Com a chegada do mês de setembro, o debate em torno da saúde mental ganha ainda mais destaque. Desde 2015, quando foi iniciada a campanha “Setembro Amarelo” de prevenção ao suicídio pela Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP), pelo Conselho Federal de Medicina (CFM) e pelo Centro de Valorização da Vida (CVV), esse tema vem ocupando cada vez mais espaço na mídia e no dia a dia dos brasileiros.
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Com a pandemia, o agravamento de doenças como ansiedade, depressão e estresse também impulsionou discussões sobre a importância de cuidar da saúde – não apenas a física e a proteção contra o vírus, mas também a mental e todas as formas pelas quais ela pode ser afetada por esse atual cenário.
O isolamento, o home office, os estudos remotos e o medo que se instaurou devido ao vírus são alguns dos fatores que contribuíram para que inúmeros brasileiros desenvolvessem doenças mentais, ou até mesmo que elas se intensificassem naqueles que já lidavam com os sintomas. A dificuldade de separar a vida pessoal da rotina profissional, por exemplo, levou muitos à Síndrome de Burnout, causada pela sobrecarga de trabalho.
Dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) de 2019 já apontavam que cerca de 20 mil brasileiros pediram afastamento devido a doenças mentais relacionadas com o trabalho; após um ano de pandemia, a healthtech PEBMED identificou que 78% dos profissionais de saúde apresentavam sinais da doença.
Contudo, as doenças mentais não estão restritas aos profissionais da área de saúde e que atuam na linha de frente no combate à Covid-19. Trabalhadores de diversas áreas enfrentam sintomas de Burnout, como ansiedade, depressão e outros transtornos que afetam a saúde mental. Em setembro do ano passado, uma pesquisa realizada pela consultoria Conversion apontou que 73% dos brasileiros foram emocionalmente impactados pelo isolamento.
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Sintomas como estresse, tédio, crises de ansiedade, medo, solidão e até mesmo síndrome do pânico e pensamentos suicidas foram relatados. Com base nesses dados, é evidente que a atenção que a saúde mental vem recebendo nos últimos anos, em especial durante a pandemia, é de suma importância. Mas, como lidar com esses problemas em um cenário pós-pandemia?
Pontos de atenção à saúde mental
Com a vacinação alcançando cada vez mais pessoas no Brasil e em outros países, as instituições públicas, empresas, escolas e organizações já estão retomando algumas das atividades presenciais ou se organizando para a volta no próximo ano. Após mais de um ano e meio vivendo uma vida completamente diferente do que estávamos acostumados até março de 2020, é importante buscar entender de que forma o retorno ao que muitos chamam de “novo normal” irá impactar a saúde mental dos brasileiros.
Segundo Andréa Duarte Pesca, coordenadora do curso de especialização em Avaliação Psicológica da Faculdade Cesusc, é imprescindível que o debate sobre saúde e doenças mentais faça parte do dia a dia, de forma normalizada. Ela aponta que profissionais da área da saúde – psicólogos, médicos, nutricionistas e outros – já vinham alertando para a necessidade de tocar nesse assunto de forma coletiva, e que a pandemia fez com que o tema se tornasse ainda mais urgente.
— Do dia para a noite, tivemos que nos afastar socialmente e mudar a nossa rotina, adaptar-nos para um contexto de incertezas. Isso afetou muitas pessoas, e até mesmo aquelas que nem pensavam em questões como estresse, ansiedade e depressão. Esses três fenômenos estão bastante em evidência nesses quase dois anos de pandemia — comenta a especialista.
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A depressão, de acordo com dados da OMS, deve se tornar a doença mais comum do mundo em 2030. Em um relatório divulgado em 2017, o órgão apontou que 322 milhões de pessoas sofrem com depressão; entre a população brasileira, são 11,5 milhões — cerca de 5,8%, acima da média global, que é de 4,4%. Entre os anos de 2005 e 2015, o aumento no número de casos diagnosticados da doença foi de 20%. Esse salto se deve a fatores como a melhora da capacidade de diagnóstico, estilo de vida (estresse no trabalho, horas gastas no transporte, pouco tempo de lazer), e também por questões econômicas, como dificuldade de acesso à educação, cultura e saúde.
No Brasil, a pandemia também trouxe fatores que intensificaram o desenvolvimento ou agravamento de doenças mentais. Segundo a professora Andrea Pesca, o isolamento social foi um ponto-chave no país.
