Sentimentos antagônicos passados quatro anos. O choque e a frustração deixaram marcas, mas hoje o sentimento da torcida brasileira para com a Seleção é de otimismo e de esperança, similares aos que tomavam conta antes do jogo contra a Alemanha, em Belo Horizonte. A nova equipe a partir do toque do técnico Tite fez o torcedor que jurou nunca mais se levar pelo clima de Copa do Mundo fazer de conta que não houve promessa, pendurar a faixa verde e amarela e esperar que na Rússia o desfecho seja como o sonhado para o Mundial passado.

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Foi a maior derrota na história do selecionado nacional. A administradora Dominique Bara Faria foi testemunha ocular. Estava próxima de uma das bandeirinhas de escanteio do campo de ataque em que Thomar Müller, Miroslav Klose, Toni Kroos (duas vezes) e Sami Khedira marcaram os cinco primeiros tentos germânicos do 7 a 1 no Mineirão. Fez uma operação para deixar Joinville, no Norte de Santa Catarina, para se juntar aos familiares no estado-natal e torcer pela Seleção então comandada por Luiz Felipe Scolari. O esforço terminou em frustração, não chegou a assistir a maior parte do segundo tempo.

Não viu o gol solitário de Oscar, tampouco os outros dois de André Schürrle. É que o clima na arquibancada não era dos melhores. Com a irmãzinha pequena, a madrasta e ela sentiram desconforto. O clima pesou quando brasileiros ao redor não conseguiam conter os sentimentos diante de um solitário alemão eufórico com sua equipe. Dominique foi embora, voltou para casa com a sensação de que havia perdi tempo. No entanto, com uma nova Copa do Mundo no horizonte da Seleção, recobrou o ânimo e a torcida para o Brasil.

— Eu não acompanho muito. Tempos atrás eu confesso que tinha um pouco de medo da próxima Copa por causa do 7 a 1. Mas meu irmão me falou que o Brasil agora está jogando bem. Espero que seja melhor, que pelo menos os jogadores entrem concentrados em campo, porque naquele dia pareciam todos avoados. Estou animada, adoro Copa do Mundo, sou torcedora do mesmo jeito. Mesmo que não vença, gostaria que pelo menos a Seleção faça bons jogos, quem valham a pena assistir, que sejam competitivos – conta a torcedora de 24 anos, confiante na análise do irmão Luiz Fernando.

A administradora mineira que mora há 10 anos em Joinville faz parte da parcela de 36% dos brasileiros que têm grande e médio interesse pela Copa do Mundo, conforme pesquisa do Datafolha divulgada na última terça-feira. De acordo com o estudo, o trabalho do técnico Tite no comando da Seleção é ótimo ou bom para 64% e o otimismo está em alta: 68% acha que o Brasil vai conquistar o hexa na Rússia – desde 2002, o percentual só não é maior que o do Mundial de 2006, quando a mesma pesquisa indicou 83%.

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No entanto, a Copa não é tão aguardada quanto outrora justamente por causa da frustração do 7 a 1. Alessandro Marcelo de Souza não se deixa empolgar depois de assistir das arquibancadas, na companhia de um amigo, o vexame do time-anfitrião há quatro anos. O advogado criminalista de 43 anos está entre os 53% dos brasileiros, conforme o instituto DataFolha, que não têm interesse na Copa do Mundo.

Avaiano, ele acompanha o futebol e reconhece que o escrete brasileiro está melhor do naquele jogo, que um novo fiasco será mais difícil de repetir. Porém, está mais reticente com a Seleção. O sentimento que tinha antes foi corrompido pelo que se passou diante dos olhos no Mineirão em 8 de julho de 2014. Tanto que a programação para o próximo dia 22, sexta-feira, não inclui a segunda partida do Brasil na Copa do Mundo, diante da Costa Rica.

— Sinceramente, não estou muito empolgado. Os jogadores não correspondem à paixão que o torcedor oferece, aponta o meu lado emocional. Estou mais animado com a minha vida profissional. Tenho uma grande audiência marcada para a sexta-feira que tem o jogo do Brasil pela manhã. Será no início da tarde, em Garopaba, e pretendo viajar durante a partida.

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Foto: Arte DC