O Ministério da Saúde estima que Santa Catarina registre mais de 39 mil novos casos de câncer neste ano. Entre as doenças que devem ter a maior incidência entre a população catarinense estão tumores nas mamas, no intestino, pulmão e de pele não melanoma. O levantamento é do Instituto Nacional do Câncer (Inca), referente aos números esperados para o triênio de 2023 a 2025 em todo o país.

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A previsão indica que o estado irá se manter estatisticamente estável, de acordo com o médico Marcelo Zanchet, diretor geral do Centro de Pesquisas Oncológicas (Cepon). Ele destaca que a maior porcentagem de tumores serão de pele não melanoma, cerca de 36,6%, como já era esperado pela comunidade médica.

O câncer de mama continuará sendo a doença mais comum entre as mulheres, com a expectativa do registro de 3.860 novos casos. Já entre os homens, os tumores na próstata serão os mais frequentes, com estimativa de 1.700 novos registros para este ano. Veja a lista de novos casos por neoplasia abaixo.

Para Zanchet, essas estatísticas cumprem um papel importante para o setor de saúde atuar na prevenção e diagnóstico de novos casos. A hematologista e gerente técnica do Cepon, Mary Anne Taves, cita que a partir dos dados com as dimensões das doenças é possível planejar o orçamento anual e fazer ações de conscientização.

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— Quanto mais conheço sobre oncologia, entendo que ter os dados me ajuda a fazer programas de diagnóstico precoce, tratamento e controle da doença na população. Isso inclui a educação e divulgação dos fatores de risco evitáveis dos hábitos de vida como fumo, álcool, alimentação saudável e controle de peso — exemplifica a gerente técnica.

Incidência do câncer em SC

A taxa de incidência das neoplasias na população catarinense será de 527,7 a cada 100 mil habitantes, a partir dos cálculos brutos do Inca. O instituto explica que esses cálculos dependem da capacidade de diagnóstico dos casos de câncer, que, por sua vez, está relacionada à adequação, ao acesso e à utilização dos serviços de diagnóstico.

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No Estado, há diferença na distribuição dos casos de tumores entre homens e mulheres. Excluindo as doenças exclusivas de cada gênero, por se desenvolverem no sistema reprodutivo, as mulheres possuem mais chance de diagnóstico de neoplasias na glândula tireoide, no pâncreas, leucemias e linfoma não Hodgkin. Os demais tipos de câncer analisados pelo Inca possuem maior incidência entre os pacientes masculinos.

Gráfico indica a taxa de incidência de câncer por gênero em Santa Catarina (Imagem: Inca/Divulgação)

Do total, 310 novos casos de câncer devem ser diagnosticados em crianças e adolescentes que vivem no Estado. A incidência bruta sobre a faixa etária será de 165 por 1 milhão de pessoas de zero a 19 anos. Pela metodologia do Inca, a distribuição de diagnósticos entre meninos e meninas deve ser equilibrada, com 160 novos pacientes masculinos e 150 novas pacientes femininas.

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Em Florianópolis, a estimativa é que 4.670 casos de câncer sejam confirmados. Mais da metade deles devem ser de pele não melanoma. Por isso, a taxa bruta de incidência de novos pacientes com câncer deve chegar a 923,1 por 100 mil habitantes.

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— A incidência dos casos de neoplasias não melanoma, como o carcinoma epidermoide e basocelular, é muito alta principalmente em pessoas de pele mais clara. O melanoma ainda pode dar metástase e outras complicações — alerta diretor do Cepon.

Taves também explica que esse tipo de doença é subnotificado pois pode ser confundido com outras lesões de pele benignas. No entanto, os tumores podem ser retirados em atendimentos em consultórios e geralmente exigem menos gastos do poder público para diagnosticar e tratar, em comparação com outras formas de câncer.

Veja o número de diagnósticos esperados por tipo de câncer em SC neste ano:

  • Mama feminina – 3.860
  • Próstata – 1.700
  • Cólon e reto – 2.470
  • Traqueia, brônquio e pulmão – 2.090
  • Estômago – 1.160
  • Colo do útero – 880
  • Glândula tireoide – 350
  • Cavidade oral – 650
  • Linfoma não Hodgkin – 910
  • Leucemias – 760
  • Sistema nervoso central – 750
  • Bexiga – 760
  • Esôfago – 550
  • Pâncreas – 630
  • Fígado – 590
  • Pele melanoma – 1.040
  • Corpo do útero – 320
  • Laringe – 320
  • Ovário – 310
  • Linfoma de Hodgkin – 190
  • Outras localizações – 4.730

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Prevenção ao câncer de intestino é destaque em março

O câncer de intestino, também chamado de câncer colorretal ou de cólon e reto, deve ser diagnosticado em 2.470 pessoas residentes em Santa Catarina neste ano, segundo os dados do Inca. Deste número, 230 devem ser diagnosticados em Florianópolis. Trata-se do terceiro tipo de tumor mais comum entre os brasileiros.

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O mês de março foi escolhido por entidades de saúde para uma campanha de conscientização sobre a doença. O “março azul-marinho” de 2023 tem como tema “Saúde é prevenção. Cuide de você, evite o câncer de intestino”.

Apesar do levantamento do Cepon indicar que os diagnósticos de câncer colorretal tiveram uma leve redução no Estado, o médico gastroenterologista Nelson Cathcart Jr. orienta que a colonoscopia deve ser realizada por homens e mulheres dos 45 aos 50 anos.

— Esse exame pode ser realizado mesmo sem que a pessoa tenha sintomas. Afinal, durante a realização é possível verificar se há presença ou não de pequenos pólipos, que podem evoluir para um futuro câncer. E caso algum seja encontrado, ele pode ser removido durante a colonoscopia — destaca o médico.

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Os números do Cepon, que atende a Grande Florianópolis e outras cidades catarinenses, demonstram que 174 casos foram registrados em 2020, ano que começou a pandemia. Em 2019 haviam sido 246. Já em 2018, 393.

O câncer de intestino é o que foi diagnosticado entre famosos, como a cantora Simony, Preta Gil e Neguinho da Beija-Flor, e vitimou recentemente os ídolos do futebol, Pelé e Roberto Dinamite.

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