Santa Catarina está entre os estados brasileiros com maior tendência de alta de mortes por coronavírus, aponta análise de média móvel divulgada nesta terça-feira (14) pelo jornal O Globo. Conforme o levantamento, os dados de Santa Catarina, Rio Grande do Sul e Paraná colocam a região Sul como a de maior variação no crescimento de mortes pela Covid-19 no país neste momento.
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Nos estados do Rio Grande do Sul e do Paraná, as médias móveis de morte dobraram em relação aos últimos 14 dias, com altas de 98,5% e 95,8%, respectivamente. Em Santa Catarina, o índice é de 47,7%.
Entre todos os 11 Estados que têm tendência de alta nas mortes por covid-19 segundo o levantamento do jornal O Globo, SC teve a sétima maior alta na média móvel. O Mato Grosso do Sul, com 133,3% de crescimento nos óbitos, teve o maior aumento de mortes nos últimos 14 dias, seguido por Rio Grande do Sul, Paraná, Tocantins (80%), Distrito Federal (72,5%) e Minas Gerais (65%).
O levantamento mostra ainda que, dos 11 estados que estão com tendência de crescimento no número de mortes por coronavírus, seis tiveram média móvel de morte recorde nesta terça-feira (14), incluindo SC (16,4%), PR (41,7) e RS (38,9).
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A “média móvel” de 7 dias faz uma média do número de mortes entre o dia e os seis anteriores. Ela é comparada com média de 14 dias para indicar se há tendência de alta, estabilidade ou queda. O cálculo é um recurso estatístico para conseguir enxergar a tendência dos dados.
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Para o levantamento, foram utilizados os números compilados pelo consórcio de veículos de imprensa que monitora as estatísticas da Covid-19 no Brasil, que inclui o próprio O Globo, além de Extra, G1, Folha de S.Paulo, UOL e O Estado de São Paulo.
Desde o início de junho, Santa Catarina iniciou uma escalada sem precedentes na pandemia do coronavírus, como mostrou levantamento do Diário Catarinense.
De uma média inferior a 100 casos novos diários em maio passou para mais de 1,4 mil nesta semana. Apenas entre 14 de junho e 4 de julho ocorreram pelo menos 196 mortes, quase metade de todos os óbitos até então. Ao mesmo tempo, o Estado começou a registrar recordes consecutivos na ocupação de leitos de terapia intensiva (UTIs).
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Nesta terça, Santa Catarina atingiu o número mais alto de casos ativos de coronavírus desde o início da pandemia, com 489 pacientes em tratamento. Também foram confirmados 2.235 novos diagnósticos para a doença e outras 17 mortes. O total de casos, segundo balanço da Secretaria de Estado de Saúde (SES), chega a 46.050 e o de óbitos a 534.
A epidemiologista da Diretoria de Vigilância Epidemiológica de SC (Dive-SC), Maria Cristina Willemann, confirma que de fato há tendência de aumento de óbitos por covid-19 em SC. Na avaliação dela, isso se deve ao aumento no número de casos, já que as mortes são uma proporção do total de inefctados, e também está diretamente ligado ao contato entre as pessoas.
— As medidas de promoção do isolamento social têm objetivo de restringir o contato entre as pessoas. Quando essas medidas têm menor força, as pessoas tendem a ter mais contato e, dessa forma, a doença ocorre em maior quantidade.
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A especialista também destaca que a alta de óbitos ocorre em um momento de maior atividade de vírus respiratírios no Sul do país, e que por isso o aumento já era esperado para este período.
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— Para que haja qualquer modificação nessa curva de mortes, é preciso observar diminuição no número de casos. Além de aumentar capacidade hospitalar e organizar os serviços para que não haja pessoas que evoluam para caso grave sem assistência, é preciso intervir na promoção do isolamento social. Ações que evitem aumento do número de casos são fundamentais entendendo que óbitos e casos graves são reflexos do número de casos — avalia.
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O epidemiologista da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), Fabrício Menegon, avalia que embora a curva esteja menor do que os Estados do Paraná e Rio Grande do Sul, a tendência em Santa Catarina também é de alta e requer atenção e medidas restritivas.
— É mais do que urgente que o governo do Estado articule uma estratégia com os municípios, ou com as Associações de Municípios de cada região. A condição ainda é favorável para isso, mas não irá durar muito. E tende a piorar muito rápido. Por isso, é hora de sair da sombra e chamar a responsabilidade — cobra o especialista.
A reportagem solicitou um posicionamento do governo do Estado sobre o levantamento do jornal O Globo que aponta alta na curva de óbitos, mas até a última atualização desta reportagem não obteve retorno. (Colaborou Jean Laurindo)
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