Após ações isoladas nos últimos anos, Santa Catarina decidiu investir pesado no monitoramento eletrônico com 1,1 mil câmeras nas ruas.

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A compra e instalação do sistema custará R$ 9 milhões dos cofres públicos do Estado e prefeituras. Também há centenas de civis sendo contratados para atuar como vigilantes em postos descentralizados nos bairros de 53 cidades até o final de 2012.

O secretário da Segurança Pública (SSP), César Grubba, e os comandantes das polícias Militar e Civil, tem percorrido os municípios em que a vigilância começou a operar.

Grubba e os chefes garantem que tem ouvido relatos positivos e recebido estudos onde aparecem redutores dos índices de criminalidade, mas reconhecem que é preciso intensificar a divulgação desse retorno e também aprimorar o trabalho de integração.

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A cúpula aposta na ferramenta pela capacidade de prevenção, detecção dos crimes em andamento, a possibilidade de servir como auxílio e como prova em investigação. Outra razão é a dificuldade financeira e logística de resolver a curto prazo o histórico déficit do efetivo das duas polícias, hoje de pelo menos oito mil policiais.

As bases operacionais de observação são na PM, mas nas delegacias os policiais civis também podem acessar as imagens. Basta inserir a senha e fazer a pesquisa. Em Florianópolis, há câmeras em praticamente todos as principais regiões, assim como na entrada da Ilha, na ponte Pedro Ivo Campos, onde todos os veículos são filmados e identificados, assim como as pessoas que transitam pela passarela.

A regra é descentralizar a sede da vigilância. No posto policial do bairro Santa Mônica, os telões registram a movimentação 24 horas na bacia do Itacorubi. É comum ver no local homens e mulheres, ainda em estado de nervosismo depois de algum crime, em busca de alguma imagem que possa amenizar ou reparar a perda.

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Além dos PMs, o atendimento e a operacionalidade do monitoramento é feito por agentes temporários contratados e treinados. Serão 750 funcionários que trabalharão com contrato renovável que pode durar até dois anos.

– Verificamos, desde a instalação no Itacorubi, queda no número de assaltos e furtos em residências. Conseguimos também esclarecer diversas situações suspeitas no Centro, Sul da Ilha e Trindade. É um ganho significativo na segurança – diz o tenente-coronel Araújo Gomes, comandante do 4º Batalhão da PM na Capital.

O desafio das autoridades é fazer valer a tecnologia e inseri-la na rotina da atividade policial. Para a população, isso significa que o PM do bairro ou agente da delegacia poderão ajudar vítimas de furtos, assaltos, brigas, acidentes, desde que haja aperfeiçoamento técnico, interesse, adesão, integração e busca integrada pela informação. As imagens ficam armazenadas por até 15 dias.

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É preciso integração, dizem especialistas

Somente as câmeras não bastam, pois elas só registram. É preciso que estejam integradas com outros sistemas como as rondas e o acionamento por rádio de equipes de policiais. A efetividade é maior também quando população é alertada da sua existência.

O alerta é de especialistas em segurança. O coronel aposentado do Exército, Eugênio Moretzsohn, vê a medida como eficiente para reduzir alguns por exemplo arrombamento de veículos, tráfico de drogas em praças e escolas. Para ele, são casos em que as imagens podem ser usadas no inquérito e robustecer provas de acusação.

– Uma imagem vale mais que mil palavras – decreta Moretzsohn.

Na segurança patrimonial, ele acredita que as câmeras também são eficientes como medida preventivas quando associadas a alarmes sonoros, sensores de presença, cercas eletrônicas ou elétricas.

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O monitoramento pode também diminuir a gravidade do dano às pessoas quando interligado e tem respostas rápidas com a central de emergência (190), relata o tenente-coronel Vânio Luiz Dalmarco, coordenador de videomonitoramento da SSP.

A PM planeja cadastrar estabelecimentos comerciais e telefones pertos das câmeras para facilitar a comunicação quando houver a necessidade. Na Capital, houve retaliação ao equipamento na comunidade Chico Mendes, no Continente, onde câmeras foram quebradas.

A região vem registrando assassinatos, a maioria pelo tráfico de drogas e brigas de gangues rivais. Um outro ponto que por enquanto ficou fora da lista de vigilância é o entorno do terminal rodoviário Rita Maria, no Centro, frequentado por consumidores de crack e pequenos ladrões de carteiras.

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Pistas vêm de equipamentos privados

Crimes de repercussão desvendados pela polícia mostram que câmeras privadas continuam sendo a principal fonte de informação na pista por bandidos.

