As negociações entre Santa Catarina e Coreia do Sul para a exportação de carne suína catarinense estão previstas para serem concluídas na segunda-feira. O anúncio foi feito pelo ministro da Agricultura, Blairo Maggi, e confirmado ontem por autoridades do setor no Estado. Quatro frigoríficos estariam habilitados para vender aos asiáticos: BRF, de Campos Novos, Pamplona, de Presidente Getúlio, Aurora, de Chapecó, e Seara, da cidade homônima.
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Além do acordo com a Ásia, outras decisões que impactam o setor estão previstas para a próxima semana. A Rússia deverá pôr fim ao embargo, vigente desde novembro, à proteína bovina e suína. Somente em 2017, Santa Catarina vendeu 265,2 milhões para os russos. Há ainda a expectativa da chegada no começo de maio de uma delegação chinesa para liberar mais plantas à exportação.
No caso da Coreia do Sul, o provável anúncio será um dos últimos passos de uma longa negociação que se estende por anos e incluiu a visita à Ásia de uma comitiva liderada pelo então governador Raimundo Colombo em julho de 2016. Em abril do ano passado, foi a vez de um grupo de autoridades coreanas visitar as plantas catarinenses. Com a abertura do mercado, o setor produtivo do Estado espera que os primeiros embarques ocorram entre maio e junho.
Vice-presidente da Federação da Agricultura e Pecuária de Santa Catarina (Faesc), Enori Barbieri explica que o mercado da Coreia é considerado premium como o Japão. Ele lembra que a abertura é apenas para Santa Catarina, único Estado do país com o status de livre da febre aftosa sem vacinação.
— A Coreia do Sul e o Japão compram cortes nobres. As empresas precisam adaptar-se. Não são grandes volumes, mas é uma mercadoria com alto valor agregado — afirma Barbieri.
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A Coreia do Sul importa anualmente 650 mil toneladas de carne suína de cerca de 20 países.
— Teremos de tomar o espaço de outro fornecedor — acrescenta.
Retorno a partir de novas regras
A reabertura do mercado russo, que tem sido o principal destino da carne suína catarinense nos últimos anos, é outra notícia aguardada pela cadeia produtiva. Segundo o secretário estadual da Agricultura e Pecuária, Airton Spies, o retorno das exportações só ocorrerá mediante novos termos: o Brasil passará a importar trigo e bacalhau da Rússia.
O embargo começou em novembro de 2017, depois que foram detectados na carne exportada substâncias como ractopamina e outros estimulantes para o crescimento da massa muscular dos animais. No Brasil, não há proibição a esses itens, mas a Rússia os veda.
— Somos parceiros tradicionais. O Brasil aceitou as condições impostas pelos russos e o comércio deve retornar — diz Spies.
Conflito positivo para o Estado
A guerra comercial entre Estados Unidos e China pode acabar sendo positiva para os exportadores de carne catarinenses.
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O ministro Blairo Maggi anunciou na terça-feira que uma comitiva chinesa é esperada para o começo do próximo mês. A intenção dos orientais é aumentar o número de plantas credenciadas a exportarem ao gigante asiático.
Atualmente, há exportação para lá, porém o volume deve aumentar em função de uma sobretaxa de 25% na carne suína norte-americana.
— Eu acho que as exportações de Santa Catarina para a China podem crescer até 20%. A partir do segundo semestre, devemos ter resultados muito positivos, que podem compensar esse começo de ano conturbado — acredita Barbieri.