A média de roubos de cargas em Santa Catarina cresceu em 2017. Segundo o levantamento da Federação das Empresas de Transporte de Carga e Logística do Estado (Fetrancesc), foram 129 assaltos somente nos primeiros seis meses do ano. E, se o índice de 1,4 assaltos a cada dois dias permanecer assim, SC irá superar a marca do ano passado, quando 248 ocorrências do tipo foram registradas no Estado.
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No relatório de violência da Fetrancesc, as BRs 470 e 101 estão entre as rodovias em que há maior índice de roubo. Já Vale do Itajaí e Norte de SC são as regiões em que mais há concentração de ocorrências. Segundo o presidente da Fetrancesc, Ari Rabiolli, nessas áreas os produtos como carnes nobres, bebidas e materiais usados para produção de plástico são os procurados pelas quadrilhas.
— Eles roubam coisas caras, produtos nobres e importantes para o Estado. É prejuízo para todo mundo. Além do comércio ser ilegal e perigoso, pois não se sabe direito por onde passou o produto ou como foi armazenado, o Estado deixa de recolher impostos — pontuou.
E para tentar diminuir os roubos a cargas, a Secretaria de Segurança Pública (SSP) pretende implantar uma divisão especializada nesse tipo de crime. A expectativa, segundo Ari, é de que até dezembro policiais estejam atuando no Estado.
— Ainda não sei quantos policiais serão. Só posso dizer que eles vão se formar no final do ano e devem ir para as regiões em que temos mais crimes — disse.
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Projeto de lei quer cassar empresas que usem produtos oriundos de roubo
Além da iniciativa da SSP, a Alesc também trabalha para inibir o crime no Estado. Segundo o presidente da Fetrancesc, tramita no legislativo estadual desde o começo do ano um projeto de lei que busca cassar a inscrição de empresas que forem flagradas comercializando produtos furtados. Inspirada em legislações de São Paulo, Paraná e Espirito Santo — estados em que é constante a notícia de roubo de cargas — a lei também prevê que empresas flagradas nesse tipo de crime fiquem impossibilitadas de atuar na área por cinco anos, além de multa de duas vezes sobre o valor do produto irregular.
— A lei vai ajudar a inibir essa prática. Estamos acompanhando de perto a discussão na Alesc e esperamos que seja votada o quanto antes. Essa iniciativa vai trazer mais segurança para o motorista também — disse Ari.
Perfil das quadrilhas
Segundo o levantamento da Fetrancesc, as quadrilhas que praticam os assaltos no Estado se especializam para roubar produtos específicos. Além disso, a maioria dos grupos utiliza armamento pesado, mas normalmente não há uso da força. Na maioria dos crimes, cerca de 80%, os assaltantes acabam devolvendo os veículos. No restante, segundo Ari, os caminhões acabam sendo enviados para desmanches:
— Para cada produto existe uma quadrilha especializada. E eles sempre usam um armamento pesado, mas o índice de violência contra os motoristas é pequeno.
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PRF diz estar ciente
Mesmo com as atuais restrições orçamentárias, que levaram até mesmo a uma suspensão da escolta de cargas superdimensionadas, a Polícia Rodoviária Federal (PRF) diz que está atenta à situação. Segundo o inspetor Adriano Fiamoncini, o combate é feito em apoio com a Polícia Civil e tem mostrado alguns resultados.
— É um fato nacional. Esse tipo de crime está crescendo em todo o país. Mas estamos combatendo, tanto que conseguimos prender uma quadrilha no começo do mês em que o próprio motorista era cúmplice dos roubos — conta.
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