Eu conheci muitos Glaucos e por todos tive respeito e admiração, a começar por Glauco Rodrigues Corrêa, meu professor de Teoria da Literatura, grande novelista policial e mestre entusiasta.
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Vou, contudo, me ater a dois Glaucos, impulsionado, principalmente, pela aflição de ver se exaurindo o modelo de desenvolvimento social e econômico de Santa Catarina: Glauco José Côrte e Glauco Olinger.
Glauco Côrte, o executivo que sabe ouvir e escutar, hasteou, na Fiesc, a bandeira da educação; mergulhou em análise e estratégias políticas dos segmentos econômicos do Estado e se transformou em um defensor de investimentos públicos e privados em infraestrutura, ainda escassa. Se não fosse a obstinação e perspicácia de empresários e a dinâmica cultural e convergente das comunidades microrregionais, que construíram suas próprias universidades, o Estado não teria resistido à precariedade de suas estradas, de aeroportos, de energia e de portos, mesmo dispondo de uma costa marítima privilegiada. Com Glauco Côrte, a Fiesc realizou discussões, estudos e projetos, temendo a derrocada catarinense em pleno século 21.
Glauco Olinger, aos 94 anos, adverte que a década de 20 será nefasta para SC, com cerca de 100 mil famílias abandonando o campo. E sugere que SC, a exemplo de países europeus, subsidie a agricultura família para justamente manter o equilíbrio social e preservar o glamour da produção caseira, insumo valioso ao turismo. E advoga que SC, com 60% de cobertura vegetal, é um dos poucos Estados que podem ainda conciliar, de forma sustentável, a preservação ambiental com o desenvolvimento agrícola.
Os dois Glaucos precisam ser ouvidos para, em tempo, livrar SC das incertezas que a tecnologia e logísticas de mercado produzem na América do Sul. O Paraguai, que o Brasil ajudou a destruir na segunda metade do século 19, acordou-se para atrair nossas empresas. Como sugerem os Glaucos, SC precisa acordar-se em tempo!
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*Laudelino José Sardá é jornalista e professor em Florianópolis
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