Foi assim com pelo menos duas prisões de criminosos que cometeram crimes graves em Florianópolis: o sequestro de uma engenheira rendida no pátio da Universidade Federal de SC e a morte de um policial rodoviário federal em Coqueiros, no Continente.

A prisão do bando que matou o policial, em dezembro, ocorreu graças a uma intensa varredura de câmeras e testemunhas feita pela polícia nos instantes após o crime.

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Num estabelecimento comercial no bairro Abraão, perto da rua em que os bandidos abandonaram o carro da fuga, foi localizada uma câmera que captou cenas do grupo andando com pressa, na fuga.

No caso do sequestro da engenheira, libertada 11 horas depois no Paraná, a polícia também agiu rapidamente. O rastro do autor, Moisés Santos de Queiroz, 22 anos, ficou evidenciado num posto de combustíveis do Centro: uma câmera interna registrou bem o seu rosto quando parou para abastecer o carro e assim policiais o identificaram rapidamente.

No Rio de Janeiro, a polícia conseguiu por câmeras descobrir a trajetória dos suspeitos da morte da juíza Patrícia Acioli, em 2011. Os homens numa moto a perseguiram do Fórum até sua casa, onde foi executada. As imagens revelaram os trechos que a moto passou até mesmo com o farol apagado.

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– Se conseguirmos chegar a essa condição aqui será o ideal, por exemplo, se registrarmos toda a movimentação de uma pessoa que saiu do Norte da Ilha, andou pelo Sul e esteve no Centro – compara o tenente-coronel Vânio Dalmarco.

ENTREVISTA: César Grubba, secretário da SSP

“Há relatos da diminuição da criminalidade”

O secretário da SSP, César Grubba, mostra-se entusiasmado com os resultados das câmeras. Em seu gabinete, na quarta-feira, conversou com o DC. Leia os principais trechos da entrevista:

Diário Catarinense – Qual o critério de escolha das cidades?

César Grubba – Primeiro a parceria, o município tem que querer. Depois, índice populacional e de criminalidade, assalto a transeunte, comércio e via pública. A intenção é elevar maior numero possível de cidades.

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DC – O investimento é milionário. O senhor está convencido de que é algo que vale a pena?

Grubba – Sim, estou convencido, com certeza. Em Florianópolis, por exemplo, depois que colocaram na bacia do Itacorubi reduziu o índice de assaltos. Quantos PMs a mais teríamos que ter para fazer patrulhamento na rua? Não temos condições. Temos 11 mil PMs em SC e o ideal seria 16 mil. Ano passado colocamos 1.250 PMs, 637 passaram para a reserva em 2011 e 400 este ano ano. Na realidade então botamos apenas 200…

DC – Quais são os índices que reduziram?

Grubba – O arrombamento praticado fora de horário comercial tem redução de mais de 70%. Porque o número de pessoas transitando, que aparece nas câmeras de monitoramento, é pequeno, então ele (policial) consegue fazer a identificação da pessoa suspeita ou parada em determinado local, para acionar a viatura e fazer a abordagem.

DC – Há monitoramento em tempo real?

Grubba – Sim, está havendo e botamos agentes temporários para não botar muito policial. Foram selecionados pela PM 330 agentes temporários, treinados, recebem camiseta da PM. Podem prestar o serviço até dois anos. Serão 750 para todo o Estado.

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DC – Não falta ainda ao policial a cultura para utilizar em peso esse recurso?

Grubba – Pelo contrário, no interior onde a gente passa há relatos de diminuição da criminalidade e como prevenção muito mais do que como investigação. Há uma redução de ocorrência criminal em razão da existência da câmera de videomonitoramento.

DC – Tem servido em investigação?

Grubba – Temos link com possibilidade ao delegado ou agente, com senha, que pode acompanhar em tempo real e usar para investigação. O prefeito de Forquilhinha (Sul) me relatou o caso de uma passarela onde foi colocado porque adolescentes estavam assaltando e acabou depois que colocaram. Tive relato até de que o cara parou, deixou a chave na ignição e saiu. A PM ligou para o supermercado para avisar o dono de que alguém havia deixado a chave no veículo.

O MONITORAMENTO

35 cidades são atendidas hoje

53 cidades serão atendidas até o final do ano

724 câmeras em funcionamento

1,1 mil câmeras em funcionamento até o final ano

367 câmeras estão em processo de instalação até julho

Cidades que ganharão câmeras até o final do mês: Tubarão, Garopaba, Palhoça, Indaial, Timbó, Apiúna, Navegantes, Bombinhas, São Bento do Sul, Canoinhas, Xanxerê e Herval D’Oeste que também atenderá Joaçaba.

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Quanto custa cada câmera?

Entre R$ 6 mil a R$ 9 mil

Qual o valor total do investimento?