— Nós brasileiros, de forma mais geral e coletiva, temos muito forte essa questão da afetividade, o abraço, o contato físico. Isso teve um rompimento abrupto: de um dia para o outro, não pudemos mais estar perto e ter contato uns com os outros. Um ponto que chama a atenção é o de não podermos ter mais ajuntamentos sociais, algo em que estamos voltando a pensar novamente agora, mas de uma forma adaptada ao contexto atual — reafirma Andréa.
Vanessa Silva Cardoso, psicóloga e também professora na na Prática Clínica no curso de especialização em Avaliação Psicológica da Faculdade Cesusc, aponta que, além do isolamento social, outros fatores também impactaram a população brasileira.
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— A crise financeira que muitas famílias vêm enfrentando faz com que, desde o início da pandemia, as pessoas precisassem “se virar” em diferentes papéis, o que leva a uma grande carga de estresse. Outro ponto que se percebeu na pandemia foi o aumento no número de divórcios e de situações de violência causadas pela convivência intensa em famílias que não estavam habituadas a passar tanto tempo juntas.
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A psicóloga ressalta que o estresse que os brasileiros estão experienciando durante a pandemia é diferente daquele que acometia tantas pessoas antes.
— Hoje, lidamos com o estresse crônico, e o grande problema é que é um transtorno que não tem data para acabar, diferentemente do estresse pontual, presente na rotina de trabalho de muitas pessoas, por exemplo. E isso traz muitos malefícios, pois, quando não vislumbramos o fim desse cenário, perdemos a esperança, que é um fator fundamental para a manutenção da saúde mental.
No que diz respeito ao fim da pandemia e como reduzir os impactos que ela causou e segue causando na saúde mental, Andrea Pesca ressalta a importância do autocuidado, tanto em relação à saúde física quanto à mental.
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— Estamos em um momento que indica que a pandemia pode acabar, mas o vírus em si deve permanecer. E ficará como um alerta: temos que continuar nos cuidando. Acredito que o uso da máscara não deve ser deixado de lado por um tempo, e que muitas pessoas ainda não vão se sentir confortáveis para viajar, por exemplo. Quanto à saúde mental, o principal é que cada um busque entender suas emoções: “como estou lidando com essa situação?”, “quais são os impactos emocionais desse momento na minha vida?”, e “o que é o melhor que posso fazer para minimizar os impactos?” — diz.
Importância do diagnóstico
Por se tratar de um cenário novo e nunca vivido antes, há muitos processos que precisam ser avaliados. Por exemplo, de que forma cada sintoma acomete diferentes perfis de pessoas e como realizar o tratamento são pontos fundamentais, que partem de um diagnóstico apurado, que exige ainda mais capacitação de profissionais da área.
— Só temos condições de tratar aquilo que a gente conhece. Uma boa estratégia de tratamento só é traçada a partir de um diagnóstico, ponto fundamental para proporcionar melhora no quadro do paciente — pontua a psicóloga.
Segundo ela, mesmo após o fim da pandemia, ainda existirão sequelas de longo prazo, como os impactos causados pela diminuição da socialização entre as crianças, adolescentes e idosos. Essas três fases do ciclo vital, de acordo com a psicóloga, foram as mais afetadas pela pandemia. Entre os adultos, no entanto, o aumento de quadros depressivos e o número expressivo de pessoas lidando com estresse pós-traumático, ansiedade, síndrome do pânico, transtornos alimentares e fazendo uso abusivo de álcool também pode gerar problemas futuros.
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— Outro ponto com o qual ainda estamos lidando e sofrendo impacto é a diminuição da qualidade do sono. Para a saúde mental, o sono é um dos principais fatores a ser avaliado no sujeito, e é algo que tem sido muito delicado devido à ansiedade e estresse. Alguns dos transtornos mentais se agravam quando há piora na qualidade do sono, e percebemos isso nos brasileiros.
Com avaliação psicológica mais eficaz, profissionais realizam diagnósticos mais precisos
Atenta às mudanças no atual cenário e a necessidade de maior aprofundamento na análise de sintomas e doenças, a Faculdade CESUSC apresenta aos profissionais da área da Psicologia o curso de especialização em Avaliação Psicológica.
— O curso tem como objetivo aprimorar e potencializar os profissionais, para que exerçam avaliações psicológicas de forma mais capacitada, profissional e ética, em diversos âmbitos. Como as áreas de atuação são bastante diversificadas, nosso curso não é pautado apenas na clínica: teremos aulas de avaliação psicológica no trabalho, no esporte, no hospital, na saúde mental, e na própria clínica também — explica a coordenadora.
Com duração aproximada de 18 meses, o curso é direcionado a pessoas com formação em Psicologia e busca contribuir com as competências necessárias para que os profissionais inscritos possam analisar, investigar, descrever e interpretar comportamentos psíquicos em diversas áreas.
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