Produtos como milho e, principalmente, soja colocam o Porto de São Francisco do Sul na 11ª posição no ranking nacional de exportação de grãos. Com o anúncio feito ontem de que a região portuária ganhará mais um terminal privado de granéis, o porto aumentará a sua importância no cenário nacional.
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A Secretaria Especial de Portos da Presidência da República assinou a liberação de um investimento privado de R$ 419 milhões para a instalação da estrutura, que será capaz de movimentar 6 milhões de toneladas por ano e armazenar até 275 mil toneladas de grãos (milho e soja) para a exportação.
O valor do investimento consta no relatório gerencial relativo às instalações portuárias privadas da Secretaria de Portos. Ao longo da tarde de ontem, no entanto, a Secretaria Executiva de Articulação Nacional de Santa Catarina informou, em comunicado assinado pela assessoria de imprensa, que o investimento pode chegar a R$ 600 milhões, com movimentação de 10,5 milhões de toneladas ao ano. Se chegar a este número, o porto vai dobrar sua capacidade para este tipo de carga.
O empreendimento também traz mais rapidez ao processo. São Francisco já apresenta o menor tempo de espera de navios entre os portos catarinenses. Quando a obra estiver pronta, o tempo reduzirá ainda mais porque o novo terminal prevê a instalação de um berço (local onde os navios atracam) específico para movimentação de grãos.
Se comparado a uma via pública, este berço seria como um novo estacionamento do outro lado da rua, com acesso mais fácil e para um tipo de veículo apenas. Navios de maior porte que precisavam esperar para atracar agora podem ir direto para o novo local, e o berço atual que recebia esses navios ficará destinado a cargas gerais.
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O resultado será uma maior competitividade no segmento, que é o carro-chefe do Porto, responsável por mais de 60% da movimentação de cargas, explica o diretor de Logística Arnaldo Santiago.
O presidente do Porto, Paulo Corsi, afirma que a decisão já era esperada e faz com que o porto ganhe em projeção nacional devido à grande demanda para movimentação de grãos. O governador em exercício, Nelson Schaefer Martins, presente no ato da assinatura, classificou o momento como importantíssimo para a economia catarinense.
Obras em um mês
A previsão é de que as obras comecem em um mês, logo após a publicação do decreto de utilidade pública assinado pela presidente Dilma Rousseff e da expedição da licença ambiental de instalação do Instituto do Meio Ambiente (Ibama). A previsão de construção do terminal é de 18 meses, segundo a Secretaria de Portos.
– Vamos contribuir com o que estiver ao nosso alcance para melhorar a infraestrutura logística de Santa Catarina, vencendo a burocracia com rapidez e destravando os investimentos – afirmou o ministro da Secretaria de Portos, César Borges, em Brasília.
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Na mesma ocasião, Borges anunciou visita a Santa Catarina na próxima semana para assinar a renovação da delegação dos Portos de São Francisco do Sul (mais 25 anos) e Imbituba (mais 23 anos) para o Governo do Estado, o que também permitirá mais investimentos nestas estruturas.
O projeto
O projeto, chamado de TGSC, é um investimento das empresas LogZ, Litoral Agência Marítima, que atua em São Francisco há mais de duas décadas, e do grupo chinês Hopeful. A sede do armazém ficará ao lado do porto, em terreno dentro da comunidade de Bela Vista, no morro de mesmo nome e que também é conhecido como Rabo Azedo.
O emprendimento visa a construção de dois berços, totalizando 453 metros de cais com calado natural de 14 metros. O berço externo contempla quatro torres fixas tipo Pescantes para a exportação, enquanto o berço interno poderá fazer tanto exportação quanto importação através de dois ship loader e um ship unloader. Além disso, o projeto contará com infraestrutura capaz de interligar o terminal com os armazéns vizinhos.
Esta é a 26ª autorização assinada pela Secretaria de Portos para instalações de uso privado já a partir do novo marco regulatório do setor (Lei 12.815). São cerca de R$ 10 bilhões em investimentos.
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