Santa Catarina está no topo do ranking de novos casos de câncer no Brasil. Segundo dados inéditos divulgados pelo Inca (Instituto Nacional do Câncer) na pesquisa "Estimativa 2020", o Estado catarinense tem a maior taxa de incidência de câncer para cada 100 mil habitantes. São 372 casos para cada 100 mil homens e 247 entre cada 100 mil mulheres.
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Divulgada nesta terça-feira (4), quando foi celebrado o Dia Mundial do Câncer, a pesquisa traz a estimativa de que o Brasil deve registrar cerca de 625 mil novos casos por ano entre 2020 e 2022, com o câncer de pele sendo o mais comum, seguido pelos casos de mama e de próstata, cólon e reto, pulmão e estômago.
Em Santa Catarina, o Inca prevê o diagnóstico de pelo menos 33 mil novos novos casos da doença em 2020, sendo que o Estado lidera as taxas de incidência de 10 tipos de câncer: mama, cólon e reto, cavidade oral, laringe, bexiga, esôfago, linfoma não hodgkin, sistema nervoso central, leucemia e pele.
Pela primeira vez o Inca também conseguiu calcular a estimativa de casos de câncer infantojuvenil, entre crianças e jovens com 19 anos. Os dados apontam para uma possibilidade de 330 novos casos em 2020 no território catarinense, sendo a maioria entre as mulheres.
Conforme o Inca, a obesidade estará entre os principais fatores de risco para o desenvolvimento de 11 dos 19 tipos mais frequentes de câncer na população brasileira. Outros comportamentos não saudáveis como fumar, consumir bebidas alcoólicas, sedentarismo e manter dieta pobre em vegetais também aumentam o risco da doença.
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“Santa Catarina tem se destacado no diagnóstico precoce” diz oncologista
O oncologista Luiz Alberto Silveira aponta que os principais fatores de risco do câncer são comuns entre todos os Estados e até países, então não explicam uma maior incidência em Santa Catarina, no entanto questões de urbanização ressaltam os casos no Sul e no Sudeste:
— As regiões Sul e Sudeste têm a maior incidência de câncer do Brasil, e o câncer tem a ver com urbanização, fatores químicos, biológicos. E nas regiões mais urbanizadas você tem mais questões alimentares, mais estresse, baixa imunidade, mais fatores ocupacionais de exposição a substâncias que podem promover alterações celulares nas pessoas predispostas. Tem também mais contato com pesticidas, derivados de petróleo, etc. — explica o especialista.
Silveira diz que os números de Santa Catarina mostram também uma capacidade maior de diagnóstico dos tumores na região em comparação a outros Estados maiores ou com diferenças maiores entre o interior e as grandes cidades. Para o médico, os catarinenses contam com uma grande rede para diagnóstico precoce, e essa estrutura traz dados mais fiéis.
Por outro lado, Silveira cita dois tipos de câncer que estão entre os mais comuns e são possíveis de prevenir, o que demonstra uma falha ainda presente na saúde:
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— O que se trabalha é sempre tentar afastar o fator de risco, e é o caso por exemplo do câncer no colo uterino, que lamentavelmente tem uma posição no ranking absurda. Ele é causado unicamente por um fator que é o vírus do HPV, e nós temos o teste papanicolau para ver se a mulher tem HPV, e nós temos a vacina contra o vírus. É um câncer que poderia ser reduzido a números muito baixos se a utilização da vacina fosse maior. O segundo caso é o de cólon e reto, que pode ser diagnosticado com exames em lesões bem iniciais, antes mesmo de virar um câncer. De forma geral Santa Catarina é um Estado diferente de muitos do Brasil por características que facilitam o diagnóstico e o tratamento, mas no mundo inteiro há um apelo para a importância do acesso do tratamento a todos, e isso ainda não está tão igualitário e pode melhorar — destaca o oncologista.