Após 11 dias de paralisação dos servidores públicos, a população já não procura mais atendimento nos postos de saúde e muito menos nos pronto-atendimentos. As cadeiras nas salas de espera estão praticamente vazias. A falta de profissionais nas unidas básicas tem levado os pacientes a procurarem os hospitais – onde a prioridade deveria ser urgência e emergência.

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Já a demanda no Hospital Bethesda, em Pirabeiraba, por exemplo, duplicou desde que a greve começou. O problema, de acordo com o diretor-geral, Hilário Dalmann, é que a maioria dos casos são de baixa complexidade. Como a unidade conta apenas com um médico de plantão, o tempo de espera é longo. Diante do caos, ele faz um apelo.

– Pedimos para que venham apenas os casos de emergência.

Nas escolas, muitos alunos são dispensados mais cedo. Alguns aproveitam o tempo ocioso para brincar e jogar conversa fora. Nesta quinta-feira, os alunos da escola Baltasar Buschle, no Parque Guarani, não tiveram as duas últimas disciplinas do dia. Há duas semanas tem sido assim.

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Os pais que dependem de Centros de Educação Infantil para deixar os filhos durante a jornada de trabalho precisaram mudar a rotina. Chegar tarde ou sair mais cedo do serviço são algumas alternativas. Quem pode, apela para a ajuda de um parente de confiança. A expectativa desses pais e pacientes é que a vida volte ao normal em breve.

Isso porque nesta quinta-feira o projeto de reajuste dos servidores foi aprovado na Câmara de Vereadores, e as negociações entre Sindicado e Prefeitura foram retomadas.

Sem aula

Alunos com idades entre 13 e 14 anos foram dispensados da aula no meio da tarde. Alguns pretendiam voltar para casa, outros aproveitariam o tempo livre com os colegas. Uma das estudantes se preocupava em perder aulas de história – disciplina na qual mais tem dificuldade de aprendizado.

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-Além de cruzar os braços, os professores falaram que não vão repor as aulas-, denunciou.

Duas preocupações

Salete Rodrigues da Costa, de 37 anos, enfrenta dois problemas com a greve. Um deles é uma tia que sofre de câncer e teve os exames cancelados. A segunda preocupação é com a filha Gabriely, 13, que estuda na Escola Baltasar Buschle, onde a grade curricular está comprometida com a falta de professores. Todos os dias, os alunos estão sendo dispensados mais cedo.

Sem atendimento

Moradora do bairro Paranaguamirim, Romilda Bertollo, 41 anos, procura pela terceira vez por atendimento para a filha Kauani, 13 anos. Febre, tosse e algumas feridas pelo corpo preocuparam a mãe. Ela tentou atendimento no postinho e depois no PA Sul, porém sem sucesso, na semana passada. Como os sintomas continuam, ontem, procurou o Materno-infantil.

Ajuda de amigos

Zenilda Angeli Cardoso, 32 anos, finalmente conseguiu deixar o filho de dois anos no CEI Parque Guarani. Desde que a greve começou, ela precisou contar com o apoio de uma amiga para cuidar do pequeno. O chefe dela precisou ser compreensivo para liberá-la mais cedo. Como o quadro de professores está reduzido, duas turmas estão sob o cuidado de uma professora.

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Mudança de rotina

-Entendo o lado deles, mas nós dependemos do CEI-, lamentou Silvionei Cordeiro, 31.

Pai de gêmeas de um ano, ele perdeu o sono para conseguir cuidar das crianças. A esposa trabalha durante o dia e ele, no turno da noite. Na semana passada, ele precisou mudar a rotina. Quando chegava do trabalho, trocava de lugar com a mulher. Em vez de descansar, passou a cuidar das meninas. Dormir? Apenas entre uma e outra soneca das pequenas.