Santa Catarina atingiu um índice de alerta extremo de radiação ultravioleta nesta terça-feira (14), de acordo com o monitoramento do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). Florianópolis registrou um nível de incidência quase classificada como “risco extremo” à saúde, segundo os pesquisadores. Sem os cuidados necessários para enfrentar os raios ultravioletas, essa condição pode provocar problemas como câncer de pele e envelhecimento precoce.
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A Capital, única cidade catarinense monitorada pelo Inpe, teve um pico de quase 11 pontos na escala de índice de raios ultravioleta (UV), ainda na zona de risco “muito alto” à saúde humana. O momento de maior incidência de radiação sobre a superfície terrestre do município aconteceu por volta do meio-dia, que costuma registrar as maiores avaliações diárias.
— Isso é um alerta. Precisa de cuidado principalmente com a pele e olhos. Em Florianópolis, essa era a condição máxima de radiação prevista para o dia e que chegou a acontecer — explica Simone Sievert, pesquisadora do Inpe.

A radiação ultravioleta (UV) é uma parcela do total da radiação do sol que chega na superfície terrestre. Por ser um astro de temperatura muito elevada, o sol consegue emitir um espectro de ondas diferentes, incluindo a ultravioleta, a luz e o infravermelho. De acordo com a professora Márcia Fuentes, do Instituto Federal de Santa Catarina (IFSC), a onda ultravioleta possui energia suficiente para mexer na estrutura da matéria, diferente das demais radiações. Por isso, afeta mais a pele dos seres humanos do que a luz.
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O índice UV, medido pelo Inpe, estima o grau de perigo da incidência da radiação ultravioleta na pele humana. Portanto, quanto maior o índice, maior é a energia incidindo sobre o planeta (e as pessoas) e maior a necessidade de proteção contra esses raios.
— O pico do índice de ultravioleta é bem no horário do meio-dia, de almoço. A gente observa que a incidência começa a subir por volta das 10h e cai por volta das 16h — relembra Simone.
Por estar mais ao Sul do globo terrestre, Santa Catarina e Florianópolis não chegam a classificação mais grave do índice, que é “extremo”, dos números 11 a 18. Mesmo assim, a pesquisadora do Inpe considera que o valor registrado no Estado é perigoso e que ele está previsto para seguir no mesmo patamar até o fim de março.
— A gente continua com índices elevados até o final do verão e depois tem uma tendência de diminuição com a chegada do inverno. Em regiões ao sul, as medições podem variar de 4 a 5 no inverno para 9 e 10 no verão — relata Simone.
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Segundo a professora do IFSC, a incidência de UV é maior durante o verão por conta da proximidade do hemisfério Sul com o sol. O mesmo vale para a quantidade de radiação registrada em um mesmo dia, que possui pico por volta das 12h.
— Os índices são maiores das 10h às 14h porque o caminho da energia, das ondas, é menor. No nascer e pôr do sol, o caminho que a radiação faz é maior até a superfície e por isso não tem muito problema com a chegada de energia na nossa pele — explica Márcia.
Câncer e outros efeitos do UV
De acordo com o Inpe, as reações da pele humana à exposição de radiação UV podem ser classificadas
como imediatas ou crônicas, que terão resultado a longo prazo. A diferença entre elas depende do histórico de exposição da pessoa e o tipo de onda que a atingiu.
Os raios UVA são aqueles pouco absorvidos na estratosfera e que são responsáveis pela vitamina D no organismo humano. O excesso de exposição a esse tipo de radiação pode causar queimaduras de sol e, a longo prazo, pode levar ao envelhecimento precoce da pele.
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Já os raios UVB são “cerca de 1000 vezes mais ‘agressivos’ do que a R-UVA”, segundo o Inpe. Além de causar queimaduras, também são responsáveis por câncer de pele, que são mutações nas células por conta da capacidade que a radiação tem em modificar a matéria. Diferente do UVA, os raios tipo B são fortemente absorvidos pela camada de ozônio.
O corpo humano também pode responder ao período curto e de médio prazo de exposição com o bronzeamento, a aparição de sardas e outras pintas na pele.
Para além dos problemas que podem ser desencadeados pela radiação, o UV sobre a pele humana também é responsável por sintetizar a vitamina D3. De acordo com o Inpe, pequenos períodos de exposição ao sol já são suficientes para desencadear o processo de formação dessa vitamina. No Brasil, cerca de 15 minutos de sol nas mãos, braços e face, na janela das 9h às 16h, já é suficiente para regular a produção da vitamina, que age nos ossos, glândulas paratireóides, rins e intestino.
Cuidado com nuvens e areia
A nebulosidade do céu, em dias de tempo fechado, é uma espécie de barreira da radiação. No entanto, não é qualquer nuvem que pode proteger o ser humano. De acordo com Simone, alguns tipos específicos podem até refletir e aumentar a incidência de ultravioleta.
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— Em um dia totalmente coberto temos uma diminuição do IUV. Porém, aquelas nuvens chamadas de cumulus, amontoados de nuvem que a gente consegue ver o céu azul por trás, ela pode aumentar o IUV. Elas podem refletir a radiação na direção da superfície.
O mesmo vale a areia da praia, também lembrou a pesquisadora. Caso o sedimento seja de cor clara, há chance de que a radiação seja refletida na direção do indivíduo, mesmo estando debaixo de um guarda-sol, por exemplo.
Veja como se proteger dos raios UV
- Evitar a exposição ao sol sem proteção sempre que possível, principalmente nos horários mais intensos, ou seja, das 10h às 16h
- Se a exposição for inevitável, usar chapéus, guarda-sóis, óculos escuros, camisas de mangas longas e filtros solares durante qualquer atividade ao ar livre
- Usar filtro solar com FPS 15 ou mais e que protejam também contra os raios UV-A. Os filtros solares devem ser aplicados 30 minutos antes da exposição ao sol e reaplicados a cada duas horas ou após nadar, suar e se secar com toalhas
- Em ambientes externos, buscar ambientes com sombras de árvores ou marquises