Lideranças de Santa Catarina participarão nesta quarta e quinta-feira da jornada de trabalho "Misiones: a nova fronteira do milho", que será realizada na cidade de São Pedro, na Argentina. O evento pretende discutir aspectos técnicos, produtivos e econômicos para o cultivo na província que faz fronteira com Santa Catarina.

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Maizar, associação que reúne o setor produtivo do cereal no país vizinho, é uma das promotoras do evento. Ela pretende estimular a produção inicialmente de 100 mil a 250 mil hectares na região, em parceira com o governo argentino.

— É um projeto que tem grandes possibilidades, inclusive de reconversão da produção de outros produtos. A tendência é forte. Percebemos que este eventos já é uma ação para organizar os produtores e suas cooperativas para tal. Atualmente eles produzem menos do que consomem e a intenção é substituir inclusive áreas de produção de madeira para atender as demandas. Eles falaram que a área pode chegar a 900 mil hectares se envolver Missiones e o norte de Corrientes — disse o coordenador regional do Sebrae no Oeste, Enio Parmeggiani.

O coordenador adjunto do Núcleo Estadual de Integração da Faixa de Fronteira, Flávio Berté, e o presidente do Bloco Regional dos Prefeitos, Alcaldes, Intendentes e Empresários do Mercosul (Bripaem) e prefeito de Chapecó, Luciano Buligon.

O vice-presidente da Aurora, Neivor Canton, será um dos palestrantes, abordando temas como associativismo e cooperativismo com uma das molas para o desenvolvimento da agricultura familiar.

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A partir do Núcleo de Fronteira foram realizados vários eventos de aproximação de Santa Catarina com Misiones. Cooperativas estiveram em reuniões em Chapecó. Com a implantação do projeto Rota do Milho, que pretende trazer o cereal do Paraguai para Santa Catarina, passando por Misiones, foi levantada também a possibilidade de aumentar a produção na província argentina.

– Essa atividade de fato surgiu baseada em cima da nova logística da Rota do Milho, que criou uma alternativa para a produção de milho para abastecer a agroindústria catarinense. Mas também pode beneficiar outras áreas como madeira e erva-mate- disse Berté.

San Pedro, por exemplo, está a 238 quilômetros de Chapecó. E Misiones tem bastante terra subutilizada, enquanto Santa Catarina tem tecnologia e “know how” que resultam na maior produtividade de milho do país, de 8,3 mil quilos por hectare. Nesta safra Santa Catarina cultivou 346 mil hectares e colheu 2,5 milhões de toneladas, segundo dados do Centro de Socieconomia e Planejamento Agrícola da Epagri.

No ano passado o déficit foi de 3,6 milhões de toneladas de milho. Isso vem de outros estados do país, incluindo o Centro Oeste, em distâncias superiores a mil quilômetros, ou de países vizinhos, como Paraguai e Argentina, algumas vezes até de navio.

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Por isso o cultivo em área de fronteira ajudaria a reduzir custo, além da implantação da Rota do Milho, que reduziria o trajeto até o Paraguai. A balsa já está em fase de testes no rio Paraná, entre Porto Piray, na Argentina, e Carlos Antonio Lopez, no Paraguai.

Na semana passada lideranças catarinenses estiveram em Brasília pedindo investimentos na aduana de Dionísio Cerqueira, além de um ação do Ministério da Agricultura para fazer a fiscalização das cargas na saída, evitando filas na aduana.