A partir deste mês, Santa Catarina conta com um espaço aéreo ampliado – em uma ação que não ocorria há pelo menos 20 anos, conforme estimativa da Aeronáutica. Todas as aerovias foram revisadas, redesenhadas e ampliadas, formando rotas mais diretas. As mudanças são resultado da implementação da chamada Navegação Baseada em Performance (PBN – Performance Based Navigation) no Sul do Brasil.

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A redistribuição e otimização de aerovias e procedimentos de navegação aérea em cerca de 1,8 milhão de quilômetros quadrados valida de vez, para as aeronaves com tecnologia embarcada e tripulação capacitada, o voo orientado por satélites e sistemas digitais de performance de bordo na região.

O PBN começou a valer e foi implementado pelo Departamento de Controle do Espaço Aéreo (Decea) em 12 de outubro. As mudanças no ar já permitem viagens mais curtas, gerando economia de combustível e de emissão de CO² na atmosfera. Nos três estados do Sul, as alterações vão impactar cerca de 300 mil voos por ano e devem atender a demanda pelos próximos 10 anos.

– Isso já tinha sido feito em Brasília, São Paulo e Rio de Janeiro. Essa necessidade de aumentar o espaço aéreo foi observada pelo comando da Aeronáutica para prover esses locais de maior quantidade de tráfego na época da Copa do Mundo e da Olimpíada. Agora, chegou ao Sul – explica o coronel aviador Antonio Ferreira de Lima Júnior, comandante da Base Aérea de Florianópolis.

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Infraestrutura terá que acompanhar demanda

Viagens mais curtas, possibilidade de mais voos, aeronaves voando mais próximas umas das outras em razão de maior número de aerovias e economia de combustível são apontadas como os principais benefícios do novo espaço aéreo. Antes existia apenas uma aerovia de Florianópolis ao Rio de Janeiro, e outra que voltava. Porém, agora há aerovias paralelas que fazem essa rota. A nova capacidade do espaço aéreo, porém, só será alcançada quando as obras em solo acompanharem as melhorias no ar.

Hoje, os aviões pousam na pista principal do aeroporto, vão até o final a outra cabeceira e retornam pelo mesmo espaço. Isso obriga a uma distância mínima entre o pouso de duas aeronaves por motivo de segurança. Ou seja, atualmente o céu já comporta mais aeronaves, mas a terra ainda não permite que esses aviões pousem e decolem com a agilidade necessária. Para resolver isso, os aeroportos precisam investir em pistas de táxi e área de pátio para desafogar o fluxo.

– Agora não tem mais desculpa em não investir. Em cima, está tudo “consertado”, obrigatoriamente embaixo vão ter que se adequar. Aí vem a parte política, investimento em aeroporto – destaca o chefe da Seção Operacional do Destacamento de Controle do Espaço Aéreo de Florianópolis, capitão Wilder Paulo Rodrigues Filho.

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Na Capital, a Floripa Airport, que assumirá a administração do aeroporto Hercílio Luz a partir de 2018, informou que já tem prevista no planejamento e no projeto a realização de obras no sistema de pátio e pista, que têm prazo para conclusão em outubro de 2019.

Entrevista

Major Marcus Luiz Pogianelo: “A expansão possibilita melhor organização”

Comandante do Destacamento de Controle do Espaço Aéreo de Florianópolis (DTCEA-FL)

Qual a importância dessa ampliação do espaço aéreo para Santa Catarina?

– São várias, dentre elas ganho de capacidade do espaço aéreo, rotas mais seguras, trajetórias mais diretas, possibilidade de menor tempo de voo, possibilidade de diminuição de ruído no entorno do aeroporto e menores emissões de CO2 para o meio ambiente.

Quais os impactos para a população?

– Inicialmente, a população vai perceber durante os voos perfis de descidas e subidas mais confortáveis e algumas rotas com menor tempo de voo.

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No que consiste, em termos práticos, essa expansão?

– A expansão possibilita maior número de aeronaves “controladas” no espaço aéreo da terminal Florianópolis pelo Destacamento de Controle do Espaço Aéreo de Florianópolis. Em termos práticos, essa expansão consiste em uma melhor organização da estrutura do espaço aéreo, permitindo também a democratização desse espaço para os diversos usuários: passageiros regulares, voos visuais, voos de asas rotativas, voos de aeroclubes; voos aerodesportivos.

O aeroporto de Florianópolis já tem previsão de melhorias para atender as necessidades de infraestrutura terrestre. Qual a expectativa da Aeronáutica sobre os outros aeroportos do Estado?

– Segundo informes dos Operadores Aeroportuários de Florianópolis, as obras de melhorias no aeroporto já devem iniciar em novembro/dezembro de 2017, e há previsões de novas pistas de táxi num prazo de um ano e meio. Obras estas que de início já darão ao tráfego aéreo dinamismo e possibilitará a redução das esperas em voo das aeronaves , propiciando ainda a redução no tempo de voo, bem como possibilitando a redução de separações entre aeronaves na aproximação final do aeroporto de Florianópolis. A expectativa da aeronáutica em relação a outros aeroportos da região é de que com a fomentação da economia brasileira o setor aeronáutico alavanque e cresça novamente como num efeito dominó.

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