Santa Catarina tem intensificado ações de combate à violência contra a mulher, com um aumento significativo no número de grupos reflexivos para autores de crimes. Atualmente, o Estado conta com 43 iniciativas que visam a conscientização e a prevenção de novos casos, um aumento de cerca de 34% em relação a 2022. A ideia desses espaços é trabalhar a conscientização e promover conversas que possam evitar a reincidência.

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— Depois do segundo encontro, comecei a entender como isso era importante não só para mim, mas para a sociedade — compartilhou um dos participantes desses grupos, que preferiu não se identificar. Ele faz parte de um grupo em Blumenau, uma das iniciativas pioneiras no Estado, criada em 2004, antes mesmo da promulgação da Lei Maria da Penha.

— Neste espaço, cada um tem uma experiência, traz uma fala, e tem um espaço de acolhimento, para que estes homens se sintam à vontade para poder falar e compartilhar suas experiências. A partir disso, construir reflexões, desconstruindo qualquer forma de enraizamento das violências, seja dentro de casa ou na relação com o mundo — destaca Ricardo Bortoli, assistente social do grupo.

Número de grupos aumentou no último ano

Adriano Beiras, coordenador do grupo de pesquisa Margens da UFSC e professor do Departamento de Psicologia da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), explica que a raiz da violência contra a mulher não está em um perfil específico, mas sim vem de um aspecto cultural. O necessário é desconstruir o machismo.

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— Faz parte da socialização masculina na nossa cultura ocidental, vinculado a aspectos de machismo, relações de poder, dificuldade de manejo de emoções, não entendimento do que é o ciúme, e até alguns aspectos relacionados à divisão de tarefas domésticas.

— Excluindo os grupos com reincidência zero, cerca de 5% é a taxa de retorno no sistema de justiça em dois anos. A gente entende que o trabalho com estes grupos é muito efetivo — avalia Michelle Hugill, servidora do Tribunal de Justiça de Santa Catarina.

Segundo o Anuário Brasileiro de Segurança Pública, Santa Catarina tem a maior taxa de ameaça do Brasil, 1.765,5 a cada 100 mil mulheres. No ano, foram mais de 68 mil ameaças registradas, cerca de 165 por dia em 2023.

Em média, 8 a cada 10 homens ingressam em grupos reflexivos após uma medida protetiva de urgência no Estado. Outros são encaminhados pela Justiça como parte da pena, após a condenação, e também em casos de descumprimento de medidas anteriores.

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A lógica da iniciativa é que não basta punir, é preciso mudar a forma de pensar as relações. Adriano Beiras reforça essa ideia.

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Este material foi gerado com a ajuda de inteligência artificial. As informações são apuradas e checadas por nossos profissionais. A versão final do texto também passa pela curadoria de nossos jornalistas.