Quando algo não está bem e a saúde começa a dar sinais de que precisa de atenção, os postos de saúde são o primeiro contato que a comunidade procura. Eles são a porta de entrada de um sistema complexo e interligado, e uma das principais preocupações dos eleitores catarinenses. Em Chapecó, são 26 unidades básicas, que atendem nos bairros e no interior.

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O tema foi o segundo mais votado pelos catarinenses no projeto SC Ainda Melhor, lançado pela NSC Comunicação nessa segunda-feira (2). A iniciativa buscou ouvir em uma enquete no NSC Total e no g1 quais são os problemas mais relevantes nas cidades de Santa Catarina.

Em Chapecó, foram ouvidas as entidades ACIC – Associação Comercial e Industrial de
Chapecó, Aurora Cooperativa, CDL, Fiesc Regional Oeste, Observatório Social, Universidade Federal Fronteira Sul e Unochapecó. As instituições definiram como prioridades os seguintes temas:

  • Ampliar os programas com foco na prevenção;
  • Criar um protocolo que garanta qualidade no atendimento nas unidades básicas para que somente os casos necessários cheguem ao Hospital Regional de Chapecó;
  • Investir na saúde básica, oferecer atendimento de qualidade voltado para a saúde da família;
  • Construir um segundo hospital para Chapecó na região da Efapi;
  • Ampliar o atendimento pediátrico;
  • Facilitar o atendimento a imigrantes;
  • Investir em saúde mental e na saúde do trabalhador na rede pública.

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Demora do atendimento nos postos de saúde

A moradora do bairro Efapi, Sueli Tironi, tem pressão alta e problemas na coluna, e por isso costuma se consultar com frequência.

— Tenho dor na perna por causa da coluna, daí a gente consulta pra pegar medicamento. A gente não pode ficar sem calmante né, com as dores, os tratamentos também. É meio demoradinho a gente conseguir consultar. Eu marquei outro dia e ainda vou ter que esperar até outubro. Alguns remédios também hoje não tinha, não sei se está em falta — conta.

Já a aposentada Rosa Conte, de 74 anos, que sofre com dores nas pernas, reclama da demora nos atendimentos no Centro de Saúde da Família Efapi.

— Leva três meses até que a gente agende. Exame eu tenho encaminhamento de ortopedista pra fazer faz oito meses. É um caos esse posto, sinceramente. Tem que esperar, não tem outro jeito — afirma.

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A coordenação da unidade afirma que são mais de 300 atendimentos por dia, com uma equipe composta por seis médicos e seis enfermeiros. Outro problema apontado por quem utiliza o serviço é a falta de pediatras.

— Aqui no nosso posto tem só clínico geral, então a maioria das mães tem que ficar aguardando pela consulta de pediatria, para deslocar pro outro posto de saúde que é o Alta Floresta. Então acaba sendo a maior ainda a fila, por conta que a demanda de criança é maior — afirma Indianara Miranda, operadora de máquina.

Necessidade de mais médicos especialistas

Na unidade Chico Mendes, no bairro Presidente Médici, a preocupação é com a falta de atendimentos especializados.

— Em relação ao bebê é bem tranquilo eles dão bom atendimento, só tem um pouco de falta em relação ao pediatra. A gente tem que ir direto no posto de Saúde da Família em outro bairro. Geralmente no SUS tem essa demora nas especialidades, o clínico a gente tem fácil acesso aqui então o que mais demora realmente é ‘preciso de um oftalmologista, preciso de um ginecologista, do urologista’ — afirma Kethlyn Coradi, analista financeira.

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A busca por outros atendimentos, mais especializados, tem aumentado a demanda por profissionais. A doutora em saúde coletiva Daniela Savi Geremia, destaca que o investimento nas equipes podem tornar o processo mais rápido e eficaz.

— Nós temos uma busca muito grande de pacientes de saúde mental, que precisam de apoio psicológico. Temos pacientes que procuram pela nutrição para atividades físicas, fisioterapeutas, então hoje se a gente pudesse ampliar nossas equipes multiprofissionais do município ajudaria muito no trabalho, assim como a ampliação de equipes de saúde da família — explica Daniela.

A especialista explica que algumas equipes de saúde de Chapecó atendem atualmente quase 6 mil usuários, enquanto o recomendado pelas políticas nacionais é que não se ultrapasse o número de 3 mil usuários por equipe de saúde da família.

— Outra coisa que a gente pode estar ampliando é a própria capacitação dos profissionais, valorização, pensar em planos de cargos e salários para os nossos profissionais da saúde, que ainda são gargalo importante aqui do município — afirma a doutora em saúde pública.

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A comunidade destaca que o maior ponto de atenção na saúde de Chapecó é a região da Efapi, já que o bairro abriga quase 100 mil moradores, que contam com poucas unidades de saúde.

— O Efapi é uma população diferente. A gente tem muitos imigrantes, haitianos, venezuelanos, mas própria imigração brasileiras. São pessoas que vem muito do norte, nordeste pra trabalhar aqui. É uma particularidade diferente, são pessoas que vem pra trabalhar então as doenças são muito relacionadas ao trabalho. Fica difícil a gente fazer esse tipo de atendimento por causa da especialidade de medicina ocupacional. E a demanda, é muita gente pra três, quatro postos pra atendimento — explica a média Andreia de Oliveira Cavalcante.

A profissional atua no Jardim do Lago, e acredita que uma possível alternativa para desafogar os postos e o Pronto Atendimento (UPA), seria a implantação de uma unidade hospitalar na região.

— Se pensar de uma forma emergencial sim, porque se você tem uma emergência aqui, até você conseguir chegar num Hospital Regional é uma distância muito longa. Então pensando de forma de emergência, com a quantidade populacional, seria muito bom. Mas eu acredito que com a nova UPA que vai ainda vir daqui a um tempo, ela vai atender essa demanda — explica a médica.

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