Dentre os 766 políticos que apresentaram pedidos de candidaturas a algum cargo nas eleições deste ano, em Santa Catarina, 33 se declararam negros. O número equivale a 4,31% do total. Os dados são do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), com base nos registros apresentados até o dia 15 de agosto.

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Além dos 33 negros, 57 candidatos se declararam pardos ( 7,45%), quatro indígenas (0,52%) e um se declarou como amarelo ( 0,13%).

Como ainda cabe a possibilidade de impugnações, trocas de candidatos pelos partidos e desistências, o número total de pessoas que vão concorrer de fato ainda pode ser alterado. Até quarta-feira (22), o Tribunal Regional Eleitoral (TRE-SC) ainda não tinha julgado nenhum processo referente às candidaturas.

Os partidos com mais candidatos negros são o PSOL e o PTC, com quatro candidatos cada, seguidos do Patriota, com três. Ao todo, o PSOL vai levar às urnas os nomes de 42 candidatos, enquanto o PTC terá 29 e o Patriota, 53.

Os números catarinenses contrastam com a realidade nacional. Conforme o TSE, 10,78% dos políticos que apresentaram candidaturas em todo o país se autodeclararam negros, enquanto os pardos chegam a 35,46%. As candidaturas indígenas no país chegam a 0,47% e as de amarelos, 0,62%.

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Mulheres

A representatividade feminina também deverá ser menor nas urnas, em comparação com os homens. Segundo o TSE, 31,11% das pessoas registradas para concorrer aos cargos são mulheres. Neste caso, porém, a proporção catarinense é ligeiramente maior que os dados nacionais, em que as candidatas chegam a 30,7% do total.

Os números, porém, não representam quem estará do outro lado da urna, já que há mais mulheres aptas a votar em Santa Catarina do que homens. Os dados da corte eleitoral mostram em Santa Catarina que elas representam 51,5% do total de pessoas que vão às urnas em outubro.

No cenário nacional, a realidade é parecida. Entre todos os mais de 28 mil candidatos, apenas 30,8% são mulheres.

Traço histórico

Para o cientista político Valmir Passos, os dois dados representam um traço histórico misógino e racista não só da população catarinense, mas de todo o país. Ele acredita que as campanhas afirmativas tanto para os negros, quanto para as mulheres, precisam ser intensificadas.

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O professor acredita que esse traço vem desde o período colonial. “Os negros ocupam uma posição subordinada na sociedade. São 500 anos de degradação da imagem deles”, afirma. Sobre as mulheres, ele acredita que a cultura paternalista imposta pela Igreja Católica durante a formação da sociedade brasileira ainda é facilmente perceptível.

“São poucos partidos que colocam essa questão como principal. Essa realidade não se muda do dia para a noite”, diz.