Quase mil novos casos de sífilis foram notificados em Joinville, em 2019, conforme dados preliminares da Vigilância Epidemiológica do Município. De 1º de janeiro até o início desta semana ao menos 921 pessoas receberam o diagnóstico da doença, transmitida sexualmente e causada pela bactéria Treponema pallidum. Do total de infecções, 579 ocorreram em homens e 342 em mulheres.
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Considerada uma doença silenciosa por ser assintomática na maioria dos casos, a sífilis vem se tornando uma epidemia informal no país e, em Joinville, a situação não é diferente. Segundo levantamento da Secretaria Municipal de Saúde nos últimos três anos houve crescimento de 240% na incidência de novos casos na cidade.
Em 2016 o número absoluto de testes positivos para sífilis era de 714 diagnósticos, enquanto em 2018 o total saltou para 2,4 mil. De acordo com Ana Carolina Klein, enfermeira da Vigilância Epidemiológica, há cinco anos a incidência de infecções em Joinville era de 51 novos casos para cada 100 mil habitantes (2014), proporção que passou para 441 ocorrências a cada 100 mil moradores no ano passado.
– Esse aumento causa preocupação, porque estamos considerando apenas dados oficiais, sem considerar possíveis ocorrências não repassadas por serviços de saúde ou mesmo os casos de infecção desconhecida pelo portador. Ou seja, o número pode ser ainda maior e por isso é importante que as pessoas realizem o teste para detecção ou não da doença – afirma Ana Carolina Klein.
Para conter este avanço, a ação mais eficaz é identificar e tratar o maior número possível de infecções para evitar que a transmissão continue se alastrando. Por isso, a Vigilância Epidemiológica ampliou os testes rápidos disponíveis nos postos de saúde e no Centro de Testagem e Aconselhamento de Joinville.
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O que é e como identificar os sintomas da sífilis
INFECÇÃO ADQUIRIDA
A sífilis incide principalmente sobre a população adulta, sendo transmitida e adquirida por meio do contato sexual desprotegido. Em Joinville a maior parte dos diagnósticos envolve pessoas com pelo menos o ensino fundamental completo e com idade entre 20 a 39 anos. O público masculino também se infecta mais quando considerada a razão entre os sexos, em média, registrando o dobro de diagnósticos positivos para cada novo registro entre a população feminina.
INFECÇÃO CONGÊNITA
Apesar de a relação sem preservativo ser o principal meio de transmissão, o risco também afeta gestantes e risco de transmissão da sífilis para o bebê. Este último, caracterizado como congênito. Nos casos da doença na gravidez, em 40% das ocorrências a gestante pode vir a sofrer aborto, por isso o pai e a mãe precisam realizar o tratamento adequado durante a gestação. As crianças que nascem com sífilis congênita também podem desenvolver má formação e devem ser submetidas a tratamento ainda na maternidade.
SINTOMAS
A infecção pode apresentar três estágios e alguns sinais:
-No primeiro deles, logo nas semanas seguintes ao contágio, pode haver o aparecimento de uma ferida na região genital do portador. Essa lesão não dói, não coça e desaparece sozinha.
-A sífilis secundária ocorre até seis meses depois da cicatrização da ferida inicial, resultando em manchas e lesões de pele semelhantes a uma alergia, normalmente na palma da mão e na planta do pé. Pode surgir ainda febre, mal-estar, dor de cabeça e ínguas pelo corpo.
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-A fase seguinte é assintomática, perdurando por até 40 anos. Por fim, existe a fase terciária da doença, mais grave, caracterizada por lesões de pele e complicações ósseas, neurológicas e cardiovasculares, podendo inclusive levar à morte.
DIAGNÓSTICO
Teste rápido e exame sorológico.
TRATAMENTO
A sífilis tem cura e pode ser tratada com aplicação da penicilina benzatina, popularmente conhecida como Benzetacil. A quantidade de doses, de uma a três, varia de pessoa para pessoa.
PREVENÇÃO
Uso de preservativo nas relações sexuais tanto para homens quanto para mulheres. Já o acompanhamento das gestantes e parceiros sexuais durante o pré-natal contribui para o controle da sífilis congênita.