A Diretoria de Vigilância Epidemiológica de Santa Catarina (Dive-SC) anunciou nesta sexta-feira que a partir da segunda quinzena de setembro irá bater de porta em porta para deter o avanço da febre amarela no Estado. A declaração feita em entrevista coletiva, junto a Secretaria de Estado da Saúde (SES) e Ministério da Saúde (MS), só foi realizada após o órgão declarar preocupação com a região sul do Brasil e até ampliar a idade de vacinação nessa localidade.

Continua depois da publicidade

Serão três medidas imediatas coordenadas em parceria com os municípios para barrar a doença: a primeira delas consistirá na realização de questionários para compreender a cobertura vacinal no Estado em áreas de risco, que são regiões rurais e próximas de mata.

Os agentes de saúde deverão visitar as residências nessas localidades e perguntarão sobre qual é a compreensão do indivíduo sobre a gravidade da doença, se foram vistos macacos mortos na região e quantos moradores da casa estão vacinados. Atualmente, esse público é considerado o mais exposto à doença, de acordo com o gerente de Vigilância de Zoonoses da Dive, João Fuck.

— Nosso intuito é iniciar esse processo na semana que vem, quando iremos capacitar os agentes de saúde para fazer os questionários e educar a população sobre a importância da imunização. Na segunda quinzena de setembro é quando eles efetivamente começam a fazer as perguntas — afirma Fuck

A segunda medida dependerá dos resultados do questionário que apontarão onde estão as mais baixas coberturas vacinais. É nestas áreas que será empregada a imunização casa a casa. Já a terceira foca na distribuição de material educativo nas Unidades Básicas de Saúde e capacitação dos profissionais para fazer o trabalho de conscientização com o público.

Continua depois da publicidade

Norte, Vale e Litoral em alerta

A preocupação dos serviços de saúde é com as regiões Norte, Vale e Litoral, onde já existe a circulação do vírus da febre amarela e adesão abaixo de 95% para vacina, o valor é recomendado pelo MS para garantir a segurança da população. Além disso, o monitoramento realizado com base nas mortes de macacos indica que o vírus deve chegar ao Sul e Oeste catarinense entre setembro e outubro, de acordo com a Diretoria.

— Quando a gente fala em febre amarela, nos referimos a mosquitos silvestres. Por isso, os macacos são os primeiros a morrerem pela doença. Nós precisamos saber onde isso ocorre para proteger a população. Tendo as informações sobre animais doentes ou mortos prevemos para onde os mosquitos irão. O nosso cálculo é que o avanço seja de 3 km a cada 24 horas — diz João

A Dive/SC chama a atenção para dois pontos silenciosos, ou seja, sem relatos: Serra e Oeste. O órgão pede que o público notifique a Secretaria Municipal de Saúde da sua cidade sempre que se deparar com estes mamíferos mortos. Além disso, o tempo é crucial para determinar a causa da morte, o aviso precisa ser feito em 24 horas.

Doença e prevenção

A Febre Amarela é transmitida por mosquitos de área dos tipos Haemagogus e Sabethes. Os sintomas são febre alta, mal estar, dor de cabeça e muscular, cansaço, calafrios, náuseas e vômitos. Já na forma grave, há um aumento da febre, diarreia, reaparecimento dos vômitos, dor abdominal e olhos amarelados.

Continua depois da publicidade

A taxa de letalidade em Santa Catarina é de 100%, nos dois casos confirmados pelo governo do Estado, ambos resultaram em mortes e os pacientes não haviam sido imunizados. O secretário de saúde do Estado Helton de Souza Zeferino afirma que o foco está na capacitação dos profissionais da saúde para garantir precisão nos procedimentos em caso de suspeita.

— Como esse vírus está circulando em SC nós temos uma grande necessidade de manter as informações circulando de maneira constante para não termos perdas de pacientes. Por se tratar de uma doença grave e de rápido avanço, em caso de suspeita essas pessoas não devem voltar para casa até que os exames de confirmação do diagnóstico sejam concluídos— afirma Zeferino

A estimativa da Diretoria é que a cada ocorrência até 60% dos casos serão graves. A recomendação é que todos os moradores de SC, com mais de 9 meses de idade até 59 anos, 11 meses e 29 dias e que ainda não foram vacinados procurarem uma unidade de saúde para se vacinar.

Francieli Fontana coordenadora do Programa Nacional de Imunização do Ministério da Saúde ressalta que os modelos preditivos nacionais indicam uma movimentação do vírus em direção a Região Sul, por isso o objetivo do governo federal é se antecipar a um possível surto da doença.

Continua depois da publicidade

— A nossa orientação é que toda a população não vacinada procure os postos de saúde para se imunizar. Não haverá falta da vacina, nós temos 40 milhões de doses no estoque. É preciso que população entenda que ela é bastante segura com eficácia de 90 a 95%. — comenta Fontana

Uma única dose é suficiente para proteger por toda a vida, elas estão disponíveis em 1.104 salas de vacinação de todos os 295 municípios catarinenses.