R$ 9 milhões

Quanta custará a manutenção do sistema?

R$ 300 mil ao mês

As 53 cidades

Antônio Carlos 6 em processo de instalação

Apiúna 6 em processo de instalação

Balneário Camboriú 51 câmeras em operação

Blumenau 54 em processo de aquisição e 36 câmeras em operação

Bombinhas 15 em processo de instalação

Braço do Norte 10 câmeras em operação

Biguaçu 10 em processo de instalação

Canoinhas 6 em processo de instalação

Capivari de Baixo 10 câmeras em operação

Camboriú 10 em processo de instalação

Chapecó 39 câmeras em operação

Criciúma 45 câmeras em operação

Concórdia 20 câmeras em operação

Corupá 5 em processo de instalação

Florianópolis 98 em processo de instalação e 190 câmeras em operação

Forquilinha 7 câmeras em operação

Gaspar 14 em processo de instalação

Barra Velha 10 em processo de instalação

Garopaba 5 câmeras em operação

Guaramirim 10 câmeras em operação

Herval do Oeste 7 em processo de instalação

Içara 11 em processo de instalação

Imbituba 8 câmeras em operação

Indaial 10 em processo de instalação

Itajaí 55 câmeras em operação

Itá 3 câmeras em operação

Itapema em processo de instalação

Jaraguá do Sul 40 câmeras em operação

Joinville 43 câmeras em operação

Joaçaba 13 em processo de instalação

Lages 10 em processo de instalação e 20 câmeras em operação

Laguna 10 em processo de instalação

Massaranduba 5 câmeras em operação

Navegantes 6 em processo de instalação

Palhoça 10 em processo de instalação

Penha 10 em processo de instalação

Piçarras 10 em processo de instalação

Porto Belo 10 em processo de instalação

Presidente Getúlio 6 em processo de instalação

Rio do Sul 10 câmeras em operação

Santo Amaro da Imperatriz 9 câmeras em operação

São Bento do Sul 10 em processo de instalação

São Francisco do Sul 10 câmeras em operação

São Joaquim 8 câmeras em operação

São José 10 em processo de instalação e 48 câmeras em operação

São Ludgero 5 câmeras em operação

Schroeder 5 câmeras em operação

Sombrio 6 câmeras em operação

Tijucas 10 em processo de instalação

Timbó 10 em processo de instalação

Tubarão 8 em processo de instalação

Urussanga 10 em processo de instalação

Xanxerê 11 em processo de instalação

Florianópolis

Norte da Ilha

Canasvieiras 10 câmeras em operação

Jurerê tradicional 2 câmeras em operação

Cachoeira do Bom Jesus 2 câmeras em operação

Ponta das Canas 2 câmeras em operação

Ratones 2 em processo de instalação

Cacupé 2 em processo de instalação

Santo Antônio de Lisboa 3 em processo de instalação

Sambaqui 4 em processo de instalação

Ingleses 8 câmeras em operação

Leste da Ilha

Lagoa da Conceição 9 câmeras em operação

Sul da Ilha

Armação 5 câmeras em operação

Campeche 4 em processo de instalação

Tapera 4 em processo de instalação

Ribeirão da Ilha 3 em processo de instalação

Morro das Pedras 2 em processo de instalação

Areia do Morro das Pedras 2 em processo de instalação

Rio Tavares 3 em processo de instalação

Fazenda do Rio Tavares 2 em processo de instalação

Pântano do Sul 2 em processo de instalação

Bacia do Itacorubi

Agronômica 7 câmeras em operação

Trindade 6 câmeras em operação

Pantanal 4 câmeras em operação

Serrinha 1 câmera em operação

Santa Mônica 6 câmeras em operação

Córrego Grande 7 câmeras em operação

Itacorubi 5 câmeras em operação

Continente

Coqueiros 6 câmeras em operação

Itaguaçu 4 câmeras em operação

Abraão 3 câmeras em operação

Via Expressa 2 câmeras em operação

Balneário 5 câmeras em operação

Capoeiras 11 câmeras em operação (7 vandalizadas)

Jardim Atlântico 3 câmeras em operação

Monte Cristo 5 câmeras em operação

Centro

Esteves Junior e imediações 5 câmeras em operação

Ponte Colombo Salles 5 câmeras em operação

Monitoramento móvel 4 câmeras

Outras regiões na Capital que terão câmeras

Daniela 5

Costeira 5

Saco dos Limões 4

Careanos 5

Beira-Mar Norte 7

Agronômica 2

Mauro Ramos 7

Continente 19

João Paulo 3

Monte Verde 5

Fonte: Secretaria de Segurança Pública de SC.