis também percebeu a disparidade entre a população estimada e a que procurou a vacina até agora. Na página onde são exibidas as estatísticas da vacinação, o Vacinômetro, o público-alvo de comorbidades foi zerado, onde antes apareciam cerca de 105 mil pessoas.

Vacinação em Florianópolis
Vacinação em Florianópolis (Foto: Divulgação/PMF)

Segundo Sandra Costa, coordenadora do plano de vacinação de Florianópolis, o cálculo inicial era baseado no Vigitel, pesquisa por amostragem feita por telefone pelo Ministério da Saúde. Mas como a vacinação contra gripe e as informações encontradas na rede pública de saúde indicavam para um número menor de pessoas nessa condição, o dado está sendo revisado. Por enquanto, estima-se que fique na casa de 40 mil as pessoas com comorbidades na Capital.

Seguindo a recomendação da Vigilância Estadual de esgotar a vacinação desse público e também de anteriores, Florianópolis vai vacinar contra a Covid-19 em todos os postos de saúde da cidade neste sábado, das 8h às 17h, só para quem não recebeu a primeira dose. Quem frequenta o posto do Centro, deve ir ao local de vacinação na Rua Dom Joaquim. Conforme Sandra, pessoas que fazem uso da rede municipal já têm prontuário na unidade, por isso não precisam levar atestado comprovando a comorbidade.

Mais dados da vacinação nas cidades de SC estão no Monitor da Vacina

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Monitor da Vacina

Veja dados da vacinação no Monitor da Vacina
Dados de doses aplicadas por cidade, doses enviadas,
calendário da vacinação e comparação com outros Estados.
Atualizado às segundas, às quartas e às sextas

Painel do Coronavírus

Veja o mapa da covid no Painel do Coronavírus
Mapa da covid em SC, dados de mortes e casos ativos de
coronavírus, curados e a situação por cidade e nos Estados.
Atualizado diariamente a partir das 16h

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