Em torno de 20% das 300 empresas de comércio exterior instaladas em SC planejam deixar o Estado por causa da unificação do ICMS em 4% para produtos importados.

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A projeção do Grupo Conasscon serve de termômetro para a situação do setor. O escritório de contabilidade é o mais procurado pelo segmento, tendo 150 importadoras na sua carteira de clientes.

O número foi citado em reunião do Sinditrade, sindicato das empresas de comércio exterior, nesta sexta-feira à tarde, em Itajaí, que discutiu os impactos do ICMS unificado no setor. Os 50 empresários presentes manifestaram dois sentimentos distintos: a preocupação com possível perda de clientes que vão preferir importar pelo Porto de Santos – mais próximo do centro do país, ele representa custo de transporte menor – e esperança de que as negociações com o governo catarinense revertam a situação.

A diretora executiva do Grupo Conasscon, Eliane Andrade, revelou que 60% dos seus clientes aguardam pelos resultados antes de tomar uma posição. Ela afirmou que é comum ouvir que a logística e os serviços catarinenses são bons e, por isso, seria melhor continuar no Estado.

Ontem, os importadores afirmaram que muitas empresas que se instalaram no Estado por causa dos benefícios fiscais oferecidos fizeram negócios com clientes locais e por isso devem preservar alguma estrutura e manter parte dos empregos.

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O diretor executivo da Via Importer, Daniel Soni, ressaltou que a situação atual pode mudar. O grosso do impacto deve ser sentido em outubro. As mercadorias demoram dois meses para chegar aos portos de SC. Como as novas regras valem a partir dia 1º de janeiro, não devem ser firmados novos contratos.

Projetos e empregos em jogo

A situação da Trust Trading, que atua no ramo químico, serve de exemplo do impacto da unificação do ICMS nas empresas de comércio exterior catarinenses.

A Trust abortou o projeto de um novo armazém de R$ 20 milhões, previsto para 2013, e foi solicitada por clientes de São Paulo para fazer um cálculo comparando custos de operação nos portos de Santos e Itajaí. O resultado pode tranferir os negócios para o terminal paulista.

O diretor comercial, Juliano D?Almeida Victorino, disse que ficariam para trás investimentos já feitos de R$ 18 milhões para a construção de um armazém de 20 mil m2 e de um pátio de 120 mil m2. Agora, a importadora trabalha para sobreviver. Se isto exigir a migração para SP, 76 pessoas serão demitidas.

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A Trade Terra Nova, que atua nos ramos de eletrônicos, polímeros, cosméticos e papel, também está preocupada. A empresa chegou a faturar R$ 44 milhões por mês, mas desde que o projeto de ICMS único começou a avançar no Senado, em dezembro, a situação vem piorando.

Em abril, a receita não passou de R$ 15 milhões (queda de 66%), e para atingir esta cifra, disse o superintendente administrativo Ruan Montibeller, é preciso muito mais esforço do que antes. Para ele, os segmentos mais comprometidos são os de eletrônicos e poliuretano (plástico). Neste último, a empresa não espera mais recuperar os clientes perdidos.