O governador Raimundo Colombo anunciará nesta segunda-feira a maior convocação de praças já feita em uma única vez nos 182 anos da Polícia Militar de Santa Catarina. A lista de espera do concurso realizado em 2014 será zerada, com a incorporação dos 1.084 aprovados (987 homens e 97 mulheres). Em dezembro do ano passado já tinham sido formados outros 692 PMs, também selecionados no mesmo exame.
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Eles deverão iniciar o curso preparatório dia 2 de maio e irão às ruas no fim do ano. A formação dos alunos ocorrerá em Florianópolis e outros 15 municípios. Atualmente, a corporação possui 10,3 mil policiais militares. Entre 2011 e 2016, o governo Colombo realizou 22 concursos para a área de Segurança Pública com a nomeação de 6.798 agentes: PM (4.019), Polícia Civil (1.439), Corpo de Bombeiros Militar (1.017), IGP (268) e Detran (55).
A decisão do governador surpreendeu até mesmo alguns assessores mais próximos, já que o pedido do próprio comando da PM, diante da crise financeira, era mais modesto. A ideia inicial era chamar 500 concursados, compensando a média anual de aposentadorias (reserva) na corporação. A nomeação dos novos policiais terá um custo anual de R$ 70 milhões ao Tesouro do Estado, mas a Secretaria da Fazenda, após muitos cálculos, deu o sinal verde que faltava para tocar adiante a contratação. Santa Catarina atualmente paga o segundo melhor salário do país para soldados PM, que ingressam com vencimento de R$ 4.845,42, atrás apenas do Distrito Federal. Um dos requisitos básicos para a incorporação é possuir curso superior.
Colombo está convencido de que policiamento ostensivo é a melhor resposta à onda de violência que aumentou nos primeiros meses de 2017. O governador recebe semanalmente relatórios da inteligência da Secretaria de Segurança Pública e Deap, que monitoram os movimentos dos líderes de facções detidos no sistema prisional. Em conversas reservadas, diz estar convencido de que o combate ao crime organizado será um dos maiores desafios dos governos estaduais e federal a curto prazo.
Do ponto de vista estratégico, a incorporação de mais de mil soldados PMs, guardada como segredo de Estado pelo governo para a solenidade desta segunda-feira, foi celebrada pelos especialistas em segurança pública ouvidos pela coluna. A violência, dizem, precisa ser tratada como uma epidemia, e a valorização da Polícia Militar, responsável pela linha de frente no combate à criminalidade, é o primeiro passo para que o Estado ao menos estabilize o avanço da doença. Sem deixar de pensar, claro, no investimento social, especialmente educação.
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Num momento em que o país assiste atônito o avanço das paralisações de PMs em outros estados por melhores salários e condições de trabalho, é justo que se faça o devido reconhecimento ao investimento, que vai na contramão dos cortes de serviços públicos. E sem aumento de impostos. Entre 2011 e 2017 serão 5.110 novos homens na Polícia Militar ou 50% da tropa renovada em seis anos. A falta de efetivo sempre foi um problema, ainda mais em tempos de crise bicuda. Mas um bom termômetro para medir a importância da Polícia Militar nas ruas é o recente exemplo do Espírito Santo. Ou alguém ainda questiona isso?
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