Desde 23 de junho, o governo do Estado tem divulgado diariamente uma média de 1.180 novos casos de coronavírus. De lá para cá, Santa Catarina também registra uma média de 9 mortes por dia. Mas segundo avaliação de Julio Henrique Croda, ex-diretor do Departamento de Imunizações e Doenças Transmissíveis do Ministério da Saúde, professor da Universidade Federal do Mato Grosso do Sul e pesquisador da Fundação Osvaldo Cruz (Fiocruz), a situação tende a ficar ainda mais grave nas próximas semanas em Santa Catarina. O especialista recomenda adotar novas medidas de isolamento social para interromper a onda de contágio.

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Isso porque a taxa de contágio do novo coronavírus, também conhecida pela sigla RT entre os especialistas, é a terceira maior do país atualmente, segundo Croda. Atrás apenas do Paraná e Mato Grosso. Com um índice de RT de 1,34, significa dizer que 10 infectados com o novo coronavírus contaminam outras 13 pessoas. No Paraná esse índice é de 1,47 e no Mato Grosso, de 1,35. A média brasileira até 6 de julho era de 1,02.

– Santa Catarina entrou numa fase exponencial no meio do mês passado, em 16 de junho. Estava estável e aí veio numa curva exponencial. A curva de Santa Catarina está em plena ascensão, sem sinal de estabilização. Geralmente após duas semanas do aumento no número de casos, vêm os óbitos – explica Croda.

Conforme o especialista, é necessário que essa taxa fique abaixo de 1 para que a contaminação exponencial da população comece a cessar e haja a contenção da pandemia.

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Infectologista Julio Croda, quando ainda era diretor do Departamento de Imunização e Doenças Transmissíveis do Ministério da Saúde
Infectologista Julio Croda, quando ainda era diretor do Departamento de Imunização e Doenças Transmissíveis do Ministério da Saúde (Foto: Wilson Dias / Agência Brasil)

Santa Catarina chegou a ter um RT superior a 3 no início da pandemia, em março, quando uma pessoa com o vírus era capaz de infectar até outras três. Com as medidas de restrição da circulação de pessoas e de serviços considerados não essenciais, a taxa começou a cair gradativamente. O governo do Estado afirmou na época que, com o isolamento social, foi possível reduzir em 50% a taxa de contágio.

Chegou a 1,56 em abril, mas oscilou para cima com as medidas de flexibilização, como abertura do comércio de rua no dia 13 daquele mês, alcançando 1,73.

Desde 4 de maio o índice vinha numa tendência de estabilização e queda gradativa. O ponto mais baixo foi alcançado no dia 16 de junho, com RT de 1,11, mas voltou a subir desde então.

Situação de SC é de atenção e novas restrições são recomendadas

Na avaliação do especialista, o quadro de Santa Catarina, comparado aos demais estados, é de atenção, porque a curva de novos casos e óbitos é de ascensão. Além disso, o Estado começa a apresentar lotação de leitos de UTIs, pressionado tanto pelos pacientes com covid-19 quanto de outras doenças típicas dessa época do ano.

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O baixo índice de isolamento é outro fator que precisa ser controlado, afirma Croda. Segundo dados do In Loco, os mesmos utilizados pelo governo do Estado para monitorar a movimentação de pessoas a partir de dados de GPS gerados por celulares, desde 11 de maio, Santa Catarina teve dificuldades em manter uma taxa de isolamento acima de 40% nos dias úteis. Isso ocorreu em apenas seis dias.

Para conter essa grande onda de contágio que começou na segunda quinzena de junho, Croda afirma ser necessário adotar novas medidas de isolamento social rígidas, especialmente nas regiões onde a situação é mais severa:

– É preciso imprimir novas medidas de distanciamento. Vai ter que fechar comércio, interromper transporte público. Toda parte de flexibilização vai ter que dar um passo para trás. Nesse momento que aumenta o número de casos, é preciso a retornar o que foi feito lá no início da pandemia.

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O recomendável, conforme especialistas em saúde pública, seria manter acima de 50%, pelo menos. O maior índice num dia útil foi alcançado em 23 de março, quando o Estado registrou 64,4% das pessoas em casa, segundo a plataforma In Loco.

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