Santo Amaro das mudanças

Há 12 anos, Lica Takahashi trabalhava em um hotel de Porto Alegre (RS). Quando foi enviada para outra unidade da rede, em Santo Amaro da Imperatriz, sua vida entrava em uma nova fase. Foi saída do turbilhão de 1,4 milhão de habitantes para um município de apenas 19 mil moradores. Ficou mais perto da natureza e, em pouco tempo, viveria dela. Pouco mais tarde, trabalharia com o barro. Seria ceramista.

Lica, hoje com 43 anos, guarda com carinho a lembrança de quando chegou em Caldas da Imperatriz – cidade das águas termais – para trabalhar. Veio preparada para ficar apenas 15 dias, mas aquele verde, o barulho de cachoeira e o ar puro a deixaram impressionada.

– Pensei: quero viver aqui. Eu estava no jardim quando vieram me dizer que seria efetivada aqui. É algo que não me esqueço – disse.

Lica se tornou gerente, teve o filho Matheus, hoje com seis anos, e percebeu que sua inspiração profissional era outra. Em 2007 largou o emprego e fez a peregrinação de 28 dias do Caminho de Santiago de Compostela, na Europa, para repensar a vida. Resolveu realizar o sonho de trabalhar com cerâmica, atividade que já havia experimentado na Escola de Oleiros de São José. Assumiu o hobby como profissão.

– Sempre gostei de fazer coisas com as mãos. Tentei vários artesanatos, como a pintura, e foi aqui em Santa Catarina, na cerâmica, que me encontrei – contou.

O atelier da ceramista fica nas margens de uma cachoeira, onde ela trabalha próximo ao verde e pomares de frutas, como vergamota e carambola. Quando se sente cansada, se banha com as águas termais.

Lica continua trabalhando para os turistas, afinal, sua arte é vendida a eles. Fez colegas nativos e também de outros estados, que, como ela, escolheram Santo Amaro para ter uma vida simples e tranquila.

– Em Porto Alegre, saia do trabalho preocupada porque poderia ser assaltada. Aqui dá para trabalhar com a porta aberta, com segurança. As pessoas são simples, tranquilas, felizes. Faço o que gosto, em uma cidade linda – definiu.