Assim que foi anunciada a implantação do Sapiens Parque, polo de inovação entre Canasvieiras e Cachoeira de Bom Jesus, em Florianópolis, em 2002, já era comum a comparação com o Vale do Silício. As semelhanças, conforme apontam especialistas, não são poucas. O diretor-executivo do Parque, José Eduardo Fiates, cita algumas características comuns entre a capital catarinense e a região da Califórnia, nos Estados Unidos, referência mundial em tecnologia.
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>>> Confira o que já está em funcionamento no Sapiens Parque e o que será implantado
– Nós temos um ambiente, uma cultura e um clima muito semelhante ao vale, que é extremamente agradável e favorável à inovação. Outra característica é a concentração (de empresas de tecnologia) que temos hoje na SC-401. E isso é fundamental, porque a proximidade das pessoas ainda é um fator-chave. Temos um DNA muito parecido o do Vale do Silício – avalia.
Outro fator em comum seria a diversidade de pessoas que, conforme Fiates, favorece à inovação, que se resume em pensar diferente.
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Neste contexto, o Sapiens Parque assume seu protagonismo. Com uma área total de 4,3 milhões de metros quadrados, que equivale a cerca de 450 campos de futebol, o condomínio – com ênfase em quatro segmentos: empresa de tecnologia, serviço, turismo e empreendimentos públicos com caráter inovador – deve apresentar um salto no próximo ano. O número de funcionários, que hoje é de 200, deve chegar a 3 mil em 2014. E a quantidade de empresas, 20, somando às que devem se instalar em breve, chegará a 30. Mas o que mais surpreende são as expectativas para os próximos 10 anos, quando espera-se a conclusão de todas as fases de desenvolvimento do parque. Serão então cerca de 30 mil pessoas trabalhando em 400 empresas instaladas.
>>> Projetos em andamento
Para atingir essa meta, novos projetos já estão em negociação. Conforme o diretor-executivo do parque tecnológico, José Eduardo Fiates, a Empresa Brasileira de Aeronáutica S/A (Embraer) estuda implantar um novo centro de tecnologia no parque. Uma equipe da companhia de aviação está fazendo uma análise competitiva em algumas cidades do Brasil.
– No ano que vem a Embraer deve tomar uma decisão. Ficaram muito entusiasmados com os pesquisadores da UFSC e pelo fato de poder se instalar rapidamente em um parque como esse – avalia Fiates.
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Também está em negociação a implantação de um aquário, ideia de investidor privado, e de um planetário, parceria com a UFSC.
Mas algumas iniciativas instaladas dentro do parque já rendem bons frutos. O lançamento do filme Minhocas é um exemplo. Produção da Animaking, uma das primeiras empresas a se instalar no local, o filme é o primeiro longa-metragem em stop motion brasileiro e estará nos cinemas no final deste mês.
Além disso, há produtos inovadores sendo lançados. A Ubicom é responsável por alguns deles. A startup, criada dentro do Sapiens Parque em 2011, desenvolveu softwares reconhecidos inclusive internacionalmente, como o Preço dos Combustíveis (www.precodoscombustiveis.com.br) e Connect my Ride (www.connectmyride.com), aplicativo gratuito de rastreamento veicular. Conforme Eduardo Britod, um dos sócios da empresa, atualmente eles estão desenvolvendo uma tecnologia inovadora no Brasil: GPS para ambientes fechados. No início de 2014, a tecnologia deve ser implantada em um hospital para controlar a higienização do local.
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A Sábia Experience também criou corpo e se configurou como uma empresa S/A no Sapiens Parque, em 2010. Desde então, o número de funcionários, que era de oito, saltou para 48 neste ano. Neste período, a marca que desenvolve soluções através de ambientes de jogos para melhorar os indicadores de saúde, segurança e meio ambiente nas organizações, apresentou um crescimento de 500%. Em sua carteira de clientes estão Petrobras, Vale e Sebrae. Conforme o diretor-presidente da Sábia, Marcelo Guimarães, a expectativa para os próximos dois anos é atuar também em outros países.
Para reconhecimento internacional faltam investimentos e marketing
Porém ainda faltam alguns passos para Florianópolis ser reconhecida internacionalmente como um polo de tecnologia. Para o diretor-executivo do Sapiens Parque, há dois grandes problemas a serem superados: a deficiência em marketing, na divulgação de inovações, e o fato de não ter gerado nenhuma empresa global.
– Nos últimos 10 anos foram investidos R$ 400 milhões em parques tecnológicos no Brasil. Parques da Coreia, Singapura ou Malásia receberam investimentos de US$ 500 milhões cada um.
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Guilherme Bernard, presidente da Associação Catarinense de Empresas de Tecnologia (Acate), ressalta que Florianópolis apresenta um desenvolvimento estruturado no segmento.
– Há um trabalho das próprias empresas da região e isso resulta em um crescimento mais sólido. Afinal, o reconhecimento não foi resultado de uma empresa de referência que se instalou aqui, mas de um projeto estruturado.
Ele avalia ainda que com essa consolidação do Sapiens Parque, a projeção internacional ganha força. Além disso, o crescimento anual de 20% do setor de tecnologia na região e a presença de 600 empresas do segmento em Florianópolis são indicadores de que a cidade está no caminho certo.
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