Santa Catarina se aproximou comercialmente com a Alemanha após a queda do Muro de Berlim e a reunificação do povo germânico. É isso que mostram dados do Ministério da Economia sobre essa balança comercial.
Continua depois da publicidade
Em 1989 (primeiro ano da série histórica e último com a divisão física da capital alemã) as exportações do Estado às Alemanhas somaram 96,2 milhões de dólares. No ano seguinte esse número cresceu para 142,2 milhões de dólares. Em 1991, o valor em produtos que foram exportados chegou à marca de 203,2 milhões de dólares – aumento de 111,2% em comparação ao ano em que o muro caiu.
Do fim da década de 1990 até 2005, esse índice oscilou entre 200 milhões e 300 milhões de dólares, e teve uma evolução a partir de 2007, quando chegou a passar de 500 milhões de dólares.
Em 2019, assim como nos últimos anos, as exportações de Santa Catarina à Alemanha devem somar pouco mais de 300 milhões de dólares, índice comprometido principalmente pela desaceleração da economia global e pelas incertezas do mercado internacional, de acordo com relatório da Federação das Indústrias de Santa Catarina (Fiesc).
Já as importações feitas por SC de produtos alemães tiveram um boom nesta década, em contraste à evolução lenta que teve após a queda do Muro de Berlim. Em 1990, ano de reunificação da Alemanha, o indicador de compras do Estado com os alemães caiu de 57 milhões (em 1989) para 42 milhões de dólares. Entre 1997 e 2006 o número ficou abaixo de 200 milhões de dólares. De 2007 em diante houve um crescimento exponencial e em 2014 as importações somaram mais de 1 bilhão de dólares.
Continua depois da publicidade
Na avaliação do empresário Hans Dieter Didjurgeit, que até maio era o titular no cargo de Cônsul Honorário da Alemanha em Blumenau, essa evolução das relações comerciais entre SC e os alemães foi motivada pelo aumento do consumo atrelado aos investimentos do governo local.
A Alemanha dobrou de tamanho e houve muito investimento no Oeste, o que movimentou os mercados e incentivou a recuperação econômica. O país foi reconstruído, ampliou a capacidade produtiva, e isso resultou em um aumento no consumo das pessoas.
No ano passado a Alemanha foi o oitavo principal destino das exportações em Santa Catarina e o primeiro país europeu na lista de parceiros do Estado. Os principais produtos catarinenses vendidos aos alemães são carne, motores, peças de motores e madeira, enquanto as importações são de instrumentos médicos, produtos químicos, carros e acessórios para veículos, conforme a Fiesc.

Pedaços do muro hoje são pontos turísticos
No chão da capital alemã, marcas na rua indicam exatamente por onde passava o Muro de Berlim. Visitantes à procura da foto perfeita põem os pés de um lado e do outro ao mesmo tempo, gesto que representa a facilidade nos dias atuais de passar do lado Oriental para o Ocidental. E não são apenas esses vestígios que recordam um dos capítulos mais importantes do século 20. Há, até hoje, trechos preservados do muro.
Esses pedaços são pontos turísticos. Ao mesmo tempo em que não deixam que seja apagada totalmente a história das Alemanhas separadas, transmitem àqueles que passam por Berlim a sensação do que foi o período de mundo bipolar liderado por Estados Unidos e União Soviética.
Continua depois da publicidade
No Memorial do Muro de Berlim, vídeos e fotos retratam a vida dos alemães desde a construção até a derrubada da estrutura. Por lá, o visitante pode subir em um terraço para ter uma visão panorâmica de um dos trechos intactos.

Do lado de fora do memorial, há uma enxurrada de sentimentos. A começar por outras marcas no chão que representam as pessoas que morreram tentando atravessar o muro – foram 136, de acordo com dados históricos.
Em outro lugar, bem pertinho, em meio aos jardins bem cuidados, um dos trechos preservados se contrasta com barras de ferro, transformando a imagem do muro em uma grande obra de arte a céu aberto. O turista Ricardo dos Santos, de Balneário Camboriú, conheceu Berlim com a esposa e passou pelos trechos do muro. Ele resume o sentimento:
– A sensação é de tristeza, de algo vazio. É impressionante o que o ser humano faz pela ambição.
Falando em arte, o pedaço mais bem preservado do muro, que tem 1,3 quilômetro, foi transformado em uma grande galeria com obras. É a East Side Gallery, que reúne pinturas de centenas de artistas de todos os cantos do mundo. Os desenhos ficam voltados à parte Oriental, ou seja, a socialista, e resumem um sentimento de euforia pela reunificação alemã.
Continua depois da publicidade
O quadro mais famoso é uma representação do beijo fraternal, um episódio que envolveu os líderes da União Soviética e da Alemanha comunista. Por ali, todos aproveitam para tirar uma foto. A turista norte-americana Simone Gussman diz que passar pelos trechos do Muro de Berlim traz reflexões também sobre os tempos atuais.

– Não acho que seja apenas esse momento da Guerra Fria, e sim algo que acontece desde sempre e atravessa gerações. Minha família, por exemplo, é da Irlanda, e estar aqui me lembra os conflitos com a Irlanda do Norte, ou até das Coreias do Norte e do Sul. Tudo parece girar em torno de “nós somos diferentes, então vamos construir um muro” – critica a estudante dos Estados Unidos.
Turistar por Berlim traz a sensação de voltar no tempo algumas vezes. O Checkpoint Charlie, por exemplo, era um dos postos militares controlados pelos Estados Unidos e que regulava a entrada e saída dos alemães. A estrutura foi desmontada após a reunificação da Alemanha, mas uma réplica da cabine foi colocada por lá e simboliza os tempos de Guerra Fria – até mesmo com atores que interpretam soldados. Em outro lugar, chamado de Topografia do Terror, uma exposição ao lado do Muro de Berlim reúne informações e imagens da época do nazismo.
Tudo com o objetivo de lembrar sobre o passado alemão.