Santa Catarina voltou a ter bloqueios de rodovias no último final de semana organizados por grupos insatisfeitos com o resultado das eleições presidenciais de 2022, mas agora com uma mudança de perfil. A Polícia Rodoviária Federal (PRF) diz que os atos ainda de tom golpista passaram a adotar táticas terroristas e praticadas coordenadamente por homens encapuzados e extremamente violentos.
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A corporação, que já trata os episódios mais recentes como “bloqueios criminosos”, comunicou que precisou liberar cerca de 30 pontos de rodovias federais entre a noite da última sexta-feira (18) e a madrugada desta segunda (21), que amanheceu sem bloqueios, em operações conjuntas com a Polícia Militar, o Corpo de Bombeiros e, eventualmente, empresas concessionárias dos trechos.
Os bloqueios passaram a ser montados durante à noite e de modo coordenado, surgindo em diversas regiões do Estado e no mesmo horário. Eles ainda contaram agora com o uso de rojões e pedras contra policiais e motoristas, bombas caseiras feitas de garrafas com gasolina, derramamento de óleo na pista e “miguelitos”, como são chamadas armações de bananas com pregos retorcidos para furar pneus.
Os atos mais recentes ainda tiveram depredação do patrimônio público, com a destruição de grades de proteção das vias, e a formação de barricadas com pneus, latões de lixo e troncos de árvores.
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Veja imagens das táticas adotadas pelos bloqueios em SC
A superintendência da PRF no Estado ainda apontou que, além da guinada violenta na conduta, houve mudança no perfil da maior parte das pessoas presentes nos atos em relação aos bloqueios registrados imediatamente após a apuração das eleições, quando Lula (PT) venceu o presidente Jair Bolsonaro (PL).
— Não tem mais agora mulheres, crianças, idosos e famílias, como havia no final de outubro e início de novembro. Agora neste final de semana, na maioria dos bloqueios, havia homens adultos extremamente violentos e embriagados, com aquele estilo “black bloc”, de rosto coberto e com capuz — afirmou o inspetor Adriano Fiamoncini, porta-voz da PRF em Santa Catarina, ao NSC Total.
Ele também disse que outros Estados indicaram mudança semelhante no perfil dos bloqueios. A reportagem questionou a direção-geral da PRF sobre isso, mas ainda não obteve retorno.
Prisões e responsáveis
Em Santa Catarina, ao menos um homem de 37 anos, identificado como líder de um grupo, foi preso em meio aos atos violentos nas rodovias. Ele foi detido em Joinville, no Norte do Estado, na madrugada do sábado (19) e está agora no presídio regional da cidade, sem direito a fiança.
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Ele foi autuado pela Polícia Federal (PF) pelos crimes de associação criminosa; exposição a perigo outro meio de transporte público, impedindo ou dificultando o funcionamento; destruição, inutilização ou deterioração de coisa alheia; e desobediência a ordem legal de funcionário público.
A PRF diz que outras lideranças foram identificadas ao longo dos últimos dias, apesar de estarem com o rosto coberto durante os bloqueios, e também podem vir a ser presas. Além disso, a corporação diz ter levado o que foi colhido à PF, para que sejam investigados os atos.
Ainda questionada pela reportagem, a PRF afirma não haver confirmação de que os empresários já ligados a bloqueios anteriores sejam também suspeitos de financiarem os atos mais recentes.
A reportagem também procurou a Polícia Militar Rodoviária (PMRv), para confirmar se houve atos parecidos em rodovias estaduais no último fim de semana, mas não recebeu retorno até aqui.
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