Quem costuma trafegar pela SC-415, que liga Massaranduba a Barra Velha, está sendo surpreendido por um protesto pouco comum. Em uma curva no km 6 da rodovia, em São João do Itaperiú, foram colocadas 30 cruzes, nos dois sentidos da pista, com 20 nomes de vítimas de acidentes no local. Segundo a comunidade, desde que a via foi pavimentada, há oito anos, 33 pessoas morreram em acidentes naquele trecho.

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O protesto foi organizado pelo padre Carlos Afonso Gonçalves de Sousa, depois da morte de Joelson Sortum, 18 anos, em 24 de abril. O jovem guiava uma motocicleta quando bateu de frente com um caminhão.

A intenção, ao colocar as cruzes, também foi chamar a atenção das autoridades por uma sinalização melhor no trecho e alertar os motoristas que trafegam pela rodovia.

– Dois dias depois do protesto, os funcionários do Deinfra estiveram aqui e instalaram achões e reforçaram a sinalização. Mas ainda achamos que não é suficiente. O ideal seria uma lombada eletrônica ou física -, sugere o padre.

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Um acidente por semana

Débora Caroline Tavares, 23, funcionária de uma lanchonete que fica às margens da SC-415, conta que até dois meses atrás acontecia ao menos um acidente por semana na curva.

– Às vezes, a gente só via no dia seguinte, por causa do mato amassado.

Assim como o pároco, ela também acha que a solução para reduzir os acidentes seria a instalação de uma lombada eletrônica. Nos últimos anos, a jovem assistiu a pelo menos três acidentes graves no local, todos com morte.

O agricultor Getúlio Lichmann, 62, ostenta um olhar de tristeza ao contar que percorre o trecho pelo menos quatro vezes por dia. Ele alega que a curva tem problemas de geometria.

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– Num determinado trecho, ela começa a puxar o carro para fora e você é obrigado a invadir a outra pista -, conta.

A mulher dele, Laureci Lichmann, morreu em um acidente no local há três anos.

– Era de manhã bem cedo e a pista estava molhada. Ela estava indo para Joinville, com a nossa filha, para visitar outra filha que tinha se acidentado. Um carro desgovernado apareceu e, para desviar, elas saíram da curva e bateram numa pedra -, lembra seu Getúlio, que, abalado pela lembrança, lamenta – É pouco chão para muita morte.

Após a instalação das cruzes no acostamento da rodovia no Dia do Trabalhador, o agricultor observou que os motoristas estão mais cautelosos. Segundo ele, os motoristas reduzem a velocidade assim que se deparam com as cruzes.

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Contraponto

Conforme o Deinfra, o km 6 da SC-415, antiga SC-474, onde fica o trecho conhecido popularmente como “Curva da Morte”, teve a sinalização reforçada recentemente, em decorrência da curva acentuada e do excesso de velocidade dos usuários. A autarquia afirma desconhecer a existência de problemas na geometria da pista.

E informa que no último relatório de “Taxa de Acidentes por Trecho”, que compreendeu o período de janeiro a maio deste ano, o local não aparece com indícios de trecho crítico. Os cálculos de severidade dos trechos rodoviários consideram apenas os óbitos ocorridos no local do acidente, conforme a engenharia de tráfego do Denatran.