Análises de satélite apontam que o avião que caiu em Vinhedo, no interior de São Paulo, na última sexta-feira (9), voou entre 8 e 10 minutos sob gelo severo, condição que pode levar a aeronave a perder sustentação e girar. As informações são do g1.
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A aeronave levava 58 passageiros e quatro tripulantes de Cascavel para Guarulhos quando perdeu sustentação e caiu em Vinhedo, em um condomínio fechado. Ninguém sobreviveu. As causas da queda ainda são investigadas pelo Centro de Investigação e Prevenção e Acidentes (Cenipa), vinculado à Força Aérea Brasileira.
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A análise do satélite, feita pelo Laboratório de Análise e Processamento de Imagens de Satélites (Lapis), da Universidade Federal de Alagoas (Ufal), estima que o avião tenha ficado de 8 a 10 minutos sob gelo severo. O manual da aeronave indica que esta condição ocorre quando “a taxa de acumulação é tão rápida que os sistemas de proteção de gelo falham em remover a acumulação de gelo (1 centímetro em menos de 5 minutos)”.
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Neste caso, a orientação é que a equipe saia da condição imediatamente. Um laudo obtido pelo jornal O Globo mostra que o sistema de degelo do avião ficou inoperante ao menos seis vezes em três dias, em julho de 2023. A Voepass, antiga Passaredo, que operava o voo, diz que o mecanismo funcionava normalmente no dia do acidente.
Qual o risco do acúmulo de gelo
De acordo com o manual obtido pelo g1, quando o gelo se acumula nas superfícies de voo (como as asas do avião), o sistema de degelo não consegue atuar, o que pode “degradar seriamente a performance e controlabilidade da aeronave”.
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Durante o voo, segundo a reconstituição do laboratório da Ufal, a aeronave passou uma zona meteorológica crítica, atravessando nuvens abaixo de -40°C.
Para chegar às conclusões, foram combinadas imagens de satélites e de radar, assim como as coordenadas geográficas da rota do voo. O meteorologista Humberto Barbosa, coordenador do Lapis, ouvido pelo g1, disse que o trajeto feito passava não apenas pela área de formação de gelo severo, mas também por ventos alimentados por outros sistemas.
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Naquela semana, São Paulo já sofria a influência de uma frente fria, mas também foi impactado pela formação de um ciclone extratropical sobre o Uruguai e o Rio Grande do Sul, na manhã de sexta. Além disso, havia fumaça das queimadas na Amazônia, nos níveis mais altos da atmosfera, deixando a água das nuvens ainda mais fria e líquida.
Ainda no Paraná, a aeronave era empurrada por ventos fortes. Entrando em São Paulo, o avião passou pela área de formação de gelo, a parte mais crítica da rota.
A tragédia
Equipes do Corpo de Bombeiros, a Defesa Civil e a Polícia Militar, assim como da prefeitura de Vinhedo e de cidades vizinhas foram mobilizadas para atender a queda do avião. Quando caiu, a aeronave começou a pegar fogo.
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As prefeituras de Vinhedo e Valinhos confirmaram que não houve sobreviventes, entre os 62 ocupantes da aeronave. O avião caiu em um jardim dentro de um condomínio de casas na cidade. Contudo, não houve vítimas em solo.
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O voo decolou de Cascavel (PR) às 11h58 e tinha como destino a cidade de Guarulhos (SP). Trata-se de um avião turboélice de passageiros, modelo ATR-72. O presidente Lula (PT) lamentou a queda do avião durante um evento em Itajaí. Ele pediu um minuto de silêncio aos participantes.
Esse é o maior acidente aéreo da história do país em 17 anos, desde a tragédia com a aeronave da TAM em 17 de julho de 2007, que deixou 199 mortos.
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