A saúde, como bem inalienável do indivíduo, esteve sempre incluída entre os direitos a serem alcançados por todas as sociedades e em todos os tempos.

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A forma de promovê-la, preservá-la e recuperá-la é que vem se modificando por causa não somente dos avanços tecnocientíficos, como também dos conhecimentos sobre a natureza humana, aliados ao reconhecimento de uma estreita coexistência com o meio ambiente do qual é parte integrante e indissociável.

Em todo o mundo, são inúmeras as tentativas de compatibilizar os custos da área da saúde decorrentes de todas as ações necessárias a sua “administração”, com os recursos disponibilizados pelas sociedades em todos os seus níveis de organização.

Não há consenso sobre as fontes de financiamento, até porque seu envolvimento multisetorial impede um planejamento em moldes conservadores, mas poucos discordam em que: medicina não é um business, saúde não é uma commodity, e o cuidar não é um mero comércio individual.

O que se espera, a partir de um conjunto de providências e de modo disciplinado, o que nem sempre atende à intensa diversidade cultural existente, é poder universalizar os direitos de acesso aos bens mais fundamentais que contemplem os anseios de gozo pleno do estado de saúde da população, em seus múltiplos componentes conceituais.

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É preciso lembrar que saúde não é apenas a ausência de doença. Que o estado de equilíbrio decorrente do atendimento aos reclamos básicos que configuram a dignidade humana encontra-se no fulcro das necessidades que caracterizam uma vida saudável.

Trata-se, portanto, de uma tarefa a ser conduzida por muitas mãos, tendo em mente que toda sociedade civilizada é uma ventura cooperativa estruturada por princípios morais, legais e culturais, que definem os termos desta cooperação, deste verdadeiro “pacto” social.

Quando pensamos em nossa cidade com suas características singulares de significativo polo industrial e de serviços, identificamos os atores que se movem neste verdadeiro palco destinado a representar o que não poderá ser uma tragédia, em que se transforme a saúde.

Empresários, seguros de saúde, hospitais, profissionais de saúde, professores e toda a população comprometida neste contexto, deverão buscar uma forma de vincular o exercício virtuoso do entendimento a uma capacidade de financiamento que seja justa para todas as partes.

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A resultante fundamental desta iniciativa se assenta numa mudança a ser operada, basicamente, por meio da educação, nas suas várias etapas, da casa ao emprego, passando pela escola em todos os níveis, e a ser obtida com a redução dos desperdícios e inutilidades.

Neste ponto, devemos concordar com a afirmação de que gastos com a educação e a saúde não representam despesas de custeio, mas se inscrevem nos investimentos de retorno garantido, seja pelo indivíduo, pelo governo ou pelo empresário.

Carlos José Serapião é patologista, doutor em medicina e Presidente do Comitê de Bioética do Hospital Dona Helena.

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