Mau cheiro permanente, sacolas e tijolos nos rios e águas poluídas como quintal de casa. Com 41% da cidade coberta com saneamento básico, Joinville tem apenas 12 dos 43 bairros com tratamento completo de esgoto. Outros 14 têm o serviço apenas de forma parcial. O tema é um dos pilares do projeto SC Ainda Melhor, da NSC.
Continua depois da publicidade
Siga as notícias do NSC Total pelo Google Notícias
Em julho de 2020 foi aprovado o marco legal do saneamento básico. A lei estabelece que até o ano de 2033, 90% da população das cidades brasileiras precisa ter acesso à coleta e tratamento de esgoto. De acordo com informações do Trata Brasil, em Joinville, apenas 41% dos moradores possuem acesso à rede coletora.
Fotos do saneamento básico em Joinville
Quem sente isso diariamente é Ivonete Eger. Dona de casa e moradora em uma ocupação de moradia no Estevão de Matos, zona Sul de Joinville, ela convive com esgoto a céu aberto.
Continua depois da publicidade
— Estou vivendo em uma situação bem precária. Todos nós [moradores]. Alagamento, bastante doenças, bichos também vêm bastante por causa disso — reclama.
O motorista de aplicativo Edilberto Gaspar Nunes mora há quase 20 anos na mesma região e nunca teve acesso à água encanada.
— A gente se sente desamparado aqui, esquecido. Não tem nem o básico do básico. Sem energia, água, escoamento, quando chove enche as ruas, fica difícil para as crianças irem na escola, elas perdem a escola, é muito difícil — critica.
Para a engenheira sanitária e ambiental, Therezinha de Oliveira, que pesquisa o tema, os gestores precisam priorizar com urgência as obras de saneamento básico, principalmente na ampliação da rede coletora e os sistemas de tratamento de esgoto nas bacias.
Continua depois da publicidade
— Se eu quero um município bem estruturado, com produtividade, preciso investir em saneamento básico. Sem falar no que reduz de custo da saúde, que hoje é altíssimo em todo e qualquer município. Poderia resolver boa parte disso com prevenção e depois desenvolver — explica.
Para além do esgoto, é preciso pensar também no abastecimento de água no futuro. Atualmente, a maior cidade do estado conta com duas estações de tratamento de água. A Estação de Tratamento de Água (ETA) do Cubatão é a principal de Joinville e abastece 75% da cidade. Já a ETA do Piraí abastece os outros 25% do município.
— A área de proteção de manancial é fundamental. E também nas áreas do entorno da bacia do Cachoeira. Principalmente na zona sul, são áreas que ainda não estão cobertas pelo sistema de captação e tratamento de esgoto — reflete Therezinha.
Saneamento básico poderia render bilhões para SC
Conforme Luana Pretto, presidente executiva do Instituto Trata Brasil, não atingir as metas de saneamento básico traz prejuízos à população, incluindo uma série de doenças como dengue, parasitas, leptospirose e diarreia. Com isso, as crianças ficam mais doentes, com aprendizado prejudicado e escolaridade média inferior. Além de prejuízo na produtividade, porque a falta de saneamento traz doenças e faz com que os adultos faltem mais no trabalho.
Continua depois da publicidade
Ainda conforme Luana, há um estudo desenvolvido pelo Instituto Trata Brasil que aponta os benefícios econômicos sociais da universalização do saneamento básico no estado catarinense, o que poderia gerar bilhões de reais para a região.
— Santa Catarina teria um ganho de mais de R$ 14 bilhões com universalização do acesso ao saneamento. São mais de R$ 5 bilhões de redução de custo com saúde, mais de R$ 3 bilhões de ganho com turismo, que seria muito mais fomentado com as praias sem estar em condições resolutivas. As externalidades que a gente tem, que são impactadas pelo acesso ao saneamento são enormes e o ganho para as futuras gerações também — conclui.
Projeto “SC Ainda Melhor” nas Eleições 2024
O saneamento básico foi o tema mais votado pelos catarinenses na enquete do projeto “SC Ainda Melhor”, da NSC. A votação aconteceu no primeiro semestre e resultou em cinco eixos que vão nortear a cobertura eleitoral da NSC em todas as plataformas.
Depois disso, os veículos da NSC ouviram representantes de sete entidades de Joinville para sugerir quais devem ser as ações do próximo prefeito em cada tema: Centro de Direitos Humanos Maria da Graça Bráz, Univille, Ielusc, Câmara de Dirigentes Lojistas de Florianópolis (CDL), Associação de Joinville e Região da Pequena e Microempresa (Ajorpeme), Associação Empresarial de Joinville (Acij) e Federação das Indústrias de Santa Catarina (Fiesc). As principais sugestões foram:
Continua depois da publicidade
- Garantir o cumprimento das metas do Plano Municipal de Saneamento Básico. Liderar a discussão de parcerias privadas para acelerar a implementação da rede;
- Ampliar a velocidade de expansão da rede de esgoto, cuja cobertura na cidade é inferior à média das pares no estado e no país;
- Ampliar a cobertura de saneamento básico nas regiões periféricas;
- Diminuir a dependência do sistema da Estação de Tratamento do Cubatão, que atualmente responde por 70% do abastecimento da cidade;
- Implementar um novo sistema de distribuição de água, para que haja possibilidade de remanejamento diante de alguma emergência;
- Modernizar a rede de abastecimento de água, que sofre com frequentes interrupções.
*Com informações de Guilherme Barbosa, repórter da NSC TV
Leia também
O que é permitido e proibido durante a propaganda eleitoral das Eleições 2024
As estratégias dos candidatos a prefeito de Joinville no primeiro debate das eleições
Candidato a prefeito mais rico de Joinville declara R$ 22,6 milhões em bens; veja